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Talento para vender

Lojistas mineiros vencem a pandemia investindo em espaços intimistas e relacionamentos bem construídos


30/05/2021 04:00

 A 613 é marca querida na Ju Petit.(foto: Divulgação.)
A 613 é marca querida na Ju Petit. (foto: Divulgação.)
 
Você acredita que algumas pessoas nascem com o dom de vender? Edgard Moreira Júnior, dono da Via Lusso, é um exemplo de que isso é possível e, há 25 anos, vem driblando todas as crises do setor de moda. Assim como Juliana Ribeiro, que comanda a Ju Petit, e Virginia Barbosa, hoje à frente da Ponto Vi, uma veterana que começou sua carreira na Patachou, na década de 1990.
 
Além do talento nato, o trio possui em comum outras características: dirigem lojas pequenas e aconchegantes, longe dos shopping centers e de outros bairros comerciais, e têm como maior patrimônio uma clientela fidelíssima. Ela é formada por mulheres que sentem prazer em fazer compras nesses espaços intimistas, onde são conhecidas por nome e sobrenome e seus gostos e preferências bem identificados.
 
Edgard Moreira Junior.(foto: Divulgação)
Edgard Moreira Junior. (foto: Divulgação)
 
 
A construção desses relacionamentos foram fundamentais para que seus negócios prosseguissem durante a pandemia, principalmente nos períodos em que o comércio ficou fechado. “O acolhimento é um elemento muito importante no comércio. No meu caso, sou eu que faço questão de receber as pessoas, criando um ambiente de empatia, no qual a venda é consequência. Falei com minhas clientes esse tempo todo. É gente com quem me relaciono há muito tempo, conheço família, filhos, e divido até alguns problemas. Isto faz muita diferença”, explica Edgard.
 
Juliana Ribeiro(foto: Divulgação.)
Juliana Ribeiro (foto: Divulgação.)
 
 
Estudante do curso de design de interiores no INAP, sua grande fascinação sempre foi o comércio de moda. E, um dia, o sonho aconteceu de forma repentina, por meio de um empréstimo de um amigo. A loja já existia, era na Savassi e se chamava Via Lusso, nome que ele conservou até hoje. Depois foi transferida para o bairro de Lourdes e, atualmente, funciona em uma simpática casinha no bairro da Serra.
 
Virginea Barbosa veste Plural(foto: Divulgação)
Virginea Barbosa veste Plural (foto: Divulgação)
 
 
“Tinha 18, 19 anos, fui aprendendo e, ao mesmo tempo, criando um círculo de amigos, que cresceu com o tempo”, ele recorda. De um ilustre desconhecido nos showrooms passou a ter importância à medida que o negócio foi consolidando.
 
 A UH Premium faz sucesso na Via Lusso.(foto: Danilo Silva/Divulgação)
A UH Premium faz sucesso na Via Lusso. (foto: Danilo Silva/Divulgação)
 
 
Se vender é uma arte, comprar também exige muito conhecimento, conforme atesta Edgard. Além de projetar o perfil dos clientes, ele considera também o giro das marcas dentro do seu espaço.“A diversidade também é importante. Se compro estampa liberty em um showroom, não posso repetir em outro. A coleção pode estar linda, mas se eu não sentir que vai agradar, eu pulo a coleção. A gente vai desenvolvendo um feeling e o contato com a própria clientela ajuda bastante”, observa.
 
Para esse inverno, por exemplo, ele investiu, mais uma vez, na UH Premium, label que sempre está presente nas araras da Via Lusso e, que segundo o lojista, tem grande personalidade com seus bordados e cores. “Comprei também Rosa Dhalia, que me pegou pelo linho 100%, natural e pela tricoline, ambos com muito conforto para o corpo. Outra marca que gosto e tem boa saída é a Think, com sua malharia confortável”, enumera.
 
Edgard confessa que, na luta pela sobrevivência da loja, vendeu muito por whatsapp e manteve contato constante com as clientes por meio de ligações telefônicas.“Montei muitas sacolas dentro do estilo que sei que elas apreciam. Eu mesmo ia levar na casa delas. Considero que, em tempos como esse, temos que ter muita sabedoria e leveza para conduzir tudo”, pontua.

Energia Na Ju Petit, Juliana Ribeiro não deixou a peteca cair. Como a loja funciona numa casa de três pavimentos, no bairro Mangabeiras, ela teve certa liberdade para atuar. “É um imóvel familiar e foi reformado para abrigar também meu escritório e minha residência, além de contar com uma área externa perfeita para receber pessoas”, explica.
 
O espaço, de acordo com ela, não é ponto só de shopping, mas oportunidade para tomar um café e bater um dedo de prosa. “Só não trabalhei em abril do ano passado, mas, depois, abri para atendimento individual com hora marca e com todos os ritos sanitários. Como não tenho porta para a rua, pude administrar tudo muito bem. Fiz também alguns eventos pequenos, ao ar livre, para movimentar a loja”, confessa.
 
