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Estado de Minas TECNOLOGIA E INIVAÇÃO

Parceria promete motocicletas elétricas de recarga ultrarrápida com nióbio

Veículo será pioneiro na utilização da bateria com o metal; Modelo será apresentado no primeiro semestre deste ano, com previsão de chegar ao mercado já em 2024


31/03/2022 06:30 - atualizado 31/03/2022 17:58

Moto elétrica CR6
Modelo de motocicleta elétrica escolhido para receber a nova tecnologia (foto: Horwin Brasil)
Com o objetivo de ampliar o acesso à energia limpa e contribuir para a popularização da eletromobilidade no país, a Horwin Brasil, empresa de motocicletas elétricas, firmou parceria com a CBMM, maior especialista do mundo em tecnologias de nióbio. Assinado em janeiro de 2022, o acordo prevê a aplicação de uma bateria de íon de lítio com nióbio em veículos elétricos de duas rodas.

 

 


O lançamento do projeto piloto deve ocorrer ainda no primeiro semestre de 2022. A produção em larga escala está prevista para 2024. A expectativa é de que no primeiro ano sejam vendidas, no mínimo, 100 mil motos apenas para o mercado brasileiro. 

O gerente do Programa de Baterias da CBMM, Rogério Marques Ribas, explica que é uma tecnologia pioneira em motocicletas comerciais 

“Esse projeto com a Horwin é a primeira aplicação dessa tecnologia de recarga ultrarrápida com nióbio em uma motocicleta comercial. Desenvolver a bateria é uma etapa, a moto em si tem muita engenharia e tecnologia embarcada. Para motocicletas comerciais para linha de alta performance será a primeira demonstração da tecnologia.”

Segundo ele, conversas entre as empresas já existiam antes mesmo da parceria ser fechada, no início do ano. 

“A Horwin é uma empresa que já nasceu elétrica, não é uma empresa que produz motos tradicionais e está migrando para motos elétricas. Já vendeu mais de 2 milhões de motos elétricas pelo mundo desde 2014. Então, ela já tem esse conceito de entregar uma energia limpa para a sociedade no seu DNA. Por isso, nos aproximamos há algum tempo, mas a tecnologia não estava madura o suficiente para ser colocada em um produto.”

Ribas conta que a tecnologia é resultado de mais de três anos de pesquisa e desenvolvimento da parceria entre a CBMM com a japonesa Toshiba Corporation.   

“Nosso parceiro desenvolveu número suficiente de baterias e achamos que era o momento de provar a tecnologia. A Pricilla conseguiu todo apoio da Horwin Global para conseguirmos esse protótipo. Desde o início de janeiro estamos trabalhando oficialmente nesse projeto.”

“Temos muito orgulho de trabalhar junto com a CBMM, no Brasil, e com a Toshiba, no Japão. Não é apenas o desenvolvimento das células (baterias), mas a aplicação em uma motocicleta. Todo nosso time de engenharia está envolvido para fazer essa moto funcionar, com menos de 10 minutos de recarga”, afirma Pricilla Favero, CEO da Horwin Brasil. 

Modelo e vantagens da bateria com nióbio

Segundo Pricilla, o protótipo deste projeto será apresentado ainda no primeiro semestre deste ano. O modelo de motocicleta escolhido foi a CR6 da Horwin, que conta com 6.200W de potência de motor e até 150 km de autonomia. 

“Temos hoje seis modelos de motos. Começamos em 2014, voltados para o mercado europeu e hoje temos venda global. A CR6, que foi o modelo escolhido, tem 6.200 W. E para apresentar uma tecnologia dessa, optamos por utilizar nossa moto premium, com altíssima tecnologia. Acreditamos que com os outros modelos, a parametrização dessa tecnologia será mais simples.”

Ribas também destaca as vantagens da CR6 que contará com bateria com nióbio.

“É uma moto de design arrojado, de alta performance. Muito provavelmente teremos bons números na aceleração. Deve entregar uma autonomia acima de 100 km, que para um percurso urbano, é mais do que suficiente, além da possibilidade de ter outros 100 km, 150 km com apenas 10 minutos de carga.”

Ele explica ainda as vantagens da nova tecnologia. “Todas as baterias são de lítio. O que fazemos é modificar uma bateria de lítio com nióbio. A tecnologia consiste em substituir o polo negativo da bateria de lítio, que normalmente é o carbono, por um óxido misto contendo nióbio. Quando fazemos essa mudança, trazemos para a bateria a capacidade de recarga ultrarrápida.”

