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Estado de Minas

Polícia mineira caça quadrilha que aplica golpe do carro alienado


postado em 20/02/2011 06:52 / atualizado em 20/02/2011 07:04

A compra, por um valor irrisório, de veículo financiado por uma concessionária ou em negociação segura pode parecer esperteza, mas é considerada crime para a Polícia Civil de Minas Gerais. A Delegacia de Furtos e Roubos de Automóveis da capital investiga há seis meses uma quadrilha especializada no golpe do “carro tumulto”, termo mineiro usado para o carro NP (não pago) ou Finan (financiado). Acusados de estelionato, os envolvidos usam dados falsos, laranjas e até documentos de mendigos ou pessoas que já morreram para financiar um veículo já com a intenção de não quitar as prestações. Pouco depois, os anúncios de carros com preço baixo se espalham pelo boca a boca e nos classificados da internet. Os veículos são revendidos a terceiros por um valor muito abaixo do mercado. Os compradores, para a polícia, cometem crime de receptação.

Há modelos variados e preços que despertam interesse, como um Honda New Civic 2007 por R$ 12 mil, uma picape Hillux do ano por R$ 10 mil, um Ford Fusion com 1 mil quilômetros rodados por apenas R$ 6 mil ou ainda um Stilo completo modelo 2010/2011 pela bagatela de R$ 4 mil. Às vezes há multas, IPVA atrasado, mas o comprador consegue circular por um ou dois anos, até que a financeira acione a Justiça e seja expedido o mandado de busca e apreensão do carro. Como o veículo não será encontrado no endereço apresentado à época da compra, só mesmo se for parado numa blitz.

“Investigamos uma quadrilha bem organizada, que aproveita as facilidades de compra e a falta de critérios das financeiras. Eles adquirem um veículo e depois simplesmente não pagam o financiamento e repassam o carro por muito menos do que ele vale. Há um esquema de revenda e uso do carro até que ele apresente restrições judiciais, o que demora no mínimo um ano. Quando isso ocorre, e a gente não pega na rua, muitas vezes o veículo é abandonado ou vai parar num ferro-velho”, afirma o delegado Ramon Sandoli, que também comanda a Coordenação de Operações Especiais do Detran/MG.

Segundo o delegado, a máfia do “carro tumulto” não age só na capital e na Grande BH. Os agenciadores, que também ‘trabalham’ no varejo, como revelam as investigações da Polícia Civil e os classificados da rede, negociam carros com compradores de São Paulo, Rio de Janeiro e estados do Sul do país. “Quem procura esse tipo de facilidade sabe no que está se metendo. Ninguém é inocente. Investigamos toda a rede de funcionamento desse golpe e estamos identificando os envolvidos e até os ferros-velhos. Todos nesse negócio estão praticando crimes”, diz o delegado.

Receptação


Os acusados podem ser indiciados por estelionato e uso de documentos falsos, com penas que vão de um a cinco anos de prisão para cada crime e multa. De acordo com o criminalista Raimundo Cândido Júnior, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais (OAB/MG), os compradores também podem responder a processo judicial por receptação e correm o risco de prisão. A pena para esse crime varia de um a quatro anos de prisão e pagamento de multa.

“Tem um ditado que mostra bem a atitude desse comprador: laranja madura na beira da estrada está bichada ou tem marimbondo no pé. Ele quer se passar por esperto, mas também comete um crime, assim como o vendedor do carro”, afirma o advogado.


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