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Estado de Minas CORONAVÍRUS

Beneficiários relatam preocupação com o fim do auxílio emergencial

Pessoas que recebem a ajuda emergencial falam sobre apreensão com a suspensão do pagamento em meio a nova explosão de casos de COVID-19


23/12/2020 06:00 - atualizado 23/12/2020 08:03

Movimentação em unidade da Caixa Econômica Federal ontem, no Centro de BH(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Movimentação em unidade da Caixa Econômica Federal ontem, no Centro de BH (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)


O fim do auxílio emergencial sem outra proposta de ajuda aos 14,1 milhões de desempregados no Brasil chega como uma péssima notícia aos beneficiários que contavam com o dinheiro para pagar as contas de casa e o principal: alimentar a família. A renda extra criada para amenizar os efeitos da pandemia já havia sido reduzida pela metade e dificultava a vida de muitos que permanecem limitados ao trabalho por conta do novo coronavírus. Agora, com o fim do programa, chega o desespero.

Publicada em 2 de abril de 2020, a lei do auxílio emergencial apontava que o benefício de R$ 600 duraria apenas três meses. Na época, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a informar que o auxílio ajudaria 54 milhões de pessoas. Em 1º de setembro, foi anunciada a prorrogação do auxílio emergencial até dezembro, com quatro parcelas adicionais de R$ 300. O benefício chegou a 29 milhões de domicílios em outubro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19) mensal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em Belo Horizonte, a Caixa Econômica Federal acumulava filas têm sido constantes com pessoas que precisavam sacar a parcela final do benefício. Neste último mês de pagamento, os beneficiários do programa recebem até o dia 29. Na despedida do recebimento do valor, as pessoas de baixa renda que estão desempregadas ou são microempreendedores individuais, contribuintes da Previdência Social e trabalhadores informais lamentam o fim do programa e não sabem como vão se virar no próximo ano. Os rostos da desesperança começam a circular em busca de outra alternativa de sobrevivência.

Doença impede de trabalhar

Aline Cristina Lacerda de Souza 
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
De 32 anos, está desempregada e o auxílio emergencial a ajudava a pagar o aluguel e outras contas de casa, além de ser o sustento dos quatro filhos. “Eu faço mais ‘bico’ do que aparece, principalmente faxina, mas não tive muita oportunidade esse ano. Minha família está me ajudando com as coisas lá em casa, mas agora com o fim desse dinheiro eu estou ‘ferrada’. Estou para fazer cirurgia de câncer de colo do útero, então, por enquanto não posso arrumar emprego fixo porque vou precisar ficar em hospital, fazer exames”, disse. Aline defende a continuidade do programa em 2021. “Está me ajudando muito, mas se eu conseguir um emprego fixo depois que estiver bem de saúde, eu prefiro.”

Em busca de vaga

Carlos Silva do Nascimento 
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
De 45, é técnico em refrigeração e ficou desempregado dois meses antes do início da pandemia no Brasil. “Me virei com muita dificuldade. O auxílio emergencial é muito pouco para manter a família. Hoje sou eu, minha esposa e os dois filhos. A prioridade é pagar conta e alimentação. Tínhamos ajuda de cesta básica da prefeitura que dava para aliviar um pouco, mas o benefício vai fazer muita diferença porque eu continuo desempregado”, explica Carlos, que defende ainda a volta do valor de R$ 600, como era depositado no início do programa. “Bom foi. Deveria ser prorrogado e continuar até que acabe a pandemia de vez”

Com ajuda do filho

Maria Aparecida da Cunha 
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
De 44, é faxineira autônoma. Seu ramo foi diretamente afetado pelo isolamento social. Nos três primeiros meses da pandemia, ela ficou em casa se protegendo e, quando precisou voltar para se sustentar, não encontrou muita oferta de trabalho. “Tinha dia que tinha, tinha dia que não tinha. Agora que não está tendo mesmo, parece que voltou mais a pandemia. Não querem a gente em casa. Está todo mundo com medo. Me virei com meu filho jovem aprendiz, que ajudava em casa, e o auxílio era o que dava conta da água, luz e comida”, conta Maria Aparecida, que também defende a continuidade do programa. “Foi uma boa decisão do governo, mas deveria continuar pelo menos pra gente que é autônomo.”

Dinheiro para alimentar

José Mauro da Silva 
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
De 54, é servente de pedreiro e está sem emprego fixo há três anos. Sobrevivendo de pequenos serviços para sustentar a casa e os dois filhos adolescentes, ele é enfático ao responder o porquê precisou do auxílio emergencial: “Precisei para comer”. José Mauro teve coronavírus no meio do ano e precisou ficar isolado. Sem conseguir trabalho durante a pandemia, cada centavo foi importante. “Não gasto dinheiro à toa. O auxílio fez uma boa diferença, foi muito bom. Agora sem ele eu estou ‘caçando’ serviço e tenho muita fé de que vou conseguir.”

Grupo de risco e do medo

Ana Paula Medina 
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
De 38, está desempregada e fazia serviços de manicure para conseguir os trocados. Devido à pandemia ele teve que parar por causa do contato físico e risco de transmissão da doença. “O auxílio serviu para pagar as contas de luz, água, gás, despesas com as duas crianças, uma de 13 e outra de 4, já que sou separada. O que estava me ajudando era o auxílio. O benefício foi ótimo. Deveria continuar em 2021 porque ajudou muitas famílias”, disse Ana Paula, que tem diabete e asma. “Ainda não voltei a trabalhar porque sou do grupo de risco, tenho medo da COVID-19. Agora vou ter que aguardar a vacina.”

Ocupação pode aliviar

Flávio Soares da Silva 
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
De 41, é vendedor autônomo e precisou parar com as atividades durante o início da quarentena. “Passei dificuldade porque parando de trabalhar as coisas apertaram. Agora que o comércio voltou, estou de volta, mas o auxílio me ajudou muito no período que fiquei parado. Eu falo que se eu puder trabalhar, já tá bom. A gente não pode é ficar sem trabalhar. Me virei do jeito que Deus deixou, mas graças a Deus não faltou nada”, diz Flávio, que mora com a esposa e as duas filhas, de 11 e 19 anos. “O benefício ajudou a pagar as contas porque eu sustento a casa. Se a gente puder trabalhar, não tem necessidade do benefício. Para quem não consegue, ele vem a calhar.”


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