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Estado de Minas COVID-19

Coronavírus: donos de lojas de tecido em BH querem reabrir comércios

Comerciantes argumentam que, depois que o uso da máscara se tornou obrigatório, a venda do produto passou a ser essencial e não sabem como agir


postado em 16/04/2020 04:00 / atualizado em 16/04/2020 08:19

As pessoas se aglomeraram na porta da loja porque queriam ver os tecidos antes de comprar(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
As pessoas se aglomeraram na porta da loja porque queriam ver os tecidos antes de comprar (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Depois que o prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) anunciou em coletiva de imprensa o uso obrigatório de máscaras nas ruas da cidade a partir da próxima sexta-feira, a procura pelo tecido para a fabricação deste item aumentou significativamente. O Estado de Minas flagrou ontem várias aglomerações em frente às lojas de tecido no Bairro Barro Preto. Os comerciantes não sabem como agir. A procura pelos tecidos aumentou muito, já que a confecção do item de segurança pode, inclusive, garantir renda extra às famílias e o trabalho é executado em casa.

Tentando evitar o acúmulo de pessoas em frente às lojas, os comerciantes questionam se as medidas tomadas pela prefeitura sobre a abertura do comércio se aplicam às lojas de tecido, sobretudo agora. Procurada pela reportagem, a PBH afirmou que as lojas de tecidos não estão autorizadas a funcionar. De acordo com o órgão, o Decreto 17.328/2020 obriga esse tipo de estabelecimento a fazer vendas apenas no sistema de delivery. A prefeitura disse ainda que não prevê nenhum tipo de alteração na norma de funcionamento.

Durante entrevista coletiva na terça-feira, o prefeito afirmou que as máscaras serão distribuídas apenas para as pessoas que estão na “miséria”. “Faremos a entrega para os miseráveis, os invisíveis. Não somos obrigados a entregar para a população. O restante pode fazer com meia, camisa, fralda”, explicou, incentivando as soluções caseiras.

A administradora Marina Moreira, de 28 anos, é dona de uma loja de tecidos na Rua dos Goitacazes. Ela conta que até tentou fazer as vendas on-line, mas que os clientes, em sua maioria pessoas que compram quantidades relativamente pequenas, insistem em ver o tecido pessoalmente, o que acaba aumentando o número de pessoas em frente às lojas, trazendo problemas com a Guarda Municipal.

“Estamos seguindo todas as regras impostas pela prefeitura. A questão é: se as pessoas são obrigadas a usar máscaras, nosso serviço se torna essencial, certo? Então, a melhor forma, a meu ver, é permitir a abertura das lojas. A gente organiza uma fila com distanciamento e autoriza a entrada de poucas pessoas por vez, evitando a aglomeração que está ocorrendo em frente aos estabelecimentos”, explica.
 
Para Marina Moreira, dona de loja de tecido,
Para Marina Moreira, dona de loja de tecido, "se as pessoas são obrigadas a usar máscaras, nosso serviço se torna essencial" (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
 
Segundo Marina, os clientes reclamam de não poder entrar nas lojas. “A gente vende na porta. Até inventei uma forma nova de vender, fiz um estilo de vitrine. Mostro o tecido através de um vidro e depois entrego ao cliente na porta da loja. Mas os clientes querem entrar, tocar os tecidos, ver as opções disponíveis”, diz.

Eliza Fernanda, de 32, cliente das lojas, afirma que o serviço é essencial para os pequenos produtores. “Enxerguei na produção de máscaras uma forma de ter minha renda garantida mesmo na crise. Com isso, consigo comprar arroz e feijão para meus filhos, que estão em casa porque os colégios fecharam. A gente lava a mão dos comerciantes, porque compramos o produto. Eles lavam as nossas, porque ajudam a gente a criar as máscaras. Teremos máscaras para todos e, assim, ninguém é prejudicado”, argumenta.

Os comerciantes Paulo Lage e Dora Goutheierr tiveram mais sucesso nas vendas on-line, mas também vivem o dilema nas lojas físicas. O casal organizou um estilo de drive thru para vendas, no qual o cliente liga para a loja, faz a encomenda e busca de carro o material. Eles compraram diversas máscaras para os funcionários e disponibilizaram álcool em gel para eles. Donos de quatro lojas de tecido, eles dizem que as vendas caíram 70% desde o início das medidas restritivas e que a demanda aumentou muito depois do anúncio da obrigatoriedade das máscaras. "Estamos tentando nos adequar, restringindo ao máximo o contato físico".

Apesar de conseguir vender o produto de forma mais organizada, os comerciantes pedem liberação para a reabertura das lojas. “Estamos seguindo todas as recomendações da prefeitura. Mas estamos em prejuízo. Acredito que teremos que acionar a Medida Provisória 396, que suspende os contratos”, explica Dora. “Acreditamos que, depois de o uso de máscaras se tornar obrigatório, a venda de tecidos é essencial”, finaliza.

Dora também conta que a Guarda Municipal faz rondas pelas ruas do bairro. A comerciante, que já presenciou o fechamento de lojas próximas à sua, diz que, em geral, eles só "chamam a atenção quando tem algum tipo de aglomeração”.

* Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa


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