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Estado de Minas DRAGÃO DE VOLTA

Inflação deve chegar a 10,2% nos próximos meses, admite BC

Projeção é do Comitê de Política Econômica para o IPCA medida em um ano. Maior pressão virá da energia, segundo relatório, que também prevê aumento dos juros


01/10/2021 04:00 - atualizado 01/10/2021 07:43

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Tarifa de escassez hídrica tem fôlego para elevação imediata do IPCA (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 9/6/21)
Brasília – A inflação acumulada em 12 meses no Brasil deverá atingir 10,2% ao longo do último trimestre do ano antes de arrefecer, encerrando 2021 em 8,5%, segundo as novas projeções do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgadas ontem no relatório trimestral da comissão referente ao período de junho a agosto.

A piora imediata nas previsões, de acordo com o colegiado, se deve à mudança da bandeira tarifária de energia elétrica do patamar vermelho 2 ,em junho, ainda no antigo valor (reajustada em julho), para a bandeira “escassez hídrica” em setembro.

Combustíveis e alimentos também têm pressionado sistematicamente o custo de vida. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula variação de 9,68% no período de 12 meses terminados em agosto,  com base na pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o relatório, “a inflação projetada entra em trajetória de declínio, terminando 2021 em 8,5%”. A taxa supera em 3,25 ponto percentual o intervalo de tolerância (5,25%) da meta para a inflação (3,75%). Entre os principais fatores que levaram à revisão para baixo da inflação cheia, a de 2021, está a trajetória mais elevada da taxa Selic – aquela que remunerada os títulos do governo no mercado financeiro e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio – prevista em 8,25% no fim do ano.

Segundo o relatório do Copom, a elevada projeção deverá se propagar para 2022, por meio da chamada inércia inflacionária. A inflação projetada para o próximo ano passou de 3,5% para 3,7%.

De acordo com o relatório, as projeções representam a visão do colegiado e são resultado da combinação das projeções de analistas de bancos e corretoras ouvidos pelo BC, da utilização de modelos macroeconômicos, modelos satélites e de sistemas de acompanhamento específicos dos itens de preços administrados pelo governo, ou seja, os serviços públicos.

A taxa Selic foi elevada de 5,25% em agosto a 6,25% em setembro, quinto aumento neste ano. É a maior taxa desde julho de 2019. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, ontem, que a instituição não acredita na necessidade de fazer nenhum ajuste no arcabouço de política monetária.

“Vamos continuar perseguindo a meta como tem sido feito. Em relação ao ritmo da política monetária, explicitamos que a Selic terminal é mais importante que o ritmo em si”, argumentou ao comentar os dados do relatório do Copom. Campos Neto destacou que o termo “significativamente contracionista” usado na ata da última reunião do Copom diz respeito ao nível final da Selic no atual ciclo de ajuste, apertado depois do avanço da inflação, o que torna mais caro os investimentos da iniciativa privada.

Retomada 


Além da expectativa para a inflação, o documento divulgado, ontem, pelo Copom também explica fatores conjunturais sobre os mais recentes indicadores econômicos, como a queda de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços do país) no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior, que interrompeu o ritmo de altas iniciado em meados de 2020.

A principal motivação, segundo o comitê, foi a desacelração em grandes setores, como agropecuária, indústria e serviços.

“Esses fatores têm se mostrado persistentes e foram recentemente agravados pelo impacto da variante Delta do coronavírus em países asiáticos”, diz o relatório. A análise do BC observa que, no setor agropecuário, a baixa foi registrada em razão da base elevada de comparação com o trimestre anterior, quando o país obteve safra recorde, e das condições climáticas no país, que afetaram as colheitas.

Na indústria, o relatório chama a atenção para a queda no ritmo de produção de veículos, que há meses sofre com a escassez de insumos e diminuiu mais intensamente e na comparação aos demais bens duráveis e à indústria em geral.

O setor de serviços, que, segundo a autarquia, antecipou parte da recuperação esperada para o segundo semestre, engloba atividades mais dependentes de interações presenciais, como alojamento, alimentação, atividades artísticas e culturais.

Embora o consumo das famílias tenha demonstrado estabilidade no período, o BC afirma que ficou abaixo das expectativas, que se mantinham em alta como consequência da recuperação do mercado de trabalho e da mobilidade, do retorno do auxílio emergencial e da antecipação do abono salarial e do 13º salário de aposentados.

“O consumo das famílias mostrou estabilidade no segundo trimestre, apesar de fatores que apontavam para resultado mais positivo”, diz o documento.

Os serviços prestados às famílias ainda continuam substancialmente deprimidos, de acordo com o BC, apesar de as séries desagregadas da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) sugerirem que, em geral, o consumo de bens já atingiu ou superou o patamar pré-pandemia.

"A melhora recente da pandemia, o avanço da vacinação e a evolução dos indicadores de mobilidade apoiam esse cenário de recuperação do consumo das famílias ao longo dos próximos meses”, informa.

Para os membros do Copom, que assinam o relatório, a normalização da cadeia de insumos industriais, mesmo que gradual, também deverá ter efeitos positivos sobre o crescimento nos próximos meses. 

“As perspectivas para a agropecuária e a indústria extrativa, em ambiente de preços internacionais de commodities (produtos agrícolas e minerais cotados no exterior) ainda elevados, também são positivas”, diz o colegiado.  (Com agências)


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