Planta da mineradora, em Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais

Planta da Sigma, em Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais

Divulgação
A Sigma Lithium, mineradora com as maiores reservas de lítio no Brasil, anunciou que está avaliando propostas de aquisição da empresa. Há meses, circulam rumores de que a companhia vem conversando com investidores, inclusive o bilionário Elon Musk. Questionada nessas ocasiões, a liderança da empresa classificava uma eventual venda como boato.

 

Nesta quarta (13/5), a empresa divulgou um comunicado em inglês dizendo que recebeu "diversas propostas estratégicas", inclusive relacionadas ao projeto Grota do Cirilo, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. "As empresas e o projeto atraíram o interesse de potenciais parceiros estratégicos, incluindo líderes globais da indústria nos setores de energia, automobilístico, baterias e refino de lítio", diz.

 

A Sigma foi a primeira mineradora de grande porte a extrair lítio no Brasil. O mineral é essencial para a produção de baterias de veículos elétricos, alternativa para carros movidos a combustão. Até por isso, é visto como matéria-prima estratégica da transição energética, crucial para o enfrentamento da crise climática.

 

A empresa extrai o mineral nas cidades de Araçuaí e Itinga e, em julho, exportou 15 mil toneladas de espodumênio, rocha que contém lítio, e 15 mil toneladas de rejeitos, de onde a tecnologia chinesa é capaz de encontrar lítio.

 

 

 

 

A previsão mais rigorosa da empresa é que haja 27 milhões de toneladas de espodumênio na área. O Brasil tem a oitava maior reserva do mineral, segundo o governo dos EUA –quase toda está no Vale do Jequitinhonha.

 

A extração de lítio por parte da Sigma deve durar ao menos 13 anos, e a estimativa é que o empreendimento gere R$ 115 milhões em royalties minerários em 2023. Após a ampliação da planta, prevista para o ano que vem, a quantia deve ser de R$ 305 milhões por ano. A empresa já investiu R$ 3 bilhões em seu projeto minerário.

 

No comunicado, a mineradora diz que a decisão sobre seu rumo será tomada em assembleia geral de acionistas, na qual será necessária a "maioria dos acionistas minoritários" da Sigma Lithium para o voto decisivo. A previsão, segundo a nota, é que a empresa conclua seu "processo estratégico" ainda neste ano, mas ressalva que isso não significa que a empresa será vendida.

 

A Sigma disse não vai divulgar mais detalhes sobre o processo, "até que o conselho de administração tenha concluído a sua avaliação ou a empresa encare que a divulgação seja exigida por lei".

 

De acordo com a presidente da Sigma, Ana Cabral, a mineradora contratou o Bank of America e o BTG Pactual como assessores financeiros no processo de revisão estratégica das operações. Em entrevista à Folha no mês passado, Cabral disse que a Sigma "era a empresa mais cercada de rumores" e não falaria sobre o assunto.

 

O comunicado divulgado na quarta também menciona o Instituto Lítio Verde, criado pela Sigma em julho e que pretende injetar R$ 500 milhões em programas sociais no Vale do Jequitinhonha, região mais pobre de Minas Gerais. "Esperamos que qualquer potencial parceiro estratégico da companhia esteja comprometido em contribuir para o sucesso do Instituto Lítio Verde", destacou.

 

Na quarta, as ações da Sigma Lithium subiram 13,73% na Nasdaq, bolsa de valores de Nova York. Por volta das 11h30 (horário de brasília) desta quinta (14/9), elas eram negociadas por US$ 36,85 (R$ 179,90). O valor de mercado da empresa é de US$ 4 bilhões (R$ 19,5 bi).