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Estado de Minas

Mineiros comemoram canonização dos papas João Paulo II e João XXIII

Papas João Paulo II, que teve o segundo milagre reconhecido, e João XXIII serão canonizados ainda este ano. Anúncio do Vaticano é comemorado pelas comunidades católicas mineiras


postado em 06/07/2013 06:00 / atualizado em 06/07/2013 07:30

Frei Evaldo Xavier (com quadro de João XXIII) e frei Tinus van Balen (com João Paulo II) festejaram anúncio da santificação(foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Frei Evaldo Xavier (com quadro de João XXIII) e frei Tinus van Balen (com João Paulo II) festejaram anúncio da santificação (foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

Eles calçaram as sandálias do pescador, ocuparam o trono de São Pedro, lideraram milhões de católicos e agora vão ganhar a glória de figurar nos altares das igrejas que visitaram e de outras tantas espalhadas pelo mundo. Os papas João Paulo II (1920-2005), responsável pela grande expansão missionária da Igreja e impulso nas vocações sacerdotais religiosas, e João XXIII (1881-1963), o chamado “papa bom”, serão proclamados santos ainda este ano, conforme anúncio oficial do Vaticano. Ontem, em audiência com o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato, o papa Francisco aprovou o decreto sobre o reconhecimento de um segundo milagre por intercessão do beato João Paulo II e abriu caminho para canonização de Angelo Giuseppe Roncalli, João XXIII, embora sem o segundo milagre. Em Belo Horizonte, autoridades eclesiásticas, padres e fiéis comemoraram o anúncio da dupla canonização e destacaram a importância dos dois pontífices.

Conforme o Vaticano, Francisco tem o poder de “dispensar” os procedimentos para canonizar João XXIII por seu próprio mérito, sem um milagre. O porta-voz, reverendo Federico Lombardi, confirmou que o milagre que levou João Paulo II à santidade foi recebido por uma mulher da Costa Rica. Trata-se de Floribeth Mora, que tinha aneurisma cerebral inexplicavelmente curado em 1º de maio de 2011, data da beatificação de João Paulo I. Mora teria acordado com uma forte dor de cabeça em 8 de abril e foi levada para o hospital, onde seu estado piorou, a ponto de ser enviada para casa com a perspectiva de apenas mais um mês de vida. A família rezou para João Paulo II e o aneurisma desapareceu.

Para o arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, “a notícia da canonização dos bem-aventurados João XXIII e João Paulo II enche de júbilo o coração da Igreja, dos devotos e de todos aqueles que reconhecem nesses admiráveis homens de Deus instrumentos usados por Ele para dar rumos novos a vidas e ao tempo na história”. “Os dois papas, por seus gestos proféticos, escritos, pregação e vida íntegra são referência de escola de santos. A glória dos altares, canonizados, enriquece nossa Igreja e se tornam perpetuamente, também intercessores, inspiração no território da Igreja e para além deles, convidando-nos ao bem, à luta pela justiça e à santidade de vida."


Traço de união

Padre Otávio Juliano vê maior comunhão dos católicos com a dupla canonização(foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Padre Otávio Juliano vê maior comunhão dos católicos com a dupla canonização (foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
A notícia de que os papas João Paulo II e João XXIII vão se tornar santos foi recebida com grande entusiasmo entre religiosos e paroquianos de Belo Horizonte e da região metropolitana. O titular da paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, frei carmelita Evaldo Xavier Gomes, morou 10 anos na Itália e se lembra bem de João Paulo II: “Era uma pessoa muito acessível, simples e com jeito especial para tratar as pessoas. Atendia todo mundo, sem burocracia e impedimento”.

O pároco se recorda ainda do dia da morte do pontífice, quando houve grande comoção popular: “O carmelo era bem próximo do Vaticano e não podíamos nem abrir a porta, tal a multidão na rua disposta a dar o último adeus ao papa”. Ele destaca como traço de união entre os futuros santos a capacidade de diálogo, sem jamais renunciar aos valores da Igreja. Para o frei, é importante ressaltar grande força de João Paulo II, o papa que mais viajou pelo mundo em toda a história da Igreja.

Três gerações de frades e fiéis não escondem a alegria com a novidade. Yedda Monteiro, de 80, diz-se “encantada”. “É um momento de encanto e felicidade”, sorri. A religiosa destaca a coragem de João XXIII e a humildade de João Paulo II. Frei Tinus Van Balen, de 76, ex-aluno de Bento XVI nos anos 1960, na Alemanha, conta lembrar-se de quando João XXIII foi escolhido papa. “Sucessor de Pio XII, papa de um tempo muito difícil, mas de uma Igreja triunfante. João XXIII, muito popular, merece a honra dos altares”, diz.

