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Estado de Minas

Pandemia do coronavírus: turismo rodoviário pede socorro

Sem ter viagens, empresas de ônibus fretados tentam sobreviver à crise


postado em 19/04/2020 04:00 / atualizado em 19/04/2020 07:08

Na ABC Turismo, veículos adquiridos este ano estão na garagem. Setor está parado e sem caixa(foto: Guilherme Azevedo/Arquivo Pessoal)
Na ABC Turismo, veículos adquiridos este ano estão na garagem. Setor está parado e sem caixa (foto: Guilherme Azevedo/Arquivo Pessoal)

Os ônibus que já levaram muitos passageiros em excursões rumo a praias, resorts e cidades históricas, hoje, em meio à crise provocada pelo novo coronavírus, estão parados nas garagens. As empresas de Belo Horizonte e região metropolitana, por exemplo, pedem socorro. Afinal, sem clientes não há dinheiro em caixa. E se não há fundos, o destino é só um: risco de falência. Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou pandemia para o coronavírus, as empresas de transporte rodoviário fretado foram as primeiras a parar. Afinal, o receio dos passageiros fez com que muitos cancelassem as viagens. Com isso, muitos negócios, que estavam indo rumo ao sucesso estagnaram, sem previsão de volta às estradas.

Guilherme Azevedo, de 21 anos, é sócio das empresas GS e ABC Turismo. Ele conta que tudo começou em 15 de março, um domingo. Naquela data, os primeiros clientes deram sinais de que cancelariam as viagens. Alguns optaram por remarcar. No entanto, a receita dos negócios foi praticamente a zero. “O pessoal tem optado por remarcar, mas não são todos. Nossa receita praticamente zerou, ou reduziu algo em torno de 99%. Nossa receita vem das viagens. Com as viagens sendo canceladas, estamos passando por um momento de dificuldade”, disse Guilherme.

Apesar da queda repentina de dinheiro em caixa, Guilherme preferiu não demitir funcionários. Alguns motoristas das empresas trabalham como freelancers. Ao todo, são 18 condutores, entre contratados e freelancers, além de três auxiliares de serviços gerais. Quem é fixo acabou tendo o contrato suspenso, com base na Medida Provisória 936, do governo federal, que permite a prática por até quatro meses.

Quem também suspendeu contratos trabalhistas foi a Sidtur, localizada em Contagem. Mas, por causa do cenário incerto, a empresa demitiu cerca de 30% do seu pessoal. De acordo com a proprietária, Lorena Teles, de 25, dos 25 funcionários, entre contratados e freelancers, apenas nove permaneceram. “Impactou muito. Demitimos lavador, motorista, pessoal que estava com contrato, freelancers que faziam um (dinheiro) extra nos fins de semana. Está tudo parado. Não tem demanda”, lamenta Lorena, que também viu o caixa zerar de uma hora para outra. “Aqui na minha empresa o faturamento despencou, zerou. Não está entrando nada em caixa, porque o pessoal está cancelando as viagens. O negócio está parado mesmo.”

Sem ajuda dos bancos 


Para fazer um capital de giro, muitas empresas estão tentando recorrer aos bancos. No entanto, acabam encontrando burocracia e taxas altas. Guilherme até conseguiu um auxílio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para postergar as parcelas relacionadas aos seus ônibus, mas quando o assunto é linha de crédito, a rota é outra. “O banco está emprestando dinheiro apenas para empresas que não estão endividadas. Nesse caso, como faz? Quem está realmente precisando de dinheiro não tem acesso. Nossa preocupação agora é sobreviver neste período para poder retomar o segmento de turismo. (...) Infelizmente, hoje não tenho tudo que estão pedindo. Se eu tivesse condição de bancar o negócio, não estaria fazendo empréstimo”, desabafou.

De acordo com Guilherme, suas empresas necessitam de uma ajuda rápida. “Já temos um mês sem ter receita, nosso caixa não aguentaria mais dois meses na mesma situação.” Já Lorena se queixa das taxas altas cobradas pelos bancos. Para a empresária, neste momento em que negócios dependem de ajuda, a união deveria prevalecer. No entanto, ela não enxerga isso na atual situação.

“(Os bancos) estão irredutíveis em questão de taxas. Em vez de unir as pessoas para ajudar a superar a crise, eles estão aproveitando para ganhar dinheiro, porque acaba que a gente fica na mão dos bancos. A questão são as taxas”, frisou. Para alertar sobre a necessidade de ajuda do governo e dos bancos, diversas empresas de turismo planejam fazer, na quinta-feira, uma carreata. São esperados mais de 100 ônibus e carros na manifestação.

Futuro incerto


Para muitas empresas, 2020 foi um ano perdido. Guilherme Azevedo, da GS e ABC Turismo, por exemplo adquiriu quatro ônibus de janeiro pra cá, uma vez que o setor de turismo estava em alta. Três foram entregues, mas um ficou na fábrica por causa da crise. Agora, o empresário crê em uma possível retomada apenas em 2021. Lorena Teles, da Sidtur, acredita no mesmo. “Acho que nesse ano de 2020, não. Se contida a pandemia, vai voltar ‘engatinhando’. Creio que em 2021. O negócio estava muito bom, estava rodando muito. Aí do nada parou tudo.” Franciano Vieira, de 29 anos, proprietário da Horizonte Azul, estava com serviço marcado para Bom Jesus da Lapa, onde, no começo do segundo semestre, aconteceria uma romaria. Agora, ele acha pouco provável uma retomada em massa ainda em 2020.


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