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Logosofia: saiba o que ela entende sobre a concepção da vida

A vida é longa quando a dominamos; curta, quando nos domina


06/12/2021 14:48

Familia composta por um casal e dois filhos pulando, de frente para o mar, durante o por do sol
(foto: Freepik)

 
Se existe algo sobre o qual sempre se falou no transcurso das épocas, esse algo, sem dúvida alguma, é a vida, já que, ao entranhar insondáveis mistérios para o próprio ser humano, ela se abre em dimensões quase que inabarcáveis para a vida de seu entendimento.

Para determinar com exatidão seu verdadeiro conceito, a Logosofia delimitou sua extensão em dois aspectos. O primeiro se circunscreve à vida do ser humano: a interna e a externa. Compreende o que ele vive no âmbito interno com seus pensamentos, seus sentimentos e suas emoções, e o que vive no externo, em seus contatos com tudo o que se vincula a ele. 

O outro aspecto diz respeito à vida em sua configuração geral, abrangendo tudo quanto existe no mundo. Esta viria a ser a vida-mãe, de onde nasce tudo o que existe, isto é, todas as espécies da vida animada e, também, da inanimada, se é que se pode usar esta palavra, depois de saber que nada existe no Universo que não tenha vida, ou que não esteja animado pelo Espírito Universal que infunde vida à Criação.

Temos, então, uma concepção clara do que está compreendido na vida em seu caráter universal e na vida em seu caráter individual, humano. Feita essa diferenciação, que sem dúvida lança muita luz sobre os antigos conceitos, o significado que se deve atribuir à vida individual em face da universal assume uma importância que não é pequena.

Sobre a primeira, que concerne exclusivamente à pessoa que a vive, pode ela fazer muitas conjecturas e estudos. Mas, para que estes não se afastem da realidade da segunda, deverá ajustar a vida individual − dentro, como é natural, das próprias possibilidades − às prerrogativas que a vida universal lhe abre. 

Por exemplo, um aspecto importantíssimo da vida individual é a sua duração. É comum considerar que essa duração se prolonga em razão dos anos que a pessoa consegue viver. Logicamente, ninguém haveria de objetar a essa crença, já que, na falta de uma noção mais ampla, ela indica com precisão o que se deve entender por duração física da vida. 

Porém, seria essa duração a única? Seria a que compreende, efetivamente, a existência como um todo? Pensamos que não, pois existe a duração espiritual, ou seja, aquela que fixa o uso do tempo na riqueza da realização individual. Esta duração não pode, portanto, ser medida pelos anos físicos, mas sim pelo tempo que cada realização deve significar como cômputo de duração.

Para esclarecer essa imagem e fazê-la acessível a qualquer compreensão, bastará observar um ser que tenha vivido 80 anos sem haver realizado nada de valor. Terá vivido uma vida estéril, porquanto consumiu sua existência somando os dias, os meses e os anos, sem que se verificasse diferença alguma entre uns e outros. Em outras palavras, para ele os dias passaram sem deles se obter a menor recordação. Algo igual ocorre quando, através da janela de um trem, se observa uma paisagem que se desenrola com incessante monotonia e sem perspectiva de mudança. 

Podemos considerar igual em duração a vida deste ser, se a compararmos com a daquele que cultiva sua inteligência, move sua vontade com energia dinâmica, projeta e realiza obras de importância e cumpre tarefas de uma envergadura tal, que até chegam a interessar à própria humanidade e a beneficiá-la? E, ao alcançar este os 80 anos com um imenso labor cumprido, pode a duração de sua vida ser considerada idêntica à daquele outro que, chegando a essa mesma idade, mostra diversos graus de realização, sem, contudo, haver conseguido a produção dele? É lógico pensar que, ainda que a idade seja a mesma em ambos os casos, a duração é diferente, pois ela deve ser considerada como maior ou menor de acordo com a intensidade com que se viva, ou seja, segundo as realizações levadas a efeito.

Dirigindo agora o enfoque psicológico para outro aspecto da duração da vida, descobrimos um detalhe eloquente que denuncia a existência de um conhecimento oculto entre seus meandros. Isto poderia ser comprovado com a observação que é possível fazer sobre múltiplos aspectos, caso se queira medir o grau de consistência de nossa afirmação. Eis esse outro aspecto: a vida é longa quando a dominamos, ou seja, quando dominamos tudo ou, pelo menos, uma grande parte do que nela existe. 

O ser humano tem um mecanismo mental que, sendo utilizado com inteligência e discrição, abre diante dele um mundo de possibilidades. Tem também um sistema anímico-emocional, chamado sensibilidade, que permite as mais claras percepções e, ao mesmo tempo, reforça no interior da pessoa impressões que, muitas vezes, a própria razão tarda muito a discernir. Conta também com todas as demais formas de expressão da natureza humana. Dominando com plena consciência as forças que representam cada uma dessas posses, pode multiplicar a duração da vida pelo valor de tempo que as realizações, fruto desse domínio, signifiquem. 

O contrário de tudo isso ocorre quando é a vida que domina; sua duração então é breve, ainda que a idade acuse envelhecimento. Isso porque só se leva em conta, como período de atividade construtiva, a vida que, efetivamente, foi vivida como tal, pois a vegetativa, a que não mostra sinais de vida, é tempo morto ou perdido, que não pode ser computado como duração.

Texto extraído do livro “Coletânea da Revista Logosofia - Tomo 3”, de Carlos Bernardo González Pecotche.

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