![A harpia é um indicador biológico. Como um enorme predador, a sua presença indica uma floresta bem preservada, segundo (foto: Oswaldo Rezende/Arquivo Pessoal) Uma harpia jovem e relativamente pequena para a espécie 'posa' para a foto](https://i.em.com.br/GU2Y1p1e0H01-zk7sSQjBkG8fV0=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2023/07/04/1514444/uma-harpia-jovem-e-relativamente-pequena-para-a-especie-posa-para-a-foto_1_90294.jpeg)
A chegada dos pesquisadores no estado ocorre 26 anos depois da criação do PCGR, em 1997, quando um ninho de gavião-real (Harpia harpyja) foi encontrado em uma floresta perto de Manaus.
Coincidência ou não, enquanto os especialistas fazem as buscas, a cerca de 500 quilômetros do parque, um fotógrafo de aves encontra um espécime da harpia em Almenara, no Vale do Jequtinhonha, em 25 de junho de 2023.
O gavião-real é considerado por especialistas como o pássaro mais forte que existe. É gigante, com 2m de envergadura, 1m de comprimento, a fêmea da espécie pode chegar a até 8kg e eles têm garras de até 7cm, maiores do que a do urso pardo americano, que 'arrancam' bichos-preguiça ou macacos de árvores.
Mesmo com todo esse 'poderio bélico', a espécie é ameaçada de extinção, sendo difícil de ser encontrada na Mata Atlântica, território que antes dominava, e serve como um identificador biológico de uma floresta bem estabelecida. Segundo o bolsista Henrique Mariano, que atua no Projeto Harpia, onde há um gavião-real todo o ecossistema está em boa consolidação.
Mesmo com todo esse 'poderio bélico', a espécie é ameaçada de extinção, sendo difícil de ser encontrada na Mata Atlântica, território que antes dominava, e serve como um identificador biológico de uma floresta bem estabelecida. Segundo o bolsista Henrique Mariano, que atua no Projeto Harpia, onde há um gavião-real todo o ecossistema está em boa consolidação.
Em Minas Gerais, o avistamento da espécie, além de raro, é subnotificado. O último registro, antes do domingo (25/6), foi feito em 2016, no município de Bandeira, no Jequtinhonha, e o anterior, em 2006, numa região de cerrado no município de Tapira, no Triânguilo Mineiro. Minas não possui nenhum ninho notificado, segundo Henrique.
Em conversa com o Estado de Minas, ele explica que os hábitos da ave, que é silenciosa, em conjunto com o desconhecimento de sua raridade pela população, são responsáveis pela subnotificação de avistamentos.
Como o Parque do Rio Doce já havia documentado um espécime em 1977, sendo um dos pouquíssimos registros no estado, o grupo de pesquisadores do Projeto Harpia começou a atuar no local agora, em 2023, junto com outros projetos de preservação como o do tatu-canastra.
Eles percorreram o território por dias e, mesmo não encontrando um gavião-real, estão esperançosos, já que há relatos de moradores, e o ambiente parece ser favorável. Duas outras aves de rapina, um jovem de gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus) e um adulto da mesma espécie, foram encontrados em locais diferentes no parque, indicando duas possíveis áreas de nidificação – formação de ninhos – da espécie.
Eles percorreram o território por dias e, mesmo não encontrando um gavião-real, estão esperançosos, já que há relatos de moradores, e o ambiente parece ser favorável. Duas outras aves de rapina, um jovem de gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus) e um adulto da mesma espécie, foram encontrados em locais diferentes no parque, indicando duas possíveis áreas de nidificação – formação de ninhos – da espécie.