Atualmente, uma moto convencional elétrica precisa ficar cerca de 5 horas na tomada para fazer a recarga. “Com o nióbio conseguimos fazer isso de forma segura, sem aquecimento ou risco de explosão, em tempos da ordem de 10 minutos”, afirma Ribas.
 
Bateria de lítio com nióbio
Bateria de lítio com nióbio desenvolvida em parceria com empresa japonesa (foto: CBMM/Divulgação )
 

Outra vantagem, segundo ele, seria a economia, com a utilização de menos motos. 

“Esses veículos podem ser usados em serviços de segurança ou de entrega. Por exemplo, motos que precisam operar o tempo todo, hoje é necessário ter duas unidades. Enquanto uma está carregando, durante 5 horas, a outra está trabalhando. Se existe a possibilidade de fazer a recarga em 10 minutos, é possível ter apenas uma moto. É um outro modelo de negócios que acreditamos ser possível viabilizar para várias aplicações, além da questão esportiva e ambiental.”

Já Pricilla destaca a questão do ciclo de vida das baterias com o nióbio.

“Cada carga e descarga se considera um ciclo. No caso da bateria com nióbio, conseguimos em testes, chegar a 20 mil ciclos. Ou seja, se eu carregar todos os dias, estamos falando em quase 60 anos.” De acordo com ela, motos elétricas convencionais têm baterias com ciclo de vida entre 5 e 7 anos.

Outras aplicações para o metal


O nióbio é um metal produzido a partir do minério pirocloro. São necessárias mais de 160 etapas químicas e metalúrgicas para se chegar aos produtos finais, que são comercializados para diversas indústrias. 

Ribas explica que a utilização do metal não fica restrita apenas às baterias. “O nióbio pode ser usado, por exemplo, na estrutura da moto, para que ela fique mais resistente e mais leve. Ele pode ser usado também na estrutura dos discos de freio para que o freio tenha maior durabilidade. Ou ainda nos componentes de ônibus, com possibilidade de reduzir tamanho e aumentar a eficiência desses elementos. O nióbio é uma solução mais completa para a mobilidade.”

A CBMM já utiliza o metal em outras aplicações. “Temos um desenvolvimento com uma empresa de supermotos nos Estados Unidos. Eles estão desenhando uma moto que utiliza a tecnologia do nióbio em sua estrutura para quebrar o recorde mundial de velocidade em motos elétricas.” 

Segundo Ribas, essa moto já está em construção e o objetivo é atingir 400 km/h, utilizando a tecnologia do nióbio na estrutura do veículo. “Nosso objetivo, no futuro, é combinar a parte estrutural com a elétrica e avançar, cada vez mais, na tecnologia dessas motos.”

A Horwin também pretende avançar no desenvolvimento da estrutura das motocicletas. “A moto hoje pesa 140 kg e queremos trabalhar nessa redução porque além de reduzir o peso, aumenta a resistência. Isso gera maior eficiência”, explica Pricilla. 

Inovação

Ribas reforça que “a CBMM já trabalha com várias empresas do mercado automotivo, seja em estruturas veiculares ou no desenvolvimento de aplicações de nióbio para mobilidade elétrica”. Um exemplo é a parceria com a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO), anunciada em 2021, que prevê a aplicação das baterias com nióbio em veículos elétricos de grande porte, que começam a ser testados em 2023 na fábrica da VWCO em Resende, no Rio de Janeiro, e depois na planta industrial da companhia, em Araxá, no Triângulo.

“Fora do Brasil também temos algumas aplicações. Ano passado conseguimos enviar baterias para mais de 20 aplicações de clientes no mundo. Aplicações em robótica, em caminhões híbridos, ônibus, marítimas.”

Ele ressalta que a área de baterias para a CBMM é bastante promissora.
 
“Hoje, mais de 90% do nosso faturamento vem de aplicações tradicionais do nióbio na indústria metalúrgica: produção de aço de alta resistência e ligas especiais. Acreditamos e estamos trabalhando para que em 10 anos tenhamos 25% da nossa receita vinda de produtos de baterias. Começamos a vender óxido de nióbio para baterias em 2019, foram 15 toneladas. Em 2020, saltamos para 30 toneladas e ano passado chegamos a mais de 50. A expectativa esse ano é chegar a 500 toneladas e daqui a dez anos vender 50 mil toneladas de produtos de nióbio.”
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria


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