(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Comemoração pelo Dia da Luta Antimanicomial reúne milhares de pessoas no Centro de BH


18/05/2011 18:24 - atualizado 18/05/2011 19:06

Há 14 anos, a Escola de samba Liberdade Ainda que Tam Tam desfila pelas ruas de BH
Há 14 anos, a Escola de samba Liberdade Ainda que Tam Tam desfila pelas ruas de BH (foto: Jair Amaral/EM/D.A.PRess)
 

“Sou o rei da loucura da loucura sou realeza. Com o samba na cintura, eu sou maluco beleza”. O refrão do samba-enredo da escola Liberdade Ainda que Tam Tam, cantando nesta quarta-feira por cerca de 3 mil pessoas na Praça Sete, expressa que os portadores de sofrimento mental não se importam de serem taxados de loucos, mas, antes de tudo, querem ser tratados com dignidade.

Há 14 anos, a agremiação desfila pelas ruas da capital para comemorar o Dia da Luta Antimanicomial, celebrado nesta quarta-feira em todo o país. Com direito à bateria, passista, baiana e claro, muito samba no pé, os integrantes das alas, formados em boa parte por pacientes atendidos pelo serviço de saúde mental de BH e região metropolitana, mostraram muita animação e criatividade na confecção das fantasias. “É a gente que cria tudo. Temos muita capacidade para qualquer coisa. A nossa luta de anos por uma liberdade sem manicômio tem tido conquistas importantes como a Reforma Psiquiátrica, mas ainda temos muito a fazer”, pontua Agda da Cruz Santos, 27 anos, presidente da Associação dos Usuários de Serviço de Saúde Mental de Minas Gerais.

Para o psiquiatra e membro da coordenação do Programa de Saúde Mental da Secretária Municipal de Saúde, Políbio de Campos, a reforma psiquiátrica que em 2011 completa 10 anos, é uma realidade na capital que virou referência nacional em saúde mental, mas destaca o importante papel dos próprios pacientes. “É um dos movimentos sociais mais ativos que temos e isso contribui muito para chegarmos nesse patamar. É uma luta organizada por eles também e isso é fundamental”, frisa.

Surtos

O ex-professor de História Rodrigo Alberto, de 44 anos, que já foi internado diversas vezes, considera válidas as iniciativas promovidas pelos portadores de distúrbios mentais, entretanto faz questão de destacar que não é a favor da extinção dos manicômios. Para ele, na hora do surto, só o hospital consegue cuidar devidamente do paciente. “Quando a gente entra em crise, fica fora de si, desnorteado mesmo. Pode agredir alguém ou mesmo matar. A família não dá conta não. Claro que a reforma psiquiátrica é importante, mas tem que ter hospital pra gente se tratar sim, principalmente nos momentos de surto”, reitera.

Há 15 anos em tratamento, Ivonete Silva, de 39 anos, sempre participa do desfile da Liberdade Ainda que Tam Tam e outras atividades em que pode exercer sua cidadania e acredita que essas ações ajudam a diminuir o preconceito. “Temos que colocar mesmo a cara na rua, sair desfilando pela cidade. Não é porque estamos tratando que não podemos fazer as coisas que todo mundo pode. Essa dia tem que ser comemorado e muito”, celebra.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)