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Estado de Minas

Relação entre motoristas de coletivos e passageiros está cada vez mais tensa em BH

Dentro de ônibus cheios, em meio a um tráfego a cada dia mais carregado, relações são conflituosas e representam mais desgaste e risco para todos


postado em 04/04/2013 06:00 / atualizado em 04/04/2013 10:18

De um lado, motoristas de ônibus reclamam do comportamento de passageiros e do trânsito ruim. Do outro, usuários estão insatisfeitos com condutores estressados, que dirigem “como doidos”, param fora do ponto ou passam direto quando alguém dá sinal para parar. E não é raro que essa convivência tensa em Belo Horizonte evolua para agressões verbais e até físicas.

A jornada tensa se traduz em mau humor para ambos os lados. “O que mais me irrita são os passageiros. Uma perguntação danada, uma puxação de campainha para parar, um papo ruim”, desabafa o motorista Anderson Flávio de Souza, de uma das linhas da capital. A operadora de caixa Alexandra Lourenço Santana, de 36, também reclama, mas dos condutores, que considera mal-educados. “Na terça-feira mesmo eu estava no Bairro Guarani, às 11 horas da noite, no ponto. Dei o sinal e o motorista passou direto, com o ônibus vazio”, desabafa. Para ela, esses profissionais andam estressados com o trânsito e levam problemas particulares para o trabalho. “Acabam descarregando tudo no passageiro, o que pode causar acidentes e até tragédias, como a do Rio de Janeiro”, disse, referindo-se à queda de um ônibus de um viaduto, que matou sete pessoas, atribuída a um atrito entre passageiro e motorista.

Alexandra conta já ter presenciado uma briga dentro de um coletivo, e achou que todos fossem parar na delegacia. “Só não houve agressão física porque as pessoas seguraram o cobrador. Foi uma coisa horrorosa. A moça que estava no ponto deu sinal e o motorista parou bem adiante. A mulher já entrou exaltada e começou a discutir com o motorista. O cobrador tomou as dores do colega e começou aquele inferno. Muitos palavrões, com criança e idosos presenciando a baixaria”, contou.

Impaciência

O relacionamento com idosos também é uma fonte frequente de queixas. De lado a lado. O motorista Anderson se confessa irritado com essa parcela de passageiros. “Eles param o ônibus para descer no ponto seguinte. Poderiam andar daqui até ali. Não cansa, não.” Ele tenta justificar a pouca tolerância, dizendo que tem horário a cumprir na escala de serviço. “A gente chega atrasado com o ônibus e não dá nem para sair do banco, para ir ao banheiro, pois já temos que sair de novo”, desabafa.

O técnico em informática Jean Carlos Carreiro, de 33, lembra que já foi ao ponto final de um ônibus, no Barreiro, para tomar satisfação com o motorista que não parou para ele embarcar. “Anotei o número do veículo e fui atrás. Eu estava com a perna quebrada e usando muletas”, disse. Para Jean Carlos, motoristas estressados acabam discutindo, fazem manobras arriscadas, além de entrar na frente de outros veículos para forçar a passagem e de não respeitar a faixa de pedestre. “Minha mulher teve o braço prensado por um motorista que fechou a porta antes de ela descer”, reclama.

No controle

Mas também há profissionais como Cláudio Roberto, de 33, que dirige um ônibus da linha 5534 (Zilah Spósito), que se esforçam para não se contaminar com a tensão do cotidiano. “Há 15 anos faço de tudo para manter a calma”, disse. E ele provou isso, ontem, sem tirar o sorriso do rosto, mesmo quando o motorista de um Escort freou bruscamente na sua frente, na Avenida Cristiano Machado, no Bairro Palmares, Região Nordeste, e foi impossível evitar a colisão. Não houve danos materiais ou bate-boca. “Infelizmente, muitos colegas meus estão estressados”, lamenta.

A constatação é reflexo de atitudes como a de um condutor da linha 8205, que se irritou com a buzina de um carro, na tarde de ontem, na Rua Curvelo, Bairro Floresta, na Região Leste, e apontou o dedo em riste com o polegar levantado para o motorista do outro veículo, simulando uma arma.


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