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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Possibilidades diversas no ensino a distância

EAD atravessa um momento de significativo crescimento quantitativo e qualitativo, e tudo foi alçado à máxima potência com a pandemia


21/11/2021 06:00 - atualizado 19/11/2021 14:08

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Ensino a distância é uma das modalidades que mais crescem em todo o mundo (foto: Pixabay)
 
 
Desde o surgimento, o Ensino a Distância (EAD) enfrenta desafios, sejam eles técnicos, de aceitação ou mesmo pela falta de conhecimento a respeito. Hoje, atravessa um momento de significativo crescimento quantitativo e qualitativo, e tudo foi alçado à máxima potência com a pandemia.

O futuro aponta cada vez mais para a incorporação de novas tecnologias, o ensino híbrido e metodologias que tornam o aluno protagonista de seu processo de aprendizado.

O professor Marcos André Silveira Kutova, diretor da PUC Minas Virtual há 10 anos, explica que a educação a distância moderna, baseada na comunicação por meio da internet, nasceu no Brasil como uma alternativa de baixo custo e alta flexibilidade para aumentar o número de jovens na educação superior.

Porém, aos poucos, foi ganhando a atenção de outros públicos, ele lembra, como profissionais em busca de atualização ou de uma segunda diplomação, e acabou crescendo de uma forma muito mais rápida do que era esperado, especialmente se comparada à educação presencial. 

"Algo que facilitou esse crescimento da EAD foi a sua capacidade de oferecer educação em diferentes combinações como, por exemplo, com ou sem aulas presenciais, por meio de interações síncronas ou assíncronas, e baseada em disciplinas tradicionais ou em aprendizagem por projetos. Essa diversidade de possibilidades permite que um aluno escolha aquela combinação que mais atende às suas necessidades e, geralmente, por um preço inferior ao da educação presencial", explicita o professor.

Mas é também essa diversidade de possibilidades, continua Marcos André, que sugere que a EAD não é algo estático e que, a qualquer momento, novas metodologias ou tecnologias educacionais podem levar a novos caminhos.

"Assim, devemos mais olhar para a educação a distância como um processo de ensino-aprendizagem em que as pessoas podem estar em momentos e lugares distintos, do que para quaisquer formas específicas de EAD que tenhamos hoje", pontua.

RESULTADOS

A educadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Tânia Margarida Lima Costa, coordenadora dos cursos de pós-graduação latu sensu em Tecnologias Digitais e Educação e pós-graduação latu sensu Residência Docente, com experiência em EAD, diz que os cursos via EAD, em um passado não muito distante, realmente não eram bem-vistos, mas isso vem mudando ao longo dos anos, principalmente com os resultados dos alunos que fazem essa escolha, seja para graduação, atualização, aperfeiçoamento ou especialização.

"Viemos nos qualificando cada vez mais com esse trabalho, mas os cursos têm que ser pensados e concebidos para ser a distância, não apenas adaptados, ainda mais em regime de urgência, como aconteceu com a pandemia, quando tudo teve que ser acelerado", pondera.

"Passar o que se fazia presencialmente para totalmente à distância teve muito impacto. Estamos ainda aprendendo como tornar esse ensino mais interativo e produtivo, os modos de avaliação, quais os recursos e didáticas usar", complementa.

Para Tânia Margarida, a educação não volta mais a ser a mesma. Os ambientes virtuais propiciam inúmeras possibilidades, mas ainda assim, para ela, o ensino presencial não será substituído. É um cenário que tende a crescer, na medida em que a formação educacional se torna um processo contínuo. "Temos um mundo a buscar", diz.

O professor do Centro Pedagógico da UFMG Santer Alvares de Matos diz que, antes, quem estudava à distância não era tão considerado no mercado de trabalho. O que não é mais verdade, até porque tem aumentado bastante o número de alunos nessa modalidade.

Ele pontua que tudo o que é novo potencialmente pode encontrar resistência, pelo simples fato do desconhecimento. No caso da EAD, também porque ainda havia poucos alunos com os cursos concluídos. Agora, com a formação consolidada, muitos já foram avaliados, e muito bem avaliados, algumas vezes até melhor que cursos presenciais, reforça Santer.

"Esse aumento na oferta também não está apenas na aceitabilidade, mas significa que as grandes empresas de educação viram que a EAD é um bom modelo de negócio e começaram a investir pesado nesse modelo. Existe um primeiro boom, quando se vê uma oferta muito grande de cursos à distância chegando em locais onde o ensino superior, até então, era indisponível, e a preços acessíveis", acrescenta.

Rafael Chiavelli tem 35 anos e é de Mauá, no ABC Paulista. Graduado em Direito, desde janeiro de 2020 cursa Administração pela PUC Minas Virtual a distância, graduação que conclui em dezembro de 2023. Ele conta que, se não fosse a EAD, não poderia ter outra formação.

"Confesso que, no início, tinha uma certa repulsa pelo modelo, achava que não funcionava, mas muito pelo contrário. Conecto-me com pessoas de várias áreas, de vários lugares. Para mim, uma das grandes vantagens do EAD é justamente esse networking", diz.

Outro ponto positivo, em sua opinião, é ter maleabilidade para se dedicar aos estudos em um momento que lhe é mais oportuno – no seu caso, depois que a esposa e a filha de 9 anos vão descansar. "Tenho compromisso com a universidade e faço o curso no meu tempo. Encontro o momento mais tranquilo em que posso me dedicar", continua.

Sob seu ponto de vista, a educação a distância deve se fortalecer cada vez mais, e a pandemia veio para dizer isso também. "Se nos adaptamos bem ao home office, porque não também estudar em casa? E você pode estudar daqui em qualquer lugar do mundo. Não imagino mais alguém indo todo dia para a faculdade, passando ali a manhã inteira, com gastos com transporte, por exemplo. Claro que alguns cursos podem demandar encontros presenciais, e por isso também vejo que o modo híbrido deve ganhar força. Acho que a educação vai beirar a perfeição quando encontrar essa sintonia", ressalta. 

PALAVRA DE ESPECIALISTA 


Marcos André Silveira Kutova
Professor e diretor da PUC Minas Virtual

Abaixo a resistência


"No passado recente, antes da pandemia, eu ainda percebia muito preconceito em relação à EAD. Não era raro ver alguém que a considerasse uma forma de educação de qualidade inferior à educação presencial. Hoje, porém, passados quase dois anos em que todos alunos e professores tiveram que adotar a EAD, mesmo que de modo forçado, o cenário mudou. Agora, todos sabem o que é uma educação a distância, mesmo que a maioria só tenha tido experiência com o que viemos a chamar de ensino remoto (uma das inúmeras possibilidades da EAD), e sabem também o potencial que a EAD tem de alavancar a educação superior. Porém, se, de um lado, a pandemia levou a todos a perceberem o potencial da EAD, de outro, nos levou a perceber a importância dos encontros entre as pessoas na educação. É por isso que, atualmente, ouvimos falar muito mais de que no futuro a educação será híbrida do que totalmente a distância."


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