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Estado de Minas

Número de fiéis em igreja do Bairro Belvedere destaca paróquia de outras da região

Ele leva 7 mil pessoas para as missas nos fins de semana e, além do louvor, fala da criação dos filhos, de sexualidade e abre espaço para discussões da comunidade


postado em 16/06/2013 06:00 / atualizado em 16/06/2013 08:17

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Por mais distante que seja o Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, quase chegando a Nova Lima, mais de 7 mil pessoas saem de casa todo fim de semana para assistir às missas na Paróquia Nossa Senhora Rainha. A média é de mil fiéis por celebração. Por mais lotada que esteja a igreja, ninguém ficará sem ouvir a pregação, exibida em dois telões do lado de fora. Além disso, nunca vão faltar folhetos e jamais haverá microfonia na execução das músicas e leituras. Tampouco as crianças vão atrapalhar o perfeito entendimento da homilia. Enquanto os pais prestam atenção na cerimônia, os pequenos se divertem no Cantinho do Céu, fiscalizados por monitores voluntários. “É preciso servir a Deus com excelência.” A máxima é repetida à exaustão pelo padre Alexandre Fernandes de Oliveira, de 46 anos, bacharel em história e teologia, fenômeno de público em relação às outras paróquias da capital mineira.

Quem participa apenas das missas dominicais pode não ter a dimensão do imenso trabalho desenvolvido na paróquia do Belvedere. Fieis atentos podem se inscrever no seminário sobre sexualidade humana e a teologia do corpo. Para pais preocupados, foi criado o ciclo de palestras sobre adultização infantil. Já o público masculino vai rezar o Terço dos Homens. “Estamos em um bairro rico, mas nossa paróquia é rica principalmente em função do conteúdo das pessoas que nos cercam”, elogia padre Alexandre. Em 1994, ele foi ordenado sacerdote e, há 13 anos, recebeu a então inacabada paróquia do Belvedere com apenas 20 fiéis na missa.

Cada um dos 32 funcionários da paróquia, das faxineiras até a coordenadora do estúdio de TV, já ouviu padre Alexandre exigir um padrão de qualidade acima da média. “Sou um padre humano, em todos os sentidos. Erro muitas vezes tentando ser perfeccionista. Também não suporto ver coisas fora do lugar”, admite o padre, enquanto se serve de um café. “O zelo pela tua casa me consome.” Os dizeres do Salmo 69 traduzem a alma de padre Alexandre, que é na verdade extremamente zeloso com tudo o que faz. De segunda a segunda-feira, inclusive em dias de folga, ele pode ser visto trabalhando nas atividades da Paróquia Nossa Senhora Rainha. Incansável, visita os 34 projetos sociais da igreja, passa a noite em claro nas vigílias e sabe dizer de cor o número de médicos e dentistas voluntários do ambulatório (39 e 30). Quando padre Alexandre puxa uma das fichas do arquivo médico, a impressão que dá é que ele vai saber dizer o nome do paciente, somente pela ordem. “O número 17.734 é… de uma mulher vítima da doença de Chagas, um caso grave”, diz o pároco depois de ler o enunciado, pensativo.

“Iluminado”, “bom administrador”, “inteligente” e “líder” são alguns dos adjetivos usados pelas pessoas mais próximas ao padre na tentativa de explicar o talento do pastor e o imenso rebanho de ovelhas do Belvedere. “Em algumas pessoas, Deus põe o dedo e escolhe. Para mim, padre Alexandre é uma delas”, compara a pediatra Filomena Camilo do Vale, que tem formação bíblica pelas Irmãs Paulinas e coordena o grupo de orações. Nas noites de terça-feira, a médica sobe ao altar para comentar uma passagem bíblica, de forma muito especial. “Ela é uma pregadora que fala a partir das histórias vividas dentro de um CTI infantil. É mais fácil para um leigo chegar ao coração dos fiéis do que eu. As pessoas param para escutar”, reforça o pároco.

HOLOFOTES No comando da Rádio Belvedere FM e de uma produtora de vídeo e de TV, padre Alexandre prefere ficar longe dos holofotes. Entrega a apresentação dos programas a 12 jornalistas, produtores e técnicos. Vai na fé é voltado para os jovens. Cheia de graça é feito especialmente para as mulheres. Ao contrário de muitos religiosos, o pároco do Belvedere foge das câmeras e evita dar entrevistas sobre si. No seu currículo estão ainda as atividades de capelão do Hospital Biocor, de assessor pastoral do Colégio Magnum e professor de história do cristianismo na PUC Minas.

Padre Alexandre é avesso a badalações. Se convidado a jantar na casa de um paroquiano, pede sigilo sobre a visita antes de aceitar a oferta. “Preparei um salmão com alcaparras. Achei que combinaria perfeitamente com uma taça de vinho branco. Como padre Alexandre recusou, também não tomei o vinho, por educação”, revela um paroquiano, que pede para permanecer no anonimato. Segundo o empresário, sempre que o padre percebe que o foco da conversa está mais centrado nele próprio do que na Paróquia Nossa Senhora Rainha, procura mudar de assunto. Com a ilustre visita, conseguiu descobrir ao menos que o pároco consome peixe diariamente e corre seis quilômetros na esteira, três vezes por semana.

INFÂNCIA Só mesmo voltando à infância em Abre Campo, na Zona da Mata mineira, para perceber que Alexandre já nasceu predestinado a ser padre. Era o caçula de oito filhos do funcionário público Rubens Dutra de Oliveira e da professora Lúcia Brandão Fernandes Dutra, filha de comerciantes abastados, donos de metade da cidade. Poderia ter escolhido qualquer profissão. “Desde criança, Alexandre vivia dentro da igreja. Em vez de estudar, levava os livrinhos para ficar lendo dentro da sacristia. Adorava ajudar a fazer as hóstias para a missa”, conta a irmã dele, Ana Luíza Fernandes Dias, a Aninha, única pessoa entrevistada a tratá-lo apenas de Alexandre. Ambos perderam os pais de câncer no intestino, os dois com 74 anos. Quando o marido morreu, em 1997, Lúcia, mãe do padre, foi embora no ano seguinte, depois de mais de 50 anos de casamento.

A conversão de Alexandre ocorreu aos 10 anos, quando fez a primeira confissão a Monsenhor Geraldo Costa Val, então pároco da cidade, já morto. “Vem dele a paixão que eu tenho pela Igreja, o zelo com que ele cuidava das coisas de Deus. Quando tinha 10 anos, pensei intimamente: um dia vou ser igual a esse homem”, revela o padre, escolhendo as palavras com cuidado. Ele se emociona ao lembrar que, com apenas 12 anos, foi encarregado pelo pároco de Abre-Campo para coordenar o grupo de jovens daquele igreja, atraindo um número grande de meninos e meninas. Passados mais de 30 anos daquela ocasião, pode-se dizer que o tal monsenhor era realmente um visionário.

A IGREJA DO BELVEDERE
1,5 mil

jovens participam do
grupo Face de Deus


700
pessoas atuam como
voluntárias na paróquia


34
projetos sociais são mantidos
pela Igreja do Belvedere


17.734

pessoas já foram
atendidas no ambulatório


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