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Estado de Minas

Familiares das vítimas da queda de viaduto reclamam de falta de apoio de empresas e PBH

Os familiares afirmam que de outubro do ano passado até março de 2015, as empresas e a prefeitura desapareceram. A Cowan foi a única a ajudar os parentes nos primeiros meses após a tragédia na Av. Pedro I


postado em 08/04/2015 12:01 / atualizado em 08/04/2015 12:10

Pais de Hanna Cristina dos Santos usaram camisa em homenagem à motorista(foto: Luana Cruz/EM DA Press)
Pais de Hanna Cristina dos Santos usaram camisa em homenagem à motorista (foto: Luana Cruz/EM DA Press)
Os familiares das vítimas da queda do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Dom Pedro I, estão sem apoio das empresas Cowan e Consol, responsáveis pela construção e projeto do elevado. Os pais da motorista Hanna Cristina dos Santos, de 24 anos, e a esposa do servente de pedreiro Charlys Frederico Moreira do Nascimento, de 25, participaram de audiência pública, nesta quarta-feira, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, onde relataram a falta de ajuda das empresas. Os familiares afirmam que de outubro do ano passado até março de 2015, as empresas e a prefeitura desapareceram.

A Cowan foi a única empresa que deu apoio às vítimas nos primeiros meses depois da tragédia. Cristinele Pereira é esposa de Charlys e conta que os planos do casal de trocar de carro, comprar uma casa e ter filhos foram interrompidos pelo acidente. “Se fosse alguém da família deles, saberiam como me sinto. Só Deus vai julgar culpado ou inocentes, mas eu quero Justiça”.

À Cristilene, a Cowan deu uma ajuda de custo por dois meses depois do acidente, além de cobrir os danos do carro de Charlys, destruído no acidente, e fornecer ajuda psicológica para a esposa. Segundo ela, a Consol nunca a procurou e a prefeitura de Belo Horizonte mandou representante em apenas uma reunião com os advogados dela. A mulher acha que o apoio foi muito pequeno para o tamanho da perda que teve. “Ele tinha apenas 25 anos, poderia viver até 100 anos e trabalhar muito ainda”, desabafa.

José Antônio dos Santos é o pai de Hanna e também desabafa: “É uma ferida que não fecha. É uma coisa que você acha que vai acontecer com os outros e não com você". A mãe da motorista, Analina Soares Santos pediu Justiça: “Eles roubaram ela. Eles tiraram ela daqui. Quero que quem cometeu este crime pague. Já vai para um ano que aconteceu e não fomos procurados por ninguém”.

Aos familiares de Hanna, a Cowan deu um ônibus suplementar novo e assistência psicológica para a filha da vítima, de 6 anos, que também estava no acidente e viu a mãe morrer. A menina recebeu tratamento até outubro de 2014. De acordo com a advogada da família, Marcela Rangel, os pais de Hanna estão endividados porque, mesmo recebendo o veículo pago pela Cowan, precisaram quitar o ônibus anterior que estava financiado. Assim, pegaram empréstimos e amargam uma dívida de aproximadamente R$ 30 mil. Segundo a advogada, a ajuda foi insuficiente e fruto de uma batalha da família em procurar, insistentemente, os responsáveis. José Antônio e Analina receberam apoio de uma assistente social da PBH nos primeiros dias após o acidente e reclamaram da presença do poder público nos meses seguintes.

O elevado Batalha dos Guararapes desabou durante a Copa do Mundo, deixando os dois mortos e 23 feridos. O trânsito na região da queda, na Avenida Pedro I, ficou interditado por cerca de 60 dias até demolição da parte que restou do elevado. A Polícia Civil ainda não apresentou os resultados do inquérito que investiga as responsabilidades pelo desabamento. A expectativa é que sejam indiciadas pessoas ligadas a todas as etapas, como projeto, obra e fiscalização. Segundo a perícia oficial da Polícia Civil, o projeto previa menos aço do que o necessário na estrutura de um dos pilares.

Familiares de Charlys também fizeram homenagem (foto: Luana Cruz/EM DA Press)
Familiares de Charlys também fizeram homenagem (foto: Luana Cruz/EM DA Press)
Também não há definição sobre a trincheira que está prevista para ser construída no lugar do viaduto que caiu. A Sudecap aguarda a responsabilização oficial dos envolvidos no desabamento para dar andamento ao processo, que também depende do programa de governo que estará em vigor quando o processo transitar em julgado. Os familiares de Hanna e Charlys ainda não entraram com ações na Justiça, porque também aguardam a conclusão do inquérito policial.

Representantes da Cowan estiveram na audiência pública, mas não falaram com a imprensa. A Consol e a PBH foram convidadas, no entanto não enviaram representantes. O vereador Adriano Ventura, um dos componentes da Comissão Especial de Estudo sobre a queda de uma das alças, cobrou agilidade da polícia na apresentação de resultados da investigação. “A gente quer cadeia”, disse ele depois de um discurso que emocionou familiares das vítimas.

Os parlamentares Henrique Braga, Juninho Paim e Gilson Reis voltaram a reforçar a necessidade de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o acidente, mas não há data para a criação da CPI.


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