
No Posto Estação Santê, Bairro Santa Teresa, Região Leste de Belo Horizonte, Odacir Geraldo da Silva, de 54 anos, frentista há 26, atende sozinho desde às 6h o público nesta sexta-feira (22/10) e foi pego de surpresa com o volume de carros logo cedo. A movimentação é reflexo da
paralisação dos tanqueiros, caminhoneiros responsáveis pelo transporte de combustíveis
.
Ele abriu o posto e atende a três carros simultaneamente há quase três horas. Odacir atende, abastece e cobra um por um. Às 7h20 a gasolina já havia acabado e o álcool, segundo o frentista, iria se esgotar ainda no meio da manhã, mas tão logo deu este depoimento, a trava da bomba anunciou o fim do combustível que ainda restava. Para desespero de alguns clientes que estavam para ser atendidos.
“Outro frentista só às 13h30, mas não vai ter mais nada aqui”, disse Odacir ao fechar as portas e anunciar o fim dos produtos, deixando dezenas de carros à "própria sorte".
A gerente comercial Luciana Vaz de Araújo, de 40, que seria a próxima a ser atendida, se desesperou ao ver a bomba se esgotar antes da vez. "Não tenho combustível nem para chegar em casa. Será que não tem nem um pinguinho?", insistiu. Mesmo implorando, teve que seguir na busca. O posto fechou às 8h50.
Veja o vídeo do repórter fotográfico Leandro Couri
Desde ontem, motoristas fazem fila em postos de combustíveis de Belo Horizonte e da Região Metropolitana para tentar abastecer os veículos por conta da paralisação. A manifestação ocorre em Minas Gerais e demais estados do Sudeste.
Em nota enviada no início da noite passada, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Minaspetro) divulgou uma nota à imprensa informando que postos com estoques reduzidos já apresentavam problemas de abastecimento.
“Com a paralisação, todas as regiões do estado estão sendo prejudicadas, impactando fortemente o abastecimento de Minas Gerais, tendo em vista que a base de Betim é estratégica para a distribuição de combustíveis estadual”, disse a entidade. “O Minaspetro alerta para que a população não faça uma corrida aos postos, é justamente essa ação que pode causar e agravar o desabastecimento”, orientou o sindicato.
“Com a paralisação, todas as regiões do estado estão sendo prejudicadas, impactando fortemente o abastecimento de Minas Gerais, tendo em vista que a base de Betim é estratégica para a distribuição de combustíveis estadual”, disse a entidade. “O Minaspetro alerta para que a população não faça uma corrida aos postos, é justamente essa ação que pode causar e agravar o desabastecimento”, orientou o sindicato.
Entenda a paralisação

Os motivos do protesto, segundo o sindicato, são os altos custos dos combustíveis praticados pela Petrobras e o ICMS dos combustíveis em Minas Gerais. Durante a manifestação, dois caixões foram colocados na entrada da BR Distribuidora, em Betim (MG), para simbolizar a "morte do frete".
O sindicato informou que a greve é por tempo indeterminado, até que haja negociações com os governos. "Estamos com os braços cruzados até que o governo se sensibilize e olhe para essa categoria", afirmou Irani Gomes.
A Câmara dos Deputados aprovou um projeto para reduzir os preços dos combustíveis, mas o presidente do Sindtanque-MG não considera a solução eficaz. "Isso é apenas tampar o sol com a peneira", avaliou Gomes.
A Câmara dos Deputados aprovou um projeto para reduzir os preços dos combustíveis, mas o presidente do Sindtanque-MG não considera a solução eficaz. "Isso é apenas tampar o sol com a peneira", avaliou Gomes.
