A pandemia do novo coronavírus causou um dos maiores prejuízos da história ao setor hoteleiro de Minas Gerais no ano passado e neste começo de 2021. De acordo com balanço feito pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG), a média da taxa de ocupação em Belo Horizonte ficou em 32,65% no ano passado, pior desempenho dos últimos 10 anos.
Os números são desanimadores, com possibilidade real de falências e fechamento de postos de trabalho. Em comparação com 2019, a queda no faturamento dos estabelecimentos foi de 52%.
Atualmente, a rede hoteleira da capital mineira conta com 57.409 apartamentos disponíveis para reservas – em 2020, nem metade desses espaços foram ocupados (19.762). Em dezembro, a taxa de ocupação dos hotéis ficou em 39,53%, seguido pelo baixo índice de novembro (41,17%).
Os meses com o pior desempenho em relação à taxa de ocupação foram maio (14,73%), abril (16,51%) e junho (18,52%), período marcado pelo início da pandemia e fechamento do comércio não-essencial da cidade.
“A hotelaria não suporta mais esta situação, cerca de 60% da mão de obra do setor já foi demitida em 2020 e o número de fechamentos só aumenta. Precisamos de medidas efetivas de apoio que garantam fôlego para a sobrevivência dos nossos negócios e de milhares de empregos”, afirma o presidente da ABIH-MG, Guilherme Sanson.
Ele conta que tentou acordos com a prefeitura para amenizar a situação, mas alega não ter havido diálogo: “Já solicitamos à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) mais diálogo e medidas de apoio ao setor, como o parcelamento do IPTU, a redução de alíquotas, o parcelamento de dívidas e a concessão para a redução e/ou cancelamento de contratos de trabalhos. Sem esse apoio, a hotelaria acumulará índices recordes de falências e demissões”.
Nos 10 primeiros dias de 2021, o índice de ocupação em Belo Horizonte manteve o panorama de 2020: ficou em 32%, abaixo do esperado para o período. Mas o desempenho mensal deve ser ainda pior, pois com o fechamento da capital a demanda de turistas deve despencar.
Sanson volta a criticar a postura do município: “Apesar de os hotéis serem considerados serviços essenciais, a medida da prefeitura coíbe o turismo local e acarreta fortes reflexos negativos no setor”.
Receita de hospedagem
Em relação à Receita de Hospedagem por apartamentos disponíveis (REVPar), a média anual de 2020 também foi a pior da década, ficando em R$ 71,38. A queda abrupta foi de 56%, na comparação com o ano anterior.
Os estabelecimentos estão sobrevivendo com o aporte de investidores, mas, com as novas restrições, o fechamento de boa parte dos hotéis da cidade parece irremediável.
Os estabelecimentos estão sobrevivendo com o aporte de investidores, mas, com as novas restrições, o fechamento de boa parte dos hotéis da cidade parece irremediável.
“Tem ainda os pequenos negócios e empreendimentos familiares que possuem estrutura mínima para suprir suas finanças e nem sequer contam com o apoio governamental para o auxílio no pagamento dos impostos”, comenta o presidente da ABIH-MG.
Na base de comparação mensal, o índice da REVPar também apresentou desempenho inferior em quase todos os meses de 2020. Em dezembro, ficou R$ 91,80, já em 2019 fechou em R$ 115,40.
Os meses de pior receita por apartamentos disponíveis foram maio (R$ 26,24), abril (R$ 34,17%) e junho (R$ 38,31%).
Os meses de pior receita por apartamentos disponíveis foram maio (R$ 26,24), abril (R$ 34,17%) e junho (R$ 38,31%).