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Estado de Minas

Patrimônio histórico de Minas pede socorro

Setenta por cento das igrejas, capelas e conventos de Minas apresentam graves problemas de segurança e conservação, segundo o Ministério Público, que vai distribuir manual com medidas de proteção


postado em 16/02/2013 06:00 / atualizado em 16/02/2013 07:05

A estimativa é de que haja cerca de 5 mil igrejas, capelas, ermidas, conventos e outros templos de vários estilos, localizados nas áreas urbanas, distritos e regiões rurais do estado.(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
A estimativa é de que haja cerca de 5 mil igrejas, capelas, ermidas, conventos e outros templos de vários estilos, localizados nas áreas urbanas, distritos e regiões rurais do estado. (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)


Uma árvore cresce na torre esquerda, o mato se alastra pelo telhado e a umidade toma conta da fachada. Do lado de dentro, há gambiarras na fiação, paredes sujas, imagens quebradas e um indiscreto ar de abandono. Assim está a Igreja de São Francisco de Assis, no Largo de São Francisco, uma das joias do patrimônio barroco de Sabará, na Grande BH. A deterioração se arrasta há anos e deixa tristes os devotos do santo, desapontados os visitantes e envergonhado quem se encanta com a arquitetura da cidade. Em Minas, levantamento do Ministério Público, feito pela Coordenadoria das Promotorias de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC), mostra o tamanho da degradação no estado: 70% das igrejas, capelas e conventos apresentam problemas, como buracos no telhado a emaranhado de cabos, passando pelo furto de peças e risco de incêndio. Em Ouro Preto, na Região Central, a capela-mor e nave do Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição foi fechada na segunda-feira, por falta de segurança, depois de vistoria feita por engenheiros.

Confira algumas igrejas que pedem socorro


Enquanto isso, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, anunciado em 2009 pelo governo federal, segue engatinhando. Oito municípios mineiros estão na fila para receber recursos que vão garantir a preservação do patrimônio. A estimativa é de que haja cerca de 5 mil igrejas, capelas, ermidas, conventos e outros templos de vários estilos, localizados nas áreas urbanas, distritos e regiões rurais do estado. No mês que vem, a CPPC lançará o Manual básico de segurança e conservação do patrimônio cultural sacro, que demandou um ano de trabalho e se torna o primeiro do país na modalidade. Dirigido especialmente a administradores das paróquias, padres, zeladores, sacristãos e demais envolvidos na preservação e segurança dos templos, o manual tem tiragem de 2 mil exemplares, com linguagem didática e de fácil entendimento sobre segurança e conservação.

 

O manual será apresentado à direção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), universidades, Corpo de Bombeiros e outros órgãos públicos. Norteado pelo mote “prevenir é o melhor remédio”, o manual com os problemas e as soluções práticas ficará também nas mãos dos 297 promotores de Justiça do patrimônio cultural do estado – futuramente, estará disponível na internet, no site www.mp.mg.gov.br/cppc. “O nosso alvo maior são as dioceses. Nos últimos 10 anos, desde que começou no estado a campanha de recuperação dos bens desaparecidos, com cerca de 600 peças apreendidas, tivemos furtos, incêndios etc. e exemplos de degradação causada pela chuva, cupins e demais fatores de alto risco). “Não se pode deixar o bem cultural ir para o CTI, se há a possibilidade do pronto-socorro”, afirma o coordenador do CPPC, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, que alerta: “Uma telha que se troca a tempo é a restauração que se evita”.

Nas 38 páginas do manual estão relacionadas questões como controle das chaves da igreja, gestão adequada do templo, iluminação, alarme, circuito fechado de TV, incêndios e perigo das descargas atmoféricas, principais ameaças e outros aspectos. Há também espaço para a lista de órgãos de proteção, com telefones, endereços, e-mail e site, modelos de placa de sinalização (avisos de proibição de filmar ou fotografar, sem autorização; e de fumar) e ficha de inventário.

Esse documento contém dados básicos, como o nome do templo, município, designação da peça, material, medidas, localização da peça dentro do templo, estado de conservação etc e ser acompanhado de amplo levantamento fotográfico. O promotor comandou a equipe técnica formada pela arquiteta urbanista Andréa Lanna Mendes Novais, assessor jurídico Frederico Bianchini Joviano dos Santos e historiadora Paula Carolina Miranda Novais.

 

Precariedade

 
Um dos conselheiros do patrimônio de Ouro Preto, Alex Fernandes Bohrer, professor de história da arte e iconografia do Instituto Federal de Minas Gerais, está catalogando, como parte da sua tese de doutorado, os retábulos – toda a composição do altar – de estilo nacional português das igrejas mineiras. Desde o início da pesquisa, mais de 20 templos religiosos construídos no fim do século 17 e início do 18 foram visitados em toda a Bacia do Rio das Velhas e a situação da grande maioria é gravíssima. “O estado de conservação da maioria das igrejas é precário. O principal problema são infiltrações e cupins. E, quando o retábulo chega nessa situação, é porque a maioria das partes da estrutura está comprometida”, lamenta. (Colaborou Flávia Ayer)

 

 

Saiba mais

Instalação
de alarmes

Um item importante na segurança das igrejas é o alarme. Em Minas, muitos templos ficam sem o importante equipamento por falta de informação. Segundo o presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), Fernando Cabral, já foram ativados 40 alarmes em edificações e poderão ser instalados até 100. “Basta que os párocos entrem em contato conosco, com o Iphan ou o município”, explica Cabral. Em fevereiro do ano passado, o EM fez uma série de reportagens, a partir de denúncias do Ministério Público, revelando a falta de alarmes em 40 igrejas e capelas, uma das quais a Matriz de Santo Antônio em Itacambira, na Região Norte. O templo teve cinco imagens roubadas e estava com o equipamento desligado por falta de renovação com a empresa responsável pelo serviço.
 
 
 


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