![Equipe do Projeto Harpia durante a expedição de campo no Parque Estadual do Rio Doce.(foto: Reprodução / Facebook) Ambientalistas com uniformes de camuflagem](https://i.em.com.br/LH7clRQpKAdIYkwZJ9MryHcbClY=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2023/07/04/1514444/ambientalistas-com-uniformes-de-camuflagem_2_90711.jpg)
Para Rodrigo Machado, morador local, que cresceu frequentando o parque, a busca do projeto carrega uma grande carga emocional. Médico intensivista, Rodrigo caçava pássaros quando criança. Agora, adulto, ele é um grande entusiasta da ecologia, usa parte de seu tempo livre para ouvir o Uru Podcast, especialista em aves, e mantém uma boa relação com a comunidade de fotógrafos.
Em simultâneo e de maneira inusitada, uma família se deslumbrou ao se ver diante da harpia. Oswaldo Rezende, consultor ambiental que tem o hobby de ‘passarinhar’ – fotografar aves –, passeava com a sua mulher, o filho e o sobrinho em uma roça perto de Almenara, quando o sobrinho exclamou: “olha, um gavião!”.
Em simultâneo e de maneira inusitada, uma família se deslumbrou ao se ver diante da harpia. Oswaldo Rezende, consultor ambiental que tem o hobby de ‘passarinhar’ – fotografar aves –, passeava com a sua mulher, o filho e o sobrinho em uma roça perto de Almenara, quando o sobrinho exclamou: “olha, um gavião!”.
![A surpresa fez a família de Oswaldo interromper o passeio para registrar a poderosa ave de rapina(foto: Arquivo Pessoal/Oswaldo Rezende) Oswaldo, seu filho e o sobrinho fotografando](https://i.em.com.br/Mgmdybz3D5rg3-qfHKX6-Z71FOY=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2023/07/04/1514444/oswaldo-seu-filho-e-o-sobrinho-fotografando_3_58357.jpeg)
“Estava lá, uma harpia tranquila, só observando e olhando pro lado. Com a máquina fotográfica na mão, tirei 86 fotos. Sabia que era raríssimo e sabia que, para Minas Gerais, era um achado precioso. O meu filho e sobrinho também registraram. Parece que ela estava até esperando por nós. A visualização estava difícil e ela simplesmente mudou de posição no galho, fez pose para foto”, conta Oswaldo.
![A harpia estava tampada por um galho, observando a família e toda a região a sua volta(foto: Arquivo Pessoal/ Oswaldo Rezende) Gavião-real demonstra suas garras ao apoiar em galho](https://i.em.com.br/hEbpNjWmAv2eWKuspJDfgFPvYbI=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2023/07/04/1514444/gaviao-real-demonstra-suas-garras-ao-apoiar-em-galho_4_101309.jpeg)
O consultor ambiental postou as três imagens que mais gostou em um site destinado a registro de aves e a comunidade de fotógrafos de pássaros ficou bastante emocionada e empolgada, adicionando comentários, parabenizando o feito e fazendo elogios às imagens.
Para o Projeto Harpia, o achado de Oswaldo representa o papel fundamental da ciência civil na preservação ambiental. “Quem nos auxilia na conservação da espécie é a população”, avalia o bolsista Henrique Mariano. Por isso, há o apelo para que a comunidade em geral não mate animais silvestres.
Ainda existem muitas perguntas abertas sobre o gavião-real e, apesar de mais registros serem necessários para que Almenara ou o Parque do Rio Doce se tornem áreas de proteção desses grandes predadores, cada contribuição é um passo para a preservação.
Caso alguém encontre gaviões de grande porte, o Projeto Harpia pede para que seja notificado por meio de uma mensagem ao Instagram @projetoharpiabrasil, principalmente se a suspeita for a de um gavião-real.
Também é recomendado que, assim como Oswaldo, não marque o local do achado, para que o animal não seja ameaçado por caçadores.
“Quando vi a foto do Oswaldo, me deu uma palpitação, né. O parque tem chances de encontrar uma harpia também. Mas a sensação é de estarmos procurando uma ave fantasma, ela nos observa a todo tempo, mas a gente não consegue vê-la", afirma Rodrigo Machado, empolgado com a possibilidade de ainda ver o gavião-real em Minas Gerais.