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Estado de Minas

Coronavoucher e FGTS: informais e demitidos formam 'fila da sobrevivência' na Caixa

Filas em agências da Caixa em BH dobravam o quarteirão na manhã desta terça (14)


postado em 14/04/2020 11:26 / atualizado em 17/04/2020 08:46

Agência da Caixa Econômica Federal da Rua Tupinambás, Centro de BH. Trabalhadores informais e recém-desempregados fazem fila para receber auxílio emergencial e FGTS(foto: Edésio Ferreira/EM D.A Press)
Agência da Caixa Econômica Federal da Rua Tupinambás, Centro de BH. Trabalhadores informais e recém-desempregados fazem fila para receber auxílio emergencial e FGTS (foto: Edésio Ferreira/EM D.A Press)

Agências da Caixa Econômica Federal, em Belo Horizonte, registravam grandes filas na manhã desta terça-feira (14), antes mesmo das 10h, horário que marca o início do expediente bancário. Nas aglomerações, centenas trabalhadores com um denominador comum: tiveram a sobrevivência fortemente impactada pela pandemia de coronavírus

Grande parte relatava estar em busca de ajuda para resolver pendências relacionadas ao saque do auxílio de R$ 600 concedido pelo governo federal. O 2º lote da ajuda, no valor total de R$ 4,7 bilhões, começou a ser pago hoje a 9,4 milhões de brasileiros. Outro grupo expressivo era formado por recém-desempregados, que listaram entre suas demandas o saque do FGTS e do pagamento do seguro-desemprego. 

Veja como receber o auxílio emergencial de R$ 600 do governo

 

A auxiliar de loja Josineia Alves de Jesus conta que chegou à agência da Caixa situada na Avenida Cristiano Machado, altura do Bairro Sagrada Família, às 6h da manhã. Às 10h15, era a oitava da fila, que dobrava o quarteirão da Rua São Bento. Os clientes eram chamados de quatro em quatro, para evitar tumulto dentro do prédio.

Desempregada, a jovem diz que procurou a unidade para recuperar a senha do cartão do Bolsa Família e, assim, conseguir sacar o auxílio emergencial, já que o benefício será pago na mesma conta do programa.  "Moro em Ribeirão das Neves. Tentei resolver minha situação perto de casa ontem, mas o banco estava muito cheio. Daí, acordei cedo e vim direto para cá. Não imaginava que estaria lotado assim. Acho que é porque as pessoas têm dificuldade de fazer o cadastro no aplicativo ou no site. Daí, acabam vindo no serviço presencial mesmo", comenta. Josineia relata que perdeu emprego antes do surto de COVID-19. "Agora, vai ficar ainda mais difícil arrumar serviço", observa.  

Josineia Alves de Jesus chegou à agência Caixa Econômica Federal às 6h. Não foi a primeira da fila(foto: Edésio Ferreira/EM D.A Press)
Josineia Alves de Jesus chegou à agência Caixa Econômica Federal às 6h. Não foi a primeira da fila (foto: Edésio Ferreira/EM D.A Press)


Na agência da Caixa situada na Rua Tupinambás, Centro da capital, cerca de 80 pessoas aguardavam atendimento por volta das 10h30. A entrada no local também era controlada para minimizar a possibilidade de propagação do coronavírus. "A lotação máxima permitida aqui é de 40 pessoas. Saem cinco? Entram cinco. Saem 10? Ponho mais dez para dentro", explicou um funcionário do banco, que não quis se identificar.

Quase no fim da fila, Keylla Cristiane Martins, de 44 anos, esperava sua vez para tentar receber o FGTS. A técnica de enfemagem diz que foi demitida há duas semanas em função da crise provocada pela pandemia. Agora, sobrevive de plantões. "Primeiro, pediram para a gente ficar em casa. Depois, mandaram um WhatsApp dizendo que deveríamos entregar a carteira de trabalho para dar baixa. Hoje, vim aqui, sacar o FGTS".

Cronograma

O segundo lote do auxílio emergencial liberado nesta terça-feira (14) inclui aqueles que têm poupança digital na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil. Na próxima quinta (16), é a vez dos beneficiários cadastrados por meio do site e do aplicativo da Caixa/ auxílio emergencial.

Na quinta-feira passada (9), cerca R$ 1,5 bilhão de pessoas que constavam cadastro único do governo federal (sistema que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda) receberam 2,5 bilhões, segundo a Caixa. 

 

 

Cenário pessimista

A crise provocada pelo coronavírus deve aumentar significativamente as filas de desempregados nos próximos meses, enquanto deixa trabalhadores formais e informais mais pobres, se o governo não ampliar as medidas de transferência de renda e de auxílio a empresas, para evitar demissões em massa. 

Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) divulgado em 12 de abril aponta que a pandemia pode deixar até 12,6 milhões de novos desocupados, o que elevaria a taxa de desemprego a 23,8%. A atual é de 11,6%. Outro impacto projetado pela pesquisa é a retratação de 15% na renda da população.

Ainda de acordo com a estudo, apesar da ajudas emergenciais já concedidas aos trabalhadores, houve queda de 5,2% na massa salarial - considerada recorde desde o início da série histórica, em 2003. Sem os auxílios, o índice de redução seria de 10,3%. O PIB (Produto Interno Bruto) de 2020 apresentaria uma queda de 7%.

Num quadro mais otimista, os pesquisadores indicam uma retração de 3,4% na economia. O desemprego, nesse caso, ficaria em 17,8%. 

Evite filas

 

Em nota divulgada nessa segunda-feira (13), a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) atribuiu as multidões formadas nas agências principalmente à demanda pelo esclarecimento de dúvidas sobre o auxílio emergencial e sobre a regularizar o CPF - ter a inscrição é regular é uma das condições para ter direito ao benefício.  

 

A entidade inclusive reinvindica que os bancos passem a adotar o atendimento agendado por telefone, "principal item para evitar aglomeração de pessoas e salvar vidas”.

 

A Caixa não informou se vai adotar a medida, mas reforçou as alternativas remotas já disponibilizadas pela empresa. Segundo comunicado enviado pela instituição, a grande maioria das questões que envolvem o Auxílio Emergencial dispensam a corrida às agências. 

 

cadastro no benefício está disponível pelo aplicativo CAIXA | Auxílio Emergencial e pelo site auxilio.caixa.gov.br. O acompanhamento da aprovação está disponível pelo site e pela central telefônica 111. Dúvidas também podem ser tiradas pelo número 111. 

 

Quanto à movimentação do dinheir, quem não tem acesso à rede bancária receberá uma poupança digital da caixa. Ela poderá ser movimentada por meio do app CAIXA Tem, disponível nas lojas de aplicativos Google Play e App Store. Para utilizar o aplicativo, basta que o usuário se cadastre utilizando o CPF. Além de movimentar a poupança digital, será possível consultar FGTS, PIS, Bolsa Família, entre outros serviços.

 

A conta digital também permitirá o pagamento de boletos e contas de água, luz, telefone, entre outras. O cidadão poderá fazer ainda até três transferências para outros bancos durante 90 dias.

 


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