Além disto, Juliana revela que deixou a vergonha de lado e pôs a cara no instagram para divulgar os produtos, vestindo ela própria os modelos da forma informal, que faz parte da sua personalidade. “Tenho muita energia e investi muito na divulgação. Para se ter uma ideia desse empenho, o Natal de 2020 foi melhor do que o de 2019”, afirma.
 
Engenheira, em 2010 ela deixou a profissão de lado para explorar outros ares: primeiramente a importação, particularmente de enxovais, na época em que o dólar baixo facilitava o comércio nos Estados Unidos. Quando ele disparou, como não queria investir em marca própria, recebeu o conselho de uma amiga: “Você tem que abrir uma loja”.
 
Começou com nomes estrelados, como Renata Campos e Skazi e, depois, foi ampliando o leque à medida que ia conhecendo melhor as opções do mercado. “Tenho veia comercial e meu olho está sempre nos números. Então, invisto naquilo que me dá dinheiro, que tem retorno na loja. Como sou engenheira, minha base são as planilhas que vou fazendo”, anuncia com seu estilo pragmático.
 
Por isto, o cardápio é variado a cada estação, independentemente do marketing que uma grife tenha. “Trabalho com a Essenciale, que faz seda, tem uma alfaiataria impecável e custo benefício. Gosto muito da 613, que conheci no Minas Trend, e que está nas araras da loja há cerca de 3 anos. A Bianza é mais comercial e a coleção gira muito bem. Tenho também a Plural, que é puro conforto com sua malha maravilhosa e o tricô da Viviane Furrier, entre outras”.
 
A programação é focada nos pedidos e em peças atemporais, de boa qualidade. Estampas são sempre poucas e bem selecionadas. “Nessa pandemia, fiz algumas substituições de marcas que combinavam mais com a situação e também abri uma exceção para a pronta entrega. Apostei em algumas peças da Amitee, cujo carro-chefe são os bordados, e o resultado foi bom”, afirma
 
Prazer de vestir
 
 
Desde setembro do ano passado, a Ponto Vi está abrigada na Casa 96, no bairro Sion, cujo imóvel foi especialmente restaurado para se tornar um espaço de convivência com outras marcas e com o público, reunindo moda, gastronomia e bem-estar.
Foram nove meses e meio de obras, que incluíram um restaurante e uma sala para meditação e prática de ioga. “Tudo foi pensando pelo viés da sustentabilidade, o espaço é aberto, temos um jardim”, descreve Virgínia Barbosa, que compartilha a casa com a grife Roberta Mourão, da área de acessórios.
 
A mudança ocorreu em plena pandemia, mas ela já conseguiu consolidar o projeto de trabalhar com marcas pequenas, que acreditam no slow fashion, explorando coleções cápsulas, como a Parlez e a Chez Nous. Mas, além delas, a Ponto Vi detém outras labels renomadas como a Plural, a Viviane Furrier, a Pronta, cujas peças se coordenam bem com as outras escolhas.
 
“Penso que, agora, a demanda não é só pelo conforto, priorizado na primeira onda da pandemia, com as pessoas restritas em suas casas. Acho que a gente já passou por essa etapa. Nesse momento, a mulher já quer estar mais arrumada, optando por uma casualidade elegante. O que significa roupas bonitas, atemporais, com boas modelagens e boas matérias-primas’.
 
Se existe algo que fez diferença na sua vida de vendedora, ela aponta o fato do prazer que sempre sentiu em vestir as pessoas, para que elas pudessem se tornar únicas, interessantes. “Quando você tem essa atitude, esse amor, você cria relacionamentos e leva essas pessoas consigo para onde for. É uma construção, é para a vida toda”, analisa.
 
Depois da Patachou, Virgínia se voltou para o atacado, trabalhou nos showrooms da Mares, Raquel Mattar, Ammis, Scarf. “Após essa longa caminhada, decidi partir para meu negócio e comecei a organizar algumas pop ups itinerantes, com curadoria de marcas pequenas, produtos afetivos, objetos para casa. As clientes me perguntavam onde me encontrariam na sequência. Foi aí que abri a Ponto Vi - Vi de Virgínia, de ver, de vislumbrar”.
 
Muito antes da pandemia, ela já havia criado seu projeto delivery. “Sempre estive atenta à questão do tempo das mulheres e a dificuldade para irem aos pontos de vendas. Então, montava a produção, fazia um vídeo e mandava para as clientes aprovarem. Elas já recebiam uma sacola com os looks já editados. Agora, na pandemia, essa estratégia foi redobrada e funcionou demais”, assegura.  


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