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Estado de Minas

Sete Lagoas publicará decreto de emergência para enfrentar a infestação do Aedes aegypti

Com um caso de aborto comprovadamente ligado ao zika vírus, 22 grávidas com sintomas e disparada nos diagnósticos de dengue, município se prepara para decretar emergência


postado em 19/02/2016 06:00 / atualizado em 19/02/2016 07:20

Quase 3,5 mil pneus, considerados um dos recipientes mais propícios para abrigar larvas do Aedes aegypti, foram recolhidos na cidade da Região Central(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Quase 3,5 mil pneus, considerados um dos recipientes mais propícios para abrigar larvas do Aedes aegypti, foram recolhidos na cidade da Região Central (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Em alerta diante do alastramento de casos suspeitos de zika vírus, a Prefeitura de Sete Lagoas, na Região Central do estado, a 70 quilômetros de Belo Horizonte, publica nos próximos dias decreto de emergência para enfrentar a infestação do mosquito Aedes aegypti, que também transmite dengue e febre chikungunya. A administração municipal pretende ainda iniciar na semana que vem a notificação compulsória de casos de zika para todas as pessoas, e não apenas gestantes. O objetivo é ter noção real sobre a propagação da doença na cidade, depois de 22 episódios de grávidas com os sintomas. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, em um dos casos já houve confirmação do contágio tanto no material da mãe, de 31 anos, que teve um aborto espontâneo, quanto nos exames do feto, que estava com 16 semanas, como informou o Estado de Minas em sua edição de quarta-feira. A conclusão é da Fundação Ezequiel Dias (Funed), e o município ainda aguarda os resultados dos demais exames. Por ora, não há confirmação da associação de casos de microcefalia e contaminação pelo zika no município, onde ontem o Exército concluiu a retirada de 3,4 mil pneus de borracharias e das ruas.

A preocupação com o zika vírus está associada ao alarme provocado pela dengue na cidade. Em todo o ano passado foram 2.126 casos notificados, com 978 confirmados e 970 descartados. Permanecem em investigação 176 relativos a 2015. Mas, só em 2016, já são 2.329 notificações, 9% a mais que o total de 2015, antes mesmo do fim do segundo mês do ano e ainda restando cerca de dois meses para o fim do período chuvoso. De janeiro até ontem, foram 161 diagnósticos confirmados, com 2.071 ainda sob investigação. Duas pessoas morreram com sintomas este ano, mas a relação com a dengue ainda não foi confirmada oficialmente pela prefeitura. Não foram registrados óbitos em 2015. “No caso da dengue, temos alta circulação e transmissão do vírus e por isso estamos intensificando as ações de combate ao mosquito. Já estamos trabalhando em um decreto de emergência, que vai ser publicado nos próximos dias, e vai nos permitir intensificar ainda mais o trabalho”, afirma a coordenadora municipal de Vigilância e Proteção à Saúde, Bianca Santana Dutra.

Em meio à explosão de casos que lotam unidades de atendimento, tomou posse ontem o novo secretário municipal de Saúde, Roney Nazareth Gott. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, a troca de comando ocorreu por questões não relacionadas ao mosquito. Uma das ações estudadas pela nova gestão, segundo Bianca Dutra, é a ampliação dos horários de atendimento de parte das 47 equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), que atualmente visitam as casas das 7h às 17h e passarão a trabalhar até as 21h. “Ainda estamos analisando quando e como isso será feito, mas é uma das alternativas”, acrescenta Bianca. O objetivo é evitar que moradores lotem a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), indicada para casos de maior complexidade. Com exceção dos sintomas de maior gravidade, como sangramentos e febre muito alta, a dengue deve ser tratada na atenção primária, nos centros de saúde e por acompanhamento das equipes de ESF. Na primeira semana do ano houve 51 notificações de casos suspeitos na UPA. Na sexta semana, última como dado disponível, o número subiu para 238.

Depois de enfrentar duas vezes sintomas da dengue, em 2012 e 2013, no carnaval deste ano a captadora de recursos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Sete Lagoas, Denize Elizabeth Carvalho, de 50 anos, tem certeza de que pegou zika vírus. Ela teve pouca febre e ficou com o corpo cheio de manchas vermelhas, tendo muita coceira e dor articular, mas sem sentir a fraqueza natural da dengue. “Não consegui o diagnóstico clínico, porque cheguei à UPA e havia mais de 30 pessoas na minha frente. Eu me hidratei bastante e melhorei depois de uma semana”, contou. Na Apae, pelo menos outras três pessoas tiveram licença este ano, com sintomas de doenças transmitidas pelo mosquito. Denize. Ela acredita que possa ter sido infectada na região onde trabalha, no Bairro Esperança. A área está repleta de lotes vagos, com muitos materiais que podem acumular água. No bairro vizinho de Interlagos, a prefeitura tem encontrado a maior quantidade de focos.

Ontem, o Exército Brasileiro concluiu, em conjunto com funcionários da prefeitura, o recolhimento de cerca de 3,4 mil pneus na cidade, muitos encontrados com água e larvas do mosquito, segundo Nivaldo Santos, funcionário do Ministério da Saúde cedido à prefeitura. O material foi levado para o aterro sanitário de Sete Lagoas e será reciclado em Belo Horizonte. “De 15 a 18 de fevereiro, tivemos 83 pessoas, entre militares e funcionários municipais, trabalhando nessa retirada. É uma ação que dá resultado, já que o pneu é um dos focos preferidos do mosquito”, afirma Nivaldo. No sábado passado, o mutirão contou com 600 pessoas, sendo 231 agentes de saúde e 370 militares, visitando 27 dos 134 bairros. A prefeitura diz ter intensificado os mutirões de limpeza, o trabalho rotineiro dos agentes de endemias e as aplicações de inseticidas com bombas costais em áreas com mais casos notificados.


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