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Estado de Minas VENDAS DE NATAL

Compras de Natal pela internet vão superar vendas nas lojas físicas em 2020

As expectativas são de crescimento nas vendas, preço dos produtos natalinos mais altos e menos vagas temporárias


15/12/2020 19:06 - atualizado 15/12/2020 20:04

Expectativa para o Natal é crescimento de vendas on-line, em razão da pandemia (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press - 26/12/2017)
Expectativa para o Natal é crescimento de vendas on-line, em razão da pandemia (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press - 26/12/2017)
O ano de 2020 trouxe muitas transformações, principalmente em razão da pandemia. O Natal não poderia ser diferente. Pela primeira vez, as compras pela internet podem superar o varejo físico. Os produtos tipicamente natalinos vão estar mais caros para a ceia e as vagas de trabalho temporário diminuíram, em relação ao ano passado.   

Segundo uma pesquisa da agência Conversion, especializada em SEO e e-commerce, as lojas virtuais somam 31,94% das intenções de compra dos brasileiros para a data, seguidas pelos aplicativos de lojas e marcas, com 22,53%. Os estabelecimentos em shopping centers e comércio de rua aparecem em seguida com, respectivamente, 19,25% e 18,77% das preferências.  

O estudo foi realizado no dia 12 de dezembro com 1.068 brasileiros acima de 16 anos, por meio de um questionário estruturado com perguntas fechadas via internet. 83% dos entrevistados afirmaram que vão presentear alguém no Natal, mas 17% dos consumidores não irão fazer nenhuma compra para a data comemorativa.
 

“As pessoas tiveram que se adaptar à pandemia, ficaram no confinamento doméstico, tiveram que abrir mão do consumo direto, de ir no shopping ou loja de rua”, explica Marcelo Neves, economista e professor da Faculdade Fipecafi.  

Natal mais econômico   

A pesquisa mostra também que será um Natal muito mais econômico: 41,3% pretendem gastar menos este ano em comparação com o evento de 2019. Por outro lado, 23,6% pretendem gastar mais com presentes em 2020, “o que, por si, já é bastante surpreendente diante do atual cenário de desemprego e de queda da atividade econômica no país”, comenta Diego Ivo, CEO da Conversion.

Em novembro, a empresa lançou um estudo que apontou para a maior Black Friday de todos os tempos, impulsionada pela pandemia. “Naquela pesquisa, 75% dos brasileiros pretendiam comprar pela internet por medo do contágio”, acrescenta.

O estudo mostra ainda que 48,3% dos brasileiros pretendem gastar menos de R$ 300 em todos os presentes de Natal deste ano. Já na pesquisa sobre a Black Friday, 32,2% afirmaram que pretendiam gastar acima de R$ 1 mil. Para o Natal, apenas 12% pretendem presentar acima desse valor. 

“A Black Friday passou a gerar uma antecipação das vendas de Natal. Muita gente aproveitou para fazer as compras de Natal nessa data, já que pagariam menos pelos produtos”, afirma Neves.  

Para ele, as mudanças causadas pela pandemia transformaram os hábitos de consumo das pessoas. Por isso, o Natal de 2020 terá mais compras por e-commerce do que por lojas físicas.

O prazo de entrega é, segundo a pesquisa, o fator mais preponderante para a decisão de compra dos brasileiros, seguido do custo do frete, que também será muito levado em conta pelos consumidores.

Expectativa de crescimento 

Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou de 2,2% para 3,4% a expectativa de crescimento do volume de vendas no Natal deste ano. Uma vez confirmada essa projeção, o setor vai experimentar o maior avanço real das vendas natalinas desde 2017 (3,9%). O evento é a principal data comemorativa do varejo brasileiro, devendo movimentar R$ 38,1 bilhões neste ano.

“Apesar da pesquisa apontar o maior crescimento desde 2017, devemos analisar com um certo cuidado, em relação aos números do ano passado. Até outubro, o índice de confiança do consumidor, da Fundação Getúlio Vargas, estava próximo ao do ano passado. Além disso, a atividade econômica é sempre mais intensa no 2° semestre do ano. Tem também o efeito do auxílio emergencial que liberou a última parcela agora em dezembro. Esses fatores somados podem explicar essa expectativa de crescimento”, diz Neves.

