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Estado de Minas

Disparam em BH crimes praticados por bandidos em motos

Com motocicletas se multiplicando a cada esquina, já chega a 60% o índice de assaltos praticados sobre duas rodas. PM mantém grupo especial e leis tentam frear onda de roubos


postado em 12/06/2011 06:55 / atualizado em 12/06/2011 07:07

Elas estão em todos os cantos. Ocupam corredores, aparecem simultaneamente nos dois retrovisores de quem está parado no trânsito e formam filas nervosas, prestes a largar a cada semáforo da cidade. Na garupa da explosão da frota de motos, que cresceu mais de 75% em menos de cinco anos em Belo Horizonte, dispararam também os crimes praticados com esse tipo de veículo, já usado em 60% dos assaltos na Grande BH. A característica que elevou as motocicletas à categoria de meio de fuga preferido de criminosos é bem conhecida por quem usa as duas rodas apenas como meio de transporte ou de ganhar a vida: a incomparável agilidade, que possibilita manobras rápidas, permitindo a seus condutores circular em meio a engarrafamentos, transpor obstáculos e até bloqueios policiais. O anonimato garantido pelo capacete surge como atrativo extra para os que se escondem para infringir a lei.

Entre as vítimas está até mesmo quem se rendeu às facilidades das duas rodas. Foi o que sentiu o engenheiro elétrico Allan de Oliveira Souto, de 31 anos, ao perceber o cano frio de um revólver encostado na nuca, quando chegava em casa com sua motocicleta, comprada zero quilômetro apenas três meses antes. Ele foi abordado no Bairro Aarão Reis, Norte de Belo Horizonte, por volta das 21h, por dois homens que também chegaram de moto. “O da garupa desceu de revólver na mão e me roubou. A polícia chegou pouco depois, já avisando que seria difícil prender os assaltantes, pois a facilidade de escapar nessas circunstâncias é grande”, recorda Allan, que de fato nunca recuperou o bem.

Segundo o chefe do Departamento de Investigação de Crimes contra o Patrimônio (Depatri) da Polícia Civil, delegado Islande Batista, em 60% dos assaltos em Belo Horizonte e região metropolitana, incluindo a modalidade conhecida como saidinha de banco, os criminosos usam motos para fugir do cerco policial. “Além da agilidade no trânsito, o capacete impede a identificação de quem comete o crime, que costuma adulterar as placas para dificultar a investigação policial”, explica o delegado. O problema também é recorrente no interior de Minas. Para tentar frear a onda, cidades-polo como Montes Claros, no Norte do estado, criaram leis que proíbem a entrada de pessoas usando capacete em prédios comerciais e residenciais. Projeto de lei com o mesmo teor tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o que pode estender a proibição a todo o estado.

Na falta de legislação semelhante na capital, a administração de prédios particulares já adota a regra. Há um ano e meio, o Edifício Golden Center, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul, não permite que motociclistas e garupeiros entrem no imóvel usando capacete. Nas dependências das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa-MG), em Contagem, Grande BH, a circulação de motos está proibida desde 17 de maio. A medida foi anunciada depois de uma onda de assaltos no entreposto, cometidos por criminosos usando motocicletas. Uma das vítimas foi a comerciante Rosângela Sodré Vieira, de 38, assassinada a tiros em março de 2010, ao reagir a um assalto. Os ladrões fugiram de moto, levando a bolsa da vítima com R$ 8 mil.

Mas a restrição às motocicletas não impediu que o motoboy Alexandre Rodrigues, de 27, fosse assaltado na Ceasa, na última quinta-feira. Ele seguia em direção ao estacionamento criado para motociclistas, quando foi abordado por dois homens em uma moto, que levaram sua mochila, com R$ 7 mil. “Os criminosos sempre agem em dupla. Geralmente, o garupeiro é que fica armado, pois é ele que tem a visão mais favorável para atacar seus alvos”, destaca o delegado Islande Batista.

Blitzes

Enquanto o número de carros de passeio aumentou 39,3% em BH, entre 2006 e abril deste ano, passando de 673.301 para 937.890, a frota de motocicletas cresceu 76,6% no mesmo período, pulando de 95.224 para 168.156. Embora evite relacionar o aumento da frota de motos ao crescimento do uso do veículo por criminosos, a Polícia Militar reconhece o problema. “Estamos fazendo intervenções específicas. É preciso que fique bem claro que não há discriminação a motociclistas e motoboys. O objetivo das blitzes é tirar de circulação pessoas que usem o veículo para o crime”, afirma o assessor de comunicação do Comando de Policiamento da Capital (CPC), capitão Gedir Rocha.

Para acompanhar a movimentação dos criminoso em motos, a PM também teve de se adaptar e agora conta com o Grupo Especializado em Prevenção Motorizada Ostensiva Rápida (Gpmor). São 40 motocicletas e 55 militares de todos os batalhões da capital, treinados para atuar na repressão e prevenção da criminalidade. Criado em 2006, o Gpmor circula pela cidade em equipes de três motos. Duas com apenas um policial e uma com dois militares, sendo que o da garupa carrega armamento pesado, como metralhadora ou fuzil. “Eles fazem treinamento específico e curso de reciclagem para intervenções policiais qualificadas. Havendo necessidade de apoio, o grupo pode atuar em qualquer cidade de Minas”, diz o capitão Gedir.


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