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Estado de Minas Custo de vida

Inflação é recorde em março e chega a 11,3% em 12 meses

Puxado por combustíveis e alimentos, IPCA de 1,62% é maior para o período desde 1994 no país. Taxa de 1,44% em BH fica abaixo da média


09/04/2022 04:00

arte

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em março chegou a 1,62%, a maior para o mês desde 1994, ano do lançamento do Plano Real. O índice superou os aumentos de preços de fevereiro (1,01%) e também o índice de 0,93% registrado em março do ano passado. Os números foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação no mês passado superou a de março de 1995, que fechou em 1,55%. Em março de 1994, pouco antes da chegada do real, o IPCA foi de 42,74%. No ano, o IPCA acumula alta de 3,20% e, nos últimos 12 meses, de 11,3%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses imediatamente anteriores

Em Belo Horizonte, o IPCA de 1,44% ficou abaixo da média do país e é o quarto menor entre as 17 capitais pesquisadas pelo IBGE – somente Aracaju-SE (1,43%), Brasília-DF (1,41%) e Rio Branco-AC (1,35%) ficaram abaixo. Em relação a fevereiro (1,07%), a inflação mostra aceleração. A inflação é recorde para o mês também na capital mineira, conforme apontaram dados divulgados na terça-feira pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O IPCA/Ipead fechou março em 1,39%. A UFMG realiza a medição desde dezembro de 2014, e, até então, o recorde para o mês era de 2015, com 1,25%.

Segundo o IBGE, os impactos mais relevantes partem dos transportes, com 3,02%, e de alimentação e bebidas. A questão do combustível é a que mais impacta quanto aos transportes.A gasolina, por exemplo, teve um reajuste de 18,77% no preço médio em março deste ano e se destacou com o maior impacto individual no indicador geral – de 0,44%. Outros combustíveis também foram impactados pela alta geral, como gás veicular (5,29%), etanol (3,02%) e óleo diesel (13,65%). O IBGE também revela um aumento de 7,98% relativo ao custo do transporte por aplicativo e de 1,47% no conserto de automóveis.

Quanto à alimentação, com aumento geral de 2,42%, os alimentos tidos como domiciliares são o principal motivo para a aceleração dos preços em março. Os principais vilões foram o tomate (0,88%), que teve aumento de preço de 27,22%, e a cenoura, com avanço de 31,4% – a alta em um ano chegou a 166,17%. Leite longa vida (9,34%), óleo de soja (8,99%), frutas em geral (6,39%) e o tradicional pão francês (2,97%) também contaram com aumentos em março que impactaram diretamente o consumidor.

Mais sutis, mas ainda responsáveis pelo brasileiro gastar mais em março de 2022, os itens de casa também impactaram, com aumento geral de 1,15%. O gás de botijão, com reajuste médio no último mês de 16,06% para venda às distribuidoras, foi o vilão da vez. Houve também uma alta de 1,08% no índice da energia elétrica. Vestuário (1,82%) e saúde e cuidados pessoais (0,88%) foram outros grupos que contaram com aumento mais relevante. Somente um teve queda: comunicação, com -0,05%.

‘Empobrecimento’
e futuro incerto

Professor de economia e finanças do Centro Universitário Unihorizontes, Paulo Vieira comenta que uma série de fatores, tanto externos quanto internos, motivam a nova aceleração da inflação. O economista, antes de analisar, define: “Inflação é uma alta contínua e ampla de preços que leva à perda de poder de compra. No 'frigir dos ovos', inflação é empobrecimento”.

“Vemos hoje a alta coletiva de preços e que tem aumentado por fatores internos e externos. Há uma série de coisas conspirando, inflação é tipo queda de avião, cai por vários motivos, agora temos uma guerra, a alta dos combustíveis internacionalmente, a alimentação no âmbito interno já vem de um tempo, é uma continuação de fatores que fazem o valor aumentar. E os rendimentos não estão acompanhando a alta de preço, principalmente as de menor renda, de menor poder de combate à inflação, pois as de maior renda têm formas de se defender, a inflação atinge todos", afirma ao Estado de Minas.

Solicitado para traçar um panorama do que está por vir, Vieira não arrisca. O economista considera que, no cenário atual, muitos fatores deixam a economia brasileira em um momento de incerteza quanto ao futuro e os próximos percentuais da inflação. “O futuro é uma incógnita. Temos coisas a serem resolvidas pelo mundo, uma guerra na Ucrânia que coloca incerteza sobre insumos para todo mundo, a questão do petróleo mesmo. O próprio crescimento da economia no mundo está demandando mais produtos, e a produção não está acompanhando. Está difícil até fazer previsão, tem a alta do dólar, apesar de cair um pouco recentemente, ninguém sabe para onde ele vai. Uma série de ‘ses’, e poucas respostas", comenta.

O economista, professor do Insper e CEO da Siegen Consultora, Fábio Astrauskas, “mais do que o número em si, a alta assusta pelo que representa: perda acelerada do poder de compra, principalmente das camadas de menor renda da população, em itens básicos como alimentos e combustíveis. E não há sinal de que o quadro vá se reverter, pelo menos no médio prazo”. Astrauskas lembra ainda que o Brasil convive há 7 meses com índice de inflação de dois dígitos.

O CEO da Siegen avalia que a atuação do Banco Central, elevando a taxa de juros, tem efeito reduzido por ser uma ação isolada. “Os juros continuam a subir aqui no país, em uma tentativa do Banco Central de reduzir a inflação – um remédio que, isoladamente, não cura a doença, e tem como um de seus efeitos colaterais a retração econômica. Como consequência, mais problemas à frente, entre os quais se destaca a possibilidade de maior desemprego”, alerta.

Petrobras reduz gás
de cozinha em 5,58%

A Petrobras vai reduzir o preço do botijão de gás passado para as distribuidoras. A estatal informou ontem que o valor médio do GLP (gás liquefeito de petróleo) agora será de R$ 4,23 por , quilo, recuo de R$ 0,25. A medida entra em vigor hoje. Isso significa que o preço de um botijão de 13kg ficará em torno de R$ 55, uma queda de R$ 3,27, ou seja, 5,58%. 

Em nota, a petroleira afirmou que a decisão foi tomada a partir do acompanhamento da evolução dos preços internacionais e da taxa de câmbio, que se estabilizaram em patamar inferior para o GLP.

“Coerente com a sua política de preços, a Petrobras reduzirá seus preços de venda às distribuidoras”, justificou. O reajuste mais recente feito no valor do gás foi em 11 de março, quando foi definido um aumento de 16,1% no preço de venda às distribuidoras. 

Atualmente, o botijão de 13kg pode ser comprado pelos consumidores por cerca de R$ 113, segundo a média nacional observada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entre 27 de março e 2 de abril.


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