
Mais uma investida na batalha contra um inimigo quase invisível, mas capaz de transformar árvores centenárias em esqueletos de madeira morta. A Secretaria de Meio Ambiente de Belo Horizonte anuncia que parte do calçamento no entorno dos fícus da Avenida Bernardo Monteiro, no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, será removida para permitir melhor adubação. A iniciativa tem objetivo de fortalecer os espécimes, para que se recuperem da infestação de moscas-brancas. A praga já matou pelo menos cinco das árvores que passaram por poda radical.
A gerente de Gestão Ambiental da Prefeitura de BH, Márcia Mourão, informou que o processo de enriquecimento do solo passará por mudanças e começará em breve. “A adubação será feita usando um espaço maior do piso da Avenida Bernardo Monteiro. O calçamento em pé de moleque no entorno das árvores será retirado”, disse. Segundo ela, para fortalecer os fícus foi feita uma reavalização do produto que era aplicado anteriormente, com apoio de equipes da Universidade Federal de Minas Gerais.
A bióloga Bárbara de Carvalho Barbosa, do Movimento Fica Fícus, verificou brotos de até 30 centímetros nas árvores centenárias. “Rebrotamento é sinal de que os fícus estão alocando nutrientes e energia do solo e levando para a copa. Mas a recuperação dessas árvores poderia ser mais acelerada se elas estivessem sendo regadas”, disse a bióloga, que denuncia que as iscas amarelas instaladas para capturar o inseto não são trocadas há muito tempo e perderam a cola com as últimas chuvas. “A praga ainda é uma ameaça e continua sugando a seiva das plantas, provocando desfolhamento contínuo”, concluiu a bióloga.
A gerente Márcia Mourão argumenta que as iscas foram trocadas recentemente, mas diz que houve acúmulo de moscas e de sujeira na cola. O material será novamente substituído. Segundo Márcia, a mosca-branca é muito resistente e há informações de que a praga se espalha por todo o país e até no exterior. Ela conta que foi difícil conseguir autorização na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicar produtos nas árvores da Bernardo Monteiro. “Identificamos dois produtos: um deles é o óleo de nim, que ataca o sistema reprodutivo e alimentar da mosca. Também estamos aplicando um fungo, que leva o inseto à morte”, disse Márcia. Segundo ela, o tratamento começou em maio e a combinação dos produtos gerou uma drástica diminuição dos parasitas. “Nosso indicador não é a mosca. É muito difícil fazer a contagem do inseto, que é milimétrico e quase impossível de ser visto a olho nu. Nosso indicador é a ninfa, que é a fase jovem da mosca e fica presa atrás da folha”, disse.
Os produtos passaram a ser aplicadas em frequencia maior, segundo Márcia. “Desde o início, a nossa proposta era de quatro aplicações, com uma semana de óleo de nim, outra do fungo. Completamos o ciclo de quatro aplicações de cada substância e verificamos que com duas aplicações diminuiu drasticamente a infestação. Suspendemos momentaneamente, para verificar o que aconteceria com as árvores. Coincidiu com aquele momento climatológico favorável à reprodução da mosca e voltamos a aplicar agora, sem interrupção”, disse Flávia. Segundo ela, ainda é feita retirada de galhos que continuam ressacando.
HISTÓRICO A mosca-branca-do-fícus foi detectada em árvores da capital em julho do ano passado. Milimétrico, o inseto atingiu espécimes de várias regiões da cidade e fez com que a prefeitura criasse uma comissão especial para buscar uma solução para o problema. No início do ano, podas preventivas foram feitas até que fosse liberado o uso do óleo para tratamento. Os cortes causaram indignação entre moradores e ambientalistas, que desde então fazem protestos pedindo o salvamento dos fícus. Espécimes da Igreja da Boa Viagem e da Avenida Barbacena também foram atacados e estão em tratatamento. Ana Virgínia Azevedo, que apoia o Movimento Fica Fícus, disse ter percebido uma ligeira melhora nessas árvores também.
Enquanto isso...
...Infestação em outras árvores
Uma infestação de insetos brancos nas árvores da Rua Rio de Janeiro, entre Avenida Augusto de Lima e Rua Goitacazes, no Centro de Belo Horizonte, assusta quem passa pelo local. A preocupação de muitos era de que a praga da mosca-branca tivesse se espalhado para outras regiões de BH e outras espécies, mas a bióloga Bárbara de Carvalho Barbosa, do Movimento Fica Fícus, explica que são cochonilhas, que não oferecem maiores riscos às plantas. A grande quantidade do inseto deve-se ao período de reprodução. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que vai verificar o problema e tomar providências, caso sejam necessárias.