O especialista alerta, no entanto, que este crescimento será momentâneo. “Esses crescimentos têm muito de demanda reprimida. Vamos ter um crescimento de vendas do Natal em relação ao ano anterior, mas depois isso vai estagnar. Não é um crescimento contínuo. Tivemos alguns meses em que as pessoas pararam de consumir ou retardaram o consumo, do bem ou serviço, por causa da pandemia e da incerteza. Mas, ele é como uma onda. Depois que passa acabou”. 

O aumento previsto nas vendas, segundo a CNC, deverá ser puxado pelo e-commerce. A confederação projeta crescimento real de 64% das vendas via varejo eletrônico voltadas para o Natal deste ano, frente ao mesmo período do ano passado.

Além disso, segundo a Receita Federal, o volume de vendas on-line avançou 45% no período de março a setembro deste ano, em relação ao mesmo período em 2019. O número de pedidos, por sua vez, aumentou 110% no mesmo período.

Produtos natalinos mais caros

Quanto aos produtos importados tipicamente natalinos, houve um recuo de 16,5% nas importações entre setembro e novembro de 2020 (US$ 367,2 milhões) em relação ao mesmo período de 2019 (US$ 439,5 milhões), como resultado da desvalorização cambial. O valor é o menor para esse período desde 2009 (US$ 308,9 milhões). À exceção de bebidas, todas as demais categorias de produtos acusaram recuo em relação a 2019.

Além das dificuldades diretamente impostas pela pandemia, a desvalorização cambial de 32,3% nos últimos 12 meses encerrados em novembro tem impactado significativamente os preços de diversos produtos mais demandados nesta época do ano, especialmente alimentos. 

Nos 12 meses encerrados outubro, por exemplo, os preços destes produtos medidos pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP) do IBGE subiram 36%, ante uma variação média dos preços ao consumidor final de 12%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo mesmo instituto.

Os preços dos produtos tipicamente natalinos refletem claramente essa tendência. A cesta composta por 214 itens mais consumidos nesta época do ano, agrupados em 30 categorias de bens e serviços, mostra que os preços medidos por meio do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentaram avanço médio de 9,4% nos 12 meses encerrados em novembro. Mantido esse ritmo de reajuste, o Natal de 2020 apresentará a maior alta de preços desde 2015 (+11,0%).

“A alta do dólar ajudou, mas é preciso considerar a redução de massa salarial, já que a renda das pessoas hoje é menor. Estamos com milhões de desempregados. Além disso, com a inflação dos alimentos e o câmbio depreciado, era muito mais interessante para o produtor exportar do que vender internamente. Isso pressiona o preço dos alimentos”, ressalta Neves.  

Vagas temporárias 

Do ponto de vista do emprego, a expectativa da CNC é de que sejam criadas 70,2 mil vagas temporárias para o Natal deste ano. Confirmada essa previsão, a quantidade de postos mostraria uma retração de 20%, se comparados aos 88 mil preenchidos pelo setor no ano passado – consequência direta da circulação ainda anormal de consumidores nas lojas físicas do comércio.

“Houve um crescimento do emprego formal e o trabalho informal não teve esse crescimento. Ainda tem muita gente desocupada, o desemprego está muito grande. Mas a pandemia provocou uma mudança de comportamento de consumo e antecipou aquilo que deveria acontecer nos próximos 5 anos, com o crescimento da compra de produtos pela internet”, explica Neves. 

Segundo ele, a diminuição dos postos de trabalho temporário pode ser explicada pelos lojistas que tiveram que fechar as portas, além dos consumidores que preferiram fazer suas compras on-line. “As vagas que foram cortadas no comércio passaram a crescer na área de logística, que é muito mais produtiva que o varejo. Você compra hoje um livro pela internet e vê o que está acontecendo com as livrarias”.  

Embora as lojas de vestuário e calçados respondam pela maior parte das vagas voltadas para o Natal, a oferta de 39,1 mil vagas neste segmento em 2020 deverá corresponder a apenas 2/3 dos 59,2 mil postos criados no ano passado.

Isto porque esse ramo do varejo vem apresentando maiores dificuldades em reaver o nível de vendas anterior ao início da pandemia. Hiper e supermercados (13 mil) e lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (11,7 mil), somados ao ramo de vestuário, deverão responder por cerca de 91% das vagas oferecidas pelo varejo.
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria


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