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Estado de Minas

Lazer na mira dos fiscais em Belo Horizonte

Depois de interditar 21 brinquedos no Parque Municipal, força-tarefa para barquinhos por falta de segurança. Inspeção se estende a outros centros de diversão e ao Mercado Central


postado em 22/05/2013 06:00 / atualizado em 22/05/2013 06:38

César, de 5 anos, queria andar no cavalinho e foi levado pela avó, Aparecida, para ver barcos parados e peixes(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
César, de 5 anos, queria andar no cavalinho e foi levado pela avó, Aparecida, para ver barcos parados e peixes (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

 

Belo Horizonte já conta com uma força-tarefa para fiscalizar áreas de lazer e entretenimento, a começar pelos parques de diversão. A pedido da prefeitura, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, em parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea/MG), deu início à verificação da segurança dos brinquedos e outros equipamentos, para evitar risco às crianças. Só no Parque Municipal Américo Renné Gianetti, no Centro da capital, 21 brinquedos foram interditados até que três concessionárias apresentem laudo técnico que ateste as condições de segurança das partes elétricas.

A suspensão das atividades no parque, segundo duas empresas responsáveis, pode deixar os brinquedos parados por cerca de 45 dias, até que os novos projetos sejam executados. Ontem, os tradicionais barquinhos do lago do Parque Municipal também foram interditados e um engenheiro naval deverá atestar a responsabilidade pelo funcionamento seguro. Na agenda da fiscalização, que poderá ser integrada por fiscais do Ministério do Trabalho e Renda e militares do Corpo de Bombeiros, estão o Parque Guanabara, na Região da Pampulha, e até o Mercado Central.

No Parque Municipal, dois brinquedos – os cisnes e as lanchas – foram interditados no sábado por falta de aterramento elétrico. Segundo os fiscais, esse sistema evitaria, em caso de fiação desencapada, riscos de choque para as crianças, se a carga não fosse direcionada direto para a terra. Os brinquedos pertencem à empresa Auto Mirim, mas o gerente não quis se pronunciar. Segundo o administrador das empresas Dewal Diversões e Viúva Walfrido Araújo Cunha & Filhos, que se identificou apenas como Vagner, 14 brinquedos já têm esse sistema, mas ele deverá ser ampliado para cada dois ou três metros, criando uma rede de proteção.

Laudo

Ele disse que o contrato com a Fundação de Parques e Jardins da prefeitura não exige o laudo. Segundo ele, houve uma mudança na legislação e um novo documento ainda não foi emitido. Ontem mesmo ele já contratou uma empresa de engenheira elétrica, por R$ 7,5 mil, para elaborar o projeto, a ser concluído em 15 dias. Para executá-lo, o prazo é de mais 30 dias. “O que vamos fazer com tantos brinquedos fechados por todo esse tempo? Pedi a ao engenheiro elétrico que assine um laudo mostrando que não há nenhum problema com a estrutura atual, para tentar manter o funcionamento enquanto fazemos os ajustes e as melhorias. Só quero mais prazo porque, senão, o prejuízo será muito grande”, explicou Vagner.

De acordo com a gerente do parque, Tatiana Cordeiro, os laudos devem ser apresentados semestralmente e todos estão em dia. Alguns venceriam só no fim do mês, mas o Crea-MG constatou que o laudo mecânico perdeu validade no fim de semana, o que já seria passível de notificação por parte dos órgãos competentes. “Os brinquedos recebem manutenção frequente a parte elétrica tem uma nova norma. Os órgãos inclusive terão de orientar a prefeitura a mudar seus contratos, mas essa interdição foi preventiva. Os brinquedos nunca apresentaram problema de curto-circuito e sei que as empresas fazem um trabalho bastante responsável”, acrescentou a gerente.

O engenheiro Nilson Luiz da Silva, da Defesa Civil, responsável pela interdição, informou que houve um acordo de cooperação mútua e abordagens em conjunto nas áreas de lazer da cidade. Reuniões periódicas estão traçando o cronograma, para que cada órgão cuide do que é de sua responsabilidade. Na semana que vem, as visitas ocorrerão no Parque Guanabara. “Todos estão sujeitos. Aqui no Municipal não é um risco iminente, mas é imprevisível. E, se existe o risco, pode haver dano.”

Crianças ficam decepcionadas

Com os brinquedos interditados, quem foi ao parque acabou frustrado por não poder brincar. A manicure Almira Pereira, de 29 anos, levou o filho, Renan, de 2, para curtir a manhã no parque e acabou surpreendida pelos avisos deixados da Defesa Civil. “Pelo visto não vai dar. Até eu queria andar na roda-gigante”, disse. A criança não tem dúvidas na hora de escolher o brinquedo preferido e aponta para o bate-bate. “Ele gosta muito de carrinho, o jeito agora é esperar resolver os problemas e voltar.”

A avó de César, de 5 anos, prometeu que o levaria aos brinquedos depois do exame de coração que ele fez ontem à tarde na Santa Casa. O menino fará cirurgia e foi ao médico motivado pela diversão. “Queria ir no cavalinho”, contou ele. O jeito foi a diarista Aparecida Pinto, de 53, levá-lo para ver peixes e barcos. Já o operário Wagner Maia, de 30, que estava de folga ontem, deixou os três filhos brincando no carrossel desligado. “Saímos de Ribeirão das Neves para aproveitar o parque e eles acharam que a culpa era minha. Será que consertam até domingo?”, indagou.

A vendedora de pipoca Márcia de Fátima, 61, trabalha desde 1966 no parque e diz que foi pega de surpresa. “São famílias inteiras que dependem da nossa atividade. Nunca ocorreu isso. Tomara que os brinquedos voltem logo a funcionar”, diz. O colega dela Eduardo Sena calcula queda brusca no faturamento. “Se os brinquedos não funcionarem, o prejuízo vai ser alto.”


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