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Estado de Minas

Após identificar mandante, polícia tenta prender autores de ataques a ônibus

Em menos de um mês, 12º ônibus é incendiado na Grande BH. Polícia atribui a vândalos, mas investiga reação de presidiários a linha-dura


postado em 24/05/2011 06:00 / atualizado em 24/05/2011 06:29

O motorista José Guimarães, que fazia transporte para o Belvedere, lamentava a ação:
O motorista José Guimarães, que fazia transporte para o Belvedere, lamentava a ação: "Quando cheguei, só encontrei a carcaça" (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)


A identificação de dois suspeitos não pôs fim aos ataques a ônibus que desafiam a policia há 28 dias, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na madrugada dessa segunda-feira, o 12º veículo foi totalmente queimado na Rua Rio Branco, no Centro de Nova Lima, onde sempre era deixado pelo motorista à noite. Uma caçamba de entulhos também foi incendiada na mesma rua, o que descarta a possibilidade de um curto-circuito e reforça a hipótese de incêndio criminoso. O chefe do Departamento de Investigações de Crimes contra o Patrimônio (DCcP), delegado Islande Batista, considera prematuro afirmar que o ataque também tenha sido ordenado por presos da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na RMBH, em represália às normas mais duras com a mudança de direção naquela unidade e à transferência de detentos, no mês passado. No entanto, o policial não descarta essa hipótese. “Em princípio, parece mais vandalismo e não tem ligação com a penitenciária, apesar de que essa possibilidade deve ser apurada e uma equipe de policiais está na rua fazendo levantamentos”, declarou. Ele confirma que oito dos 12 ataques foram ordenados de dentro do presídio e que investiga os demais.

De acordo com o cabo Adelson Ventura, da 1ª Companhia Independente da PM de Nova Lima, o incêndio começou por volta da 0h30. Bombeiros de Belo Horizonte demoraram mais de uma hora para chegar ao local, segundo testemunhas, o que prolongou o desespero de moradores. Muitos fugiram com medo de suas residências serem destruídas.

O ônibus era seminovo (2010) e pertencia à empresa Golden Bus. O motorista José Castro Guimarães, de 57, conta que há 10 anos transporta pessoas da cidade que trabalham num hospital do Belvedere, na Região Centro-Sul da capital. “Sempre deixei o ônibus passar a noite na rua, perto da minha casa, e nunca tinha acontecido nada. Eu o estacionei às 20h30 de domingo e por volta das 3h a polícia me acordou. Quando cheguei ao local, só encontrei a carcaça”, lamentou.

PÂNICO A aposentada Maria da Conceição Pereira Santos, de 77, tem dificuldade para andar e entrou em pânico. “Fui acordada às pressas pelo meu genro. Escutava os estouros, e o calor era tanto que o reboco da parede começou a cair. Quando saí de casa, o calor queimava a gente e até lá da esquina dava para sentir”, contou.

“A sorte é que não havia veículos estacionados no trajeto das chamas. Foi apavorante. Parecia um córrego de fogo descendo a rua”, completou o corretor de imóveis Álvaro Pessoa, de 75.

O professor de lutas marciais Frank Jaime dos Santos, de 47, conta que as chamas começaram na parte traseira. “Quando vi, os pneus já estavam queimando. Eu e outro vizinho puxamos a mangueira d’água e tentamos apagar, mas não demos conta. Os bombeiros de Belo Horizonte demoraram uma hora e 20 minutos para chegar”, disse Frank.

Vingança

Na quinta-feira, a Polícia Civil apresentou o suspeito de comandar os ataques, o presidiário Cleverson Silva de Oliveira, 27 anos. Os ataques seriam reação à adoção da linha-dura na Penitenciária Nelson Hungria. Oliveira teria confessado sua participação, segundo o delegado Islande Batista. À imprensa, ele negou.

O policial mostrou a gravação de diálogo do condenado com a irmã, por telefone, em que sugere que uma “fogueira santa” seria por sua determinação, para retaliar as operações pente-fino, desde que Luiz Carlos Danúzio assumiu a direção-geral.

Cleverson admitiu que 183 bananas de explosivos apreendidas pela PM seriam para detonar viadutos, também como forma de vingança. Para a Polícia Civil, há 10 envolvidos. Um foi preso no fim de semana. Alguns são menores. Todos seriam comandados por Cleverson.

 


Relembre

26 de abril

Um dia depois da mudança de direção na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na RMBH, e endurecimento nas varreduras de segurança, dois ônibus são queimados: um no Bairro Nova Contagem e outro no Coqueiros, em Ribeirão das Neves

27 de abril

Mais dois veículos são destruídos, dessa vez no Bairro São Luiz, na Pampulha, em BH, e no Bairro Gávea II, em Vespasiano, Grande BH

2 de maio

Um ônibus é incendiado no Bairro Diamante, no Barreiro, BH

8 de maio

Três micro-ônibus e um ônibus escolar são queimados numa garagem do Bairro Dom Cabral, Região Noroeste da capital

9 de maio

Outro micro-ônibus é incendiado, no estacionamento de um posto de combustível da Avenida Cristiano Machado com Rua Jacuí, no Bairro Ipiranga, Região Nordeste de BH.

12 e 13 de maio

A polícia encontra, numa residência e debaixo do viaduto do Anel Rodoviário com a Avenida Tereza Cristina, no Bairro Vista Alegre, Região Oeste de BH, 183 cartuchos de explosivos

16 de maio

Seis adolescentes, um deles armado de revólver, põem fogo em um ônibus no Nova Cintra, Oeste de BH

19 de maio

A polícia apresenta o assaltante Cleverson Silva de Oliveira, de 27, que estaria ordenando os ataques de dentro do presídio, em represália à mudança de direção na Penitenciária Nelson Hungria. O acusado confirmou que os 183 cartuchos de explosivos seriam para destruir viadutos, como parte da retaliação

21 de maio

Policiais do 5º Batalhão da PM prenderam Luiz Carlos Pereira, de 19, no Bairro Vista Alegre, Região Oeste, que faria parte do grupo criminoso comandado pelo detento Cleverson

23 de maio

Moradores da Rua Rio Branco, Centro de Nova Lima, na Grande BH, vivem momentos de pânico com o incêndio de mais um ônibus. As chamas ultrapassam a altura dos postes e o combustível em chamas escorre pela rua e invade um bueiro de outra rua. Moradores assustados fogem de suas casas, em pânico


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