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Estado de Minas

Laudos conflitantes sobre metais pesados no Rio Doce aumentam a insegurança para consumo

Análise de amostras coletadas do Rio Doce realizada por pesquisadores independentes aponta contaminação por metais pesados. Relatório oficial diz que níveis são aceitáveis


postado em 16/12/2015 06:00 / atualizado em 16/12/2015 07:43

Testes feitos por grupo independente indicam substâncias que tornariam água imprópria para consumo, contrariando estudo oficial(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Testes feitos por grupo independente indicam substâncias que tornariam água imprópria para consumo, contrariando estudo oficial (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)

Estudos conflitantes mantêm a dúvida sobre a qualidade da água no Rio Doce, após o impacto resultante do rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas, em 5 de novembro. Enquanto as análises de água e sedimentos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) mostram que os níveis de metais estão dentro dos limites aceitáveis, mesmo acima das marcas registradas em 2010, uma pesquisa independente mostra, premilinarmente, índices de contaminação por arsênio, manganês e chumbo muito acima do permitido pela legislação brasileira.

Segundo o CPRM, as análises vêm sendo feitas desde 6 de novembro, sendo que o monitoramento da qualidade da água é realizado a cada dois dias e o dos sedimentos, a cada quatro. Os últimos dados, de ontem, demonstram que houve elevação nos níveis de metais em água nos oito pontos de monitoramento localizados em cidades mineiras em que foi possível fazer uma comparação com os registros feitos em 2010 . No entanto, nos dois pontos situados em municípios do Espírito Santo, foram encontradas variações para cima e para baixo na concentração para diferentes metais.

Já análises realizadas por um grupo de cientistas das universidades de Brasília (UnB) e Federal de São Carlos (UFscar), de São Paulo, em amostras de água e sedimentos coletados em 10 pontos ao longo do Rio Doce e afluentes indicou presença de metais pesados acima dos limites admitidos pela Resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) em alguns locais, inclusive em água coletada para abastecimento humano. Esses pesquisadores formam o Grupo Independente de Análise de Impacto Ambiental (Giaia), que está avaliando os impactos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas, em 5 de novembro. A coleta foi feita entre os dias 4 e 8 deste mês.

Além das áreas afetadas pelo desastre, o contágio também foi detectado em níveis superiores ao indicado pela legislação nacional em pontos acima daqueles a que os resíduos de mineração contidos na barragem chegaram e na água captada e tratada em Governador Valadares. O valor encontrado em cada litro, de 0,04mg/l, é quatro vezes maior que o tolerável. O máximo permitido é de 0,01mg/l, de acordo com os critérios de potabilidade estabelecidos na Portaria 2.914, do Ministério da Saúde.

Segundo o professor André Cordeiro, da UFScar, os níveis encontrados na água estão acima do padrão. “Teoricamente, se continuar neste nível, a água não pode ser servida. Nós fizemos uma análise só, pontual. É preciso ver se esse nível vai persistir. O ideal é amostragem diária, mais amostras precisam mostrar se (a contaminação) é permanente”, pontua.

Integrante do grupo e um dos responsáveis pela coleta de água, Cordeiro informou que amostras foram feitas dentro do sistema de captação de água de Governador Valadares. “Uma substância, para ser considerada tóxica, depende da concentração e do tempo de exposição. Arsênio é cancerígeno se você tiver contato constante com ele. O problema é o consumo a longo prazo”, alerta.

Ainda no caso do arsênio, a concentração mais significativamente aumentada foi detectada entre o distrito de Bento Rodrigues, onde a barragem estava localizada, e da vizinha Barra Longa. “Nos pontos subsequentes, a concentração de arsênio não foi detectada pelo método de instrumentação analítica utilizado nessas análises. Em Valadares, a concentração de arsênio voltou a estar elevada, em nível quatro vezes acima do permitido”, disse o pesquisador.

O estudo concluiu também que os níveis de manganês estavam elevados em pontos não impactados pelo desastre e que, em locais atingidos pela onda de lama, a concentração está ainda mais acima do admitido pela lei. Quanto ao chumbo, os resultados demonstraram anormalidade em pontos do Rio Gualaxo do Norte, em Paracatu de Baixo e na cidade de Rio Doce.

O  grupo analisou as concentrações de 10 metais: alumínio dissolvido, ferro dissolvido, arsênio, manganês, selênio, cádmio, chumbo, lítio, níquel e zinco. As quantificações de antimônio, bário, cálcio, césio, cromo, cobalto, cobre, magnésio, mercúrio, rubídio, prata, estrôncio, urânio e vanádio serão disponibilizadas brevemente.


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