Acusado do assassinato da estudante Ludmila Fernanda Almeida Marques, de 18 anos, desaparecida segunda-feira a caminho da escola e encontrada morta anteontem no quintal de uma casa abandonada no Bairro Cachoeirinha, Região Noroeste de Belo Horizonte, o frentista Ânderson Cleiton El Airedy, de 19, é apontado pela Polícia Civil como responsável por três estupros e outra morte. Ânderson foi autuado na quarta-feira em flagrante por homicídio qualificado, por ter impossibilitado a reação da estudante, e por motivo torpe, e teve a prisão preventiva pedida à Justiça.
Uma outra vítima do frentista, que só não foi estuprada em 2009 porque teria reagido e lutado, se apresentou ontem ao Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), assim que viu a foto dele. Segundo o delegado da Homicídios, Hugo Arruda, a mulher foi espontaneamente à delegacia e teria contado que, a exemplo do que fez com Ludmila, o frentista a abraçou e, para intimidá-la, falou que estava armado e lhe fez ameaças. A tentativa de estupro teria ocorrido em 2009, perto de um shopping na Região Nordeste de BH. “Era um domingo à noite e a vítima voltava do trabalho quando, às 20h30, foi abordada por Ânderson. Ela o reconheceu e apresentou o laudo feito à época. Além disso, ele a atacou com uma camisa laranja, da mesma cor da camisa que usava quando foi visto com Ludmila”, disse o policial.
Hugo Arruda afirma que a camisa que ele vestia quando foi detido na terça-feira tinha manchas de sangue e foi encaminhada à perícia. A mochila da estudante, que estava suja, com marcas de sangue e com rasgos provavelmente feitos no momento em que o suspeito a jogou no quintal da casa, foi entregue ontem ao delegado e também será periciada. Durante o interrogatório, o frentista voltou a negar o crime, mas não soube explicar como tinha aparecido nas imagens de uma câmera de segurança.
“Perguntei-lhe como ele não estava nas imagens, sendo que duas testemunhas o reconheceram. Ele não respondeu e se reservou o direito de ficar calado. Trata-se de um psicopata, frio e calculista. Ele tem plena consciência do que faz e, ao longo do interrogatório, se mostrou inteligente, seguro e com uma argumentação boa para um menino de 19 anos.”
Segundo a polícia, o inquérito deve ser concluído em 10 dias. A expectativa é de que os laudos das perícias sejam entregues à Delegacia de Homicídios dentro deste prazo. Se for condenado pelo homicídio, a pena do frentista variará de 12 a 30 anos. Porém, caso seja constatado que houve estupro, a condenação poderá ser maior. Ânderson Cleiton El Airedy está preso no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) São Cristóvão.
CRONOLOGIA
Imagens da câmera de segurança de um centro automotivo, na esquina das ruas Simão Tamm e Nossa Senhora da Conceição, no Bairro Cachoeirinha, revelam os últimos passos da estudante Ludmila Marques, abordada pelo frentista a Ânderson El Airedy.
– Às 6h48 de segunda-feira, Ânderson passa abraçado à estudante pelo posto de combustível em que trabalhava. Eles param atrás do poste e em frente à porta das dependências do posto. A jovem resiste para entrar, eles ficam parados por alguns segundos, mas
acabam entrando;
– Às 7h06, o frentista sai sozinho das dependências do posto e anda na direção a uma das bombas de combustível. Um motociclista entra no posto e é dispensado por ele;
– Às 7h08, ele volta para as dependências do posto;
– Às 7h12, Ânderson sai abraçado à estudante e os dois descem em direção ao muro da casa, por onde ela foi jogada. Percebe-se que, nesse momento, várias pessoas passam na rua, mas, aparentemente, Ludmila
não gritou.
– Às 7h15, sozinho, o acusado sobe correndo, entra novamente nas dependências do posto de combustível e volta com a
mão fechada.
– Alguns minutos depois, o frentista aparece sozinho, agitado, nervoso e andando de um lado para o outro no posto.
FONTE: Polícia Civil
