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Estado de Minas

As doenças que assombram os nossos filhos

Alimentação ruim, olho grudado nas telas e até falta de sol ameaçam saúde das crianças e exigem rigor maior dos pais


postado em 05/08/2012 06:56 / atualizado em 05/08/2012 07:06

Dzeila Peixoto e filhos: atenção à comida e plano de sair mais ao ar livre(foto: leandro couri/EM/D.A Press)
Dzeila Peixoto e filhos: atenção à comida e plano de sair mais ao ar livre (foto: leandro couri/EM/D.A Press)


Em uma noite de terça-feira, na última semana de julho, mais de 300 pais de famílias de Belo Horizonte, Nova Lima, Contagem e de outras cidades da Região Metropolitana se reuniram na Igreja Nossa Senhora Rainha da Paz, no Belvedere. Estavam ali para levar um sermão. Não do padre, que não era dia de missa, mas de quatro especialistas em pediatria e nutrição. Por duas horas, as profissionais ministraram palestras, orientaram famílias e deram um recado direto: é preciso mais cuidado com as crianças. Em tempos de pressa, elas alertaram, maus hábitos da vida moderna ameaçam a saúde dos pequenos.

Como parte de um projeto para ajudar pais, a pediatra Filomena Vale, a nutricionista Ermelinda Lara, a médica Maria Tereza Filgueiras e Natália Fenner Pena, nutricionista do Instituto Avançado do Coração, traçaram um cenário assustador do que percebem nos atendimentos diários. Em nome da praticidade, elas dizem, está-se criando uma geração com mais crianças barrigudinhas, míopes, com deficiência de vitaminas e chances maiores de desenvolver doenças graves quando adultas. “Se os pais não saírem da inércia, nossas crianças não chegarão aos 30 anos sem ter infarto, osteoporose e diabetes”, prevê Filomena Vale, médica da Santa Casa e mestre em pediatria pela UFMG.

Os problemas observados pelas médicas de BH têm relação com hábitos modernos e, em grande medida, com a má alimentação. A maioria das crianças com excesso de peso atendidas resiste em ingerir alimentos verdes e se acostumou com comida pronta. O resultado é o aumento da gordura abdominal e risco maior, no futuro, de diabetes tipo 2, hipertensão arterial e colesterol alto. A alimentação inadequada também provoca falta de cálcio, por exemplo, o que enfraquece ossos. A percepção das médicas de BH é confirmada por pesquisas. O problema de peso das crianças brasileiras, por exemplo, foi detectado no último levantamentoVigitel, do Ministério da Saúde. Os dados mostraram que 33,5% das crianças brasileiras com idade entre cinco e nove anos está com excesso de peso.

O sedentarismo e a falta de sol também cobram fatura. Crianças que fazem pouco exercício físico correm risco de perder altura. Ficar confinado em casa, fazendo dever de casa ou com os olhos grudados na tevê ou computador, aumenta o risco de miopia e diminui a exposição ao sol. “Os meninos de hoje estão fazendo reposição de vitamina D em gotas, mesmo vivendo em um país ensolarado”, diz Filomena. De cada 10 crianças atendidas pela pediatra, oito tiveram a indicação de tomar “três gotas diárias de sol” por deficiência de vitamina D.

A boa notícia para os pais é que especialistas garantem ser possível gerenciar riscos. No Belvedere, após o “sermão”, muitos se comprometeram a tentar mudar hábitos. “Vamos nos mudar para um apartamento com área privativa e viver ao ar livre com as crianças”, diz a psicóloga Dzeila Peixoto, de 37 anos. Ela é mãe de Yuri, de 5 anos, e de Wisla, de 7. A mais velha, por indicação médica, faz reposição de vitamina D, selênio e zinco. Come uma castanha por dia e, segundo a mãe, “já cortou o suco de caixinha e corantes.”


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