Nascido em berço católico, Washington de Lima, de 19, está surpreso: “Sério? Até que enfim, porque sempre foram homens santos, substitutos de Pedro”, comenta. Frei Marlon Moreira, de 24, é outro que está feliz. “Um convocou o concílio e o outro o viabilizou. Isso mostra a ação do espírito santo”. Para Frei Thiago Borges, João XXIII foi um homem simples que soube ouvir os apelos de seu tempo. Sobre João Paulo II, o jovem religioso fala com emoção. “Nossa geração viveu a saúde e a doença dele. Estamos vivendo a Jornada da Juventude idealizada por ele. Sua santificação nos fortalece”, avalia.

Na região do Barreiro, na Paróquia Bem Aventurado João XXIII, a comunidade de Santana comemora. Francisco Alexandre da Silva, de 73 anos, considera a dupla canonização “uma grandeza para todo o mundo”. Para o aposentado, os dois papas santos aproximaram o povo da Igreja e melhoraram o entendimento da liturgia.

Padre Otávio Juliano, de 39, vê ainda mais comunhão no futuro bem próximo com as santificações anunciadas. “Hierarquia e povo se abraçam numa mesma missão. É o fim de uma era que começa com João XXIII, se fortalece com João Paulo II e, agora, se confirma com o papa Francisco”, considera.

 

Uma encíclica de dois papas

Bento XVI e Francisco se abraçaram depois da cerimônia solene no Vaticano(foto: REUTERS/OSSERVATORE ROMANO)
Bento XVI e Francisco se abraçaram depois da cerimônia solene no Vaticano (foto: REUTERS/OSSERVATORE ROMANO)
São Paulo – O papa Francisco divulgou ontem sua primeira encíclica, com mensagem sobre a importância da fé cristã, mostrando que não pretende romper radicalmente com a posição doutrinária de seu antecessor, Bento XVI. Denominada Lumen fidei (Luz da fé), é a primeira encíclica escrita por dois papas. Ela faria parte de uma série de Bento XVI sobre as virtudes teológicas, somando-se a textos anteriores sobre o amor e a esperança, mas não foi concluída antes da surpreendente renúncia, em fevereiro.

O novo texto ressalta a importância central da fé cristã contra a “enorme amnésia do mundo contemporâneo” causada pela confiança excessiva na tecnologia e nas “verdades subjetivas do indivíduo”. “Quando a fé está enfraquecida, as fundações da humanidade também correm o risco de serem enfraquecidas”, disse Francisco, no texto divulgado três dias antes de visitar Lampedusa, pequena ilha ao sul da Sicília conhecida por atrair imigrantes clandestinos do norte da África, inclusive milhares que morrem sem conseguir concluir a travessia.

A encíclica de 82 páginas, que é uma carta aos bispos e fiéis apresentando a visão do papa sobre doutrina e outras questões, deixa claro que ele não vê um rompimento fundamental em termos teológicos com Bento XVI, a quem expressa gratidão.

A encíclica vem no momento em que a Igreja enfrenta nova turbulência com o escândalo envolvendo o banco do Vaticano, após a prisão de um prelado e a renúncia de dois dos principais gestores do banco, conhecido oficialmente como Instituto Obras de Religião (IOR).

O papa nomeou uma comissão de inquérito para se familiarizar com os problemas do IOR. Limpar uma instituição notória por sua falta de transparência será um dos seus mais espinhosos desafios.


LINHA DO TEMPO

1881 – Em 25 de novembro, Angelo Giuseppe Roncalli, futuro papa João XXIII, nasce em Sotto Il Monte, na Itália
1920 – Em 18 de maio, Karol Józef Wojtyla, futuro papa João Paulo II, nasce na pequena cidade de Wadowice, na Polônia _
1958 –Em 28 de outubro, João XXIII é eleito papa. No ano seguinte, convoca o Concílio Vaticano II, com o objetivo de modernizar a Igreja
1963 – Em 3 de junho, João XXIII morre na Cidade do Vaticano, aos 81 anos
2000 – Em 3 de setembro, João XXIII é declarado beato pelo papa João Paulo II. É considerado o patrono dos delegados pontifícios
2005 –Em 2 de abril, João Paulo II morre devido à saúde debilitada pelo agravamento do mal de Parkinson
2009 –Em 19 de dezembro, João Paulo II é proclamado "venerável" pelo seu sucessor, Bento XVI
2011 – Em 1º de maio, João Paulo II é proclamado beato por papa Bento XVI, na Praça de São Pedro, no Vaticano
2013 – Em 5 de julho, o Vaticano faz o anúncio oficial da canonização de João XXIII e João Paulo II


ENQUANTO ISSO: ...CNBB prepara Jornada da Juventude com Francisco

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está reunida, esta semana, para acertar os últimos detalhes sobre a visita do papa Francisco ao Rio, onde presidirá a 28ª Jornada Mundial da Juventude, com o tema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19). São esperados 2,5 milhões de pessoas. Tudo começou em 1984, quando João Paulo II, durante celebração no Vaticano, entregou aos jovens a cruz que se tornaria um dos principais símbolos da JMJ, pedindo que eles a enviassem a diversas partes do mundo. Em 1985, declarado o Ano Internacional da Juventude pela Organização das Nações Unidas (ONU), João Paulo II instituiu a JMJ durante encontro internacional de jovens no Vaticano.


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