(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Vendedores orientam clientes a agir irregularmente em compras de carros


postado em 20/02/2011 06:59

O pintor Pedro (nome fictício), de 45 anos, sempre deu duro na vida para comprar e manter os dois carros velhos e a moto que usava até o ano passado. Em dezembro, porém, a vontade de ter um carro zero falou mais alto e Pedro aceitou a dica de alguns conhecidos de comprar um “carro tumulto”. Morador da zona rural de uma cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, ele procurou uma concessionária de veículos da capital e recebeu as instruções de como conseguir fechar o negócio: o pintor poderia “comprar” os documentos de um usuário de crack que tivesse nome limpo e precisasse do dinheiro para sustentar o vício.

Pedro diz que é honesto e se diz arrependido de ter participado de um esquema assim. No fim do ano, ele esteve em um ponto de venda de drogas e pagou R$ 200 a um viciado para usar seus dados de CPF e identidade. O contracheque e o endereço ficaram por conta do vendedor da concessionária, que cobrou R$ 700 para agilizar os documentos com um despachante. Com um carro novo da Fiat já emplacado, que custou só R$ 900, Pedro saiu da loja com a consciência pesada.

“Tinha vontade de ter um carro novo, mas era muito caro para mim. Muitos conhecidos já tinham comprado carro dessa maneira e resolvi arriscar. Fui a uma concessionária indicada por um amigo e o vendedor cobrou R$ 700 pelo carro zero financiado. Ele me disse como conseguir os documentos, que não precisavam ser meus. Sei que só posso rodar com o carro por um ano, mas onde moro não há muita fiscalização. De qualquer maneira, ando sempre preocupado e não pretendo mais fazer isso. Vou tentar vender o carro novo. Sei que consigo pelo menos R$ 8 mil nele, no tumulto também”, conta o pintor.

Ao simular interesse em uma moto Twister vermelha, ano 2005, o Estado de Minas procurou outro anunciante, que pedia R$ 3,5 mil. O anúncio apresenta “moto tumulto”, descreve os débitos com multas e IPVA e ainda faz proposta de troca por um carro. Por telefone, desconfiado, o vendedor fala que há 15 prestações atrasadas, que a moto ainda não tem restrições de busca e apreensão e desliga rapidamente.

Um vendedor, que trabalha com picapes na Região Centro-Sul da capital, oferece uma Montana preta Flex, ano 2007, por R$ 14 mil. Ele explica que o carro foi comprado por R$ 32 mil, faz algumas perguntas para tentar se certificar com quem está falando e diz que o negócio é perigoso. O vendedor garante que os documentos de 2011 estão em dia, conta que apenas 10 parcelas foram pagas do financiamento de 60 meses e insinua: “Se você não quiser continuar pagando…”. Questionado se não daria problemas à pessoa que financiou o veículo, ele responde: “Ah, dá sim. Mas o carro está em nome de terceiros e não será achado no endereço”.

Em um fórum de site especializado em venda de automóveis na internet, compradores e vendedores negociam os modelos. Um homem que se identifica como JM, da cidade de Arcos, no Centro-Oeste de Minas, debocha do valor apresentado pela anunciante Érika, que quer vender um Fox 2008, com placa “de fora”, por R$ 10 mil. Em uma mensagem em dezembro, ele anuncia seus carros de luxo por no máximo R$ 12 mil e escreve: “Queridinha, seus preços estão altos”.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)