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Estado de Minas

Mãe de jovem que caiu de viaduto se emociona durante homenagem

Mãe de jovem que caiu de altura de cinco metros durante protesto diz que clama para que "que nenhuma mãe precise sentir esta angústia"


postado em 07/07/2013 00:12 / atualizado em 07/07/2013 07:38

Sandra Kiefer

Neide de Oliveira Souza deixou flores no Viaduto José Alencar: amigos e manifestantes participaram de ato(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Neide de Oliveira Souza deixou flores no Viaduto José Alencar: amigos e manifestantes participaram de ato (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

O Viaduto José Alencar, que liga a Avenida Antônio Carlos à Abrahão Caram e dá acesso ao Estádio do Mineirão, na Região da Pampulha, nunca mais será o mesmo desde a manifestação da quarta-feira, dia 26 de junho, que reuniu 100 mil jovens contra a realização da Copa das Confederações e culminou na morte do jovem Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21 anos. Pela primeira vez desde a perda do filho, há 11 dias, Neide Caetano de Oliveira Souza, de 43, esteve ontem no local exato onde o jovem despencou de uma altura de cerca de cinco metros. “Coitadinho! É muito alto!”, murmurou ela, emocionada, evitando olhar diretamente para o vão. Em contraste com a multidão, que naquele dia assistiu à queda do rapaz, a mãe fez um ato de protesto solitário, depositando flores no concreto.


“Não quero nenhuma manifestação, não chamei ninguém para vir aqui comigo. Meu clamor é para que mãe nenhuma precise sentir esta angústia”, explicou, com os olhos embotados de cimento e lágrimas, como na canção de Chico Buarque. Era amparada pelo amigo Aldemiro Rodrigues Paulino, de 46, que levou as flores. Segundo ele, Neide cancelou na sexta-feira a festa de aniversário de um dos três filhos, além de Douglas, por não se sentir em condições de participar. “Ela passa a maior do tempo deitada na cama, reclama de tremedeira nas mãos e nos pés. Está arrasada”, explica.


“Douglas não abraçava ninguém frouxo, sabe? Quando chegava do serviço, antes de abraçar os irmãos, o primeiro abraço era o meu. Você pode imaginar a falta que esse abraço está fazendo para mim?”, desabafou, lembrando que no dia da manifestação, o rapaz trabalhou até o meio-dia. Ao chegar em casa, vestiu a camisa vermelha escolhida pela mãe e, quando ela manifestou preocupação em relação aos riscos, tentou tranquilizar Neide. “Tá de boa, mãe. Se der confusão, vou embora na hora”, disse.
Faltou a Neide coragem para subir na parte de cima do viaduto e conferir de perto o desnível da construção do pavimento, de onde caiu o filho. De fato, dependendo do trecho, a ilusão de ótica induz o pedestre a pensar que dá conta de pular de um lado para o outro.


Por mais que quisesse, Neide não estava sozinha. Alguns poucos parentes, amigos e representantes de movimentos sociais se fizeram presentes para prestar solidariedade no momento de dor, caso da Assembleia Popular Horizontal, Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, Sindicatos dos Advogados de Minas Gerais, Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil seção Minas Gerais. “Estou aqui para prestar uma homenagem ao meu companheiro”, disse o metalúrgico Bernardo Lima, de 30, coordenador da Central Sindical e Popular (Comlutas).

 

Prisão em protesto

Um jovem foi preso no começo da tarde de ontem durante protesto na Praça Sete, Centro de Belo Horizonte. William Silvério Dias, de 23 anos, deu um soco no parabrisa de um ônibus, que trincou. Depois de medicado, já que sofreu lesões na mão, ele foi levado para a Central de Flagrantes (Ceflan) da Polícia Civil, para ser ouvido e autuado por danos.De acordo com a Polícia Militar, a manifestação começou pouco depois das 13h e reuniu mais de 500 pessoas. O grupo fez um rápido protesto na Praça Sete, fechando o trânsito, contra a decisão judicial que suspendeu as atividades da Telexfree e bloqueou as contas da empresa. Agentes da PM desviaram o tráfego, mas os manifestantes se dispersaram rapidamente. Segundo a polícia, em menos de 30 minutos a situação já estava normalizada.A empresa Telexfree, do ramo de telefonia, atua desde 2012 no Brasil. Ela adotou o sistema de marketing multinível para divulgar um software que permite fazer ligações para telefones fixos ou celulares, por meio da internet. Recentemente, a empresa entrou na lista das empresas investigadas pelo Ministério Público em vários estados por suspeita de formação de pirâmide financeira, segundo levantamento da Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCON). A direção da empresa nega irregularidades. A Telexfree teve as atividades suspensas pela Justiça do Acre, o que gerou protestos a favor da empresa em muitas cidades brasileiras. (Luciane Evans)


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