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Estado de Minas COVID-19

Crise força ajuste com home office e produção menor nas indústrias

Nas siderúrgicas de Minas, medidas buscam conter impacto da paralisação das montadoras, enquanto nas fábricas de alimentos alvo é a segurança


postado em 14/04/2020 04:00 / atualizado em 14/04/2020 18:39

Indústria de setor essencial, a Pif Paf Alimentos já mantém barreiras sanitárias e desinfecção frequente de suas fábricas, independentemente da pandemia (foto: Mario Castello/Esp. EM/D.A Press - 24/10/11)
Indústria de setor essencial, a Pif Paf Alimentos já mantém barreiras sanitárias e desinfecção frequente de suas fábricas, independentemente da