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Estado de Minas MORTE DE CRIANÇA

Perícia vai investigar se tubo de sucção de piscina do Jaraguá foi instalado corretamente

Suspeita é de que o equipamento esteja fora da posição ideal, o que pode ter prendido o cabelo de Mariana Silva Rabelo, de 8 anos, que se afogou na sexta-feira


postado em 05/01/2014 06:00 / atualizado em 05/01/2014 07:04

Ontem de manhã, cadeiras, grades e fitas foram usadas para impedir acesso ao toboágua onde ocorreu o acidente(foto: Daniel Camargos/EM/DA Press)
Ontem de manhã, cadeiras, grades e fitas foram usadas para impedir acesso ao toboágua onde ocorreu o acidente (foto: Daniel Camargos/EM/DA Press)


A piscina com toboágua do Jaraguá Country Club, na Pampulha, em Belo Horizonte, ficará interditada por tempo indeterminado até o esclarecimento das circunstâncias da morte da menina Mariana Silva Rabelo de Oliveira, de 8 anos, que se afogou ao ficar presa no tubo de sucção de água do brinquedo. Peritos da Polícia Civil estiveram ontem no clube para analisar as condições de instalação do equipamento. O laudo sairá em no máximo 20 dias. O corpo da criança foi sepultado ontem no Cemitério Bosque da Esperança, na Região Norte da capital.


“Tudo indica que o tubo estaria fora da posição ideal e, por isso, o cabelo dela ficou preso, mas vamos analisar as normas técnicas para produzir o laudo”, afirma o perito Rodrigo Câmara. A perícia constatou a presença de um tubo de sucção para bombeamento da água do brinquedo dentro da piscina. O tubo fica à meia altura da parede, na mesma direção do toboágua. A norma NBR 15926-5, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), regulamenta a instalação dos equipamentos em parques aquáticos e a PC vai verificar se o equipamento instalado no Jaraguá atende as especificações.

O acidente ocorreu na tarde de sexta-feira. Em estado de choque e revolta, os parentes cobram explicações dos representantes do clube, que até ontem de manhã ainda não havia procurado ninguém da família e só se pronunciou por meio de nota. Apesar da morte da menina, o Jaraguá funcionou normalmente ontem. A única alteração na rotina foi interditar a piscina na qual ocorreu o afogamento com fitas e cadeiras, além de afixar avisos. Na página do clube numa rede social, vários associados cobram explicações sobre o ocorrido.

Mariana desceu do toboágua, caiu na piscina e teve o cabelo sugado pelo ralo do tubo. Ela ficou pelo menos 18 minutos submersa e foi socorrida por um associado do clube. Segundo parentes, havia um único salva-vidas, mas em outra piscina. O tio da criança, o empresário Sérgio Luiz de Oliveira, de 55 anos, disse que o desfibrilador não funcionou e não havia um aparelho para sugar água do pulmão. O equipamento para ressuscitação só foi usado depois da chegada do Samu. Essa não seria a primeira vez que ocorre falha desse tipo. Um amigo da família relatou que, há cerca de seis meses, o pai dele passou mal no clube e, naquela época, o desfibrilador também não funcionou.

Mariana teve parada cardíaca de 20 minutos, foi entubada e levada para o Hospital Odilon Behrens,  onde ficou por exatas 12 horas. Ela morreu às 5h25. “Ontem eu estava em estado de choque e, hoje, em estado de revolta. São várias pessoas que sabem que esse equipamento suga alguma coisa. Como deixam chegar a esse ponto?”, questiona o tio da menina. “Num lugar de diversão é um absurdo. Se fosse um afogamento por não saber nadar, entenderíamos. Mas uma piscina sugar uma criança é um absurdo. E não tinha um salva-vidas próximo”, afirma. Sérgio de Oliveira disse que a menina sabia nadar bem. “Não é descuido da família, é uma negligência do clube. Para começar, é preciso dois salva-vidas por piscina. E houve uma falha mecânica, de engenharia, pois o ralo estava em lugar inadequado e ninguém tomou providência”, diz. 

SÓCIO-FUNDADOR
A família do empresário, de nove irmãos, frequenta o clube há décadas. O avô de Mariana é sócio-fundador do Jaraguá Country. A menina estava no local com uma tia e uma prima. As duas filhas de Sérgio, de 11 e 16 anos, chegavam ao clube com a avó de 84, para encontrar as três, quando viram o Samu no local e souberam do ocorrido. As meninas ficaram em estado de choque. O pai de Mariana, o empresário Marco Aurélio de Oliveira, e a mãe, a decoradora Ieda Silva de Oliveira, precisaram do apoio de um médico amigo da família e de um padre. Eles têm outra filha de 12 anos.

Os parentes pretendem tomar providências contra o estabelecimento. “Não queremos um centavo de indenização, mas uma penalização para servir de exemplo para outros clubes, lugares de lazer e de grande movimento. Minha indignação não vai trazê-la de volta, mas vai servir de exemplo”, ressalta Sérgio. Em nota, a diretoria do Jaraguá informou ter decretado luto oficial de três dias e apoiar o trabalho da Polícia Civil. “Comungamos com familiares e amigos dessa imensa tristeza e lamentamos profundamente o ocorrido, salientando que todo apoio aos familiares está sendo dado”, diz o texto.

Depois da morte, mais salva-vidas na piscina


Com o Jaraguá funcionando normalmente ontem, depois da morte de Mariana, além da interdição da piscina do toboágua, determinada pela Polícia Civil, a outra mudança notada na rotina do clube foi a posição dos salva-vidas. Habitualmente, eles ficam em cima da arquibancada, de onde podem observar a movimentação nas três maiores piscinas. Ontem, porém, dois salva-vidas ficaram à beira da piscina olímpica.

Além da piscina com toboágua em que ocorreu o afogamento, o clube tem quatro piscinas, sendo duas infantis. Alguns funcionários manifestaram indignação com o fato de o local ter aberto para receber os associados depois da confirmação da morte. “Na minha opinião deveria estar fechado. É um absurdo abrir hoje”, disse um funcionário na portaria, quando perguntado sobre o acidente. Entre os associados o acidente foi o principal assunto, sendo que muitos cobravam, em conversas à beira da piscina, mais rigidez da direção do clube com as normas de segurança. O Jaraguá tem cerca de 4 mil sócios, foi fundado há 52 anos e está entre os mais tradicionais clubes de lazer da capital mineira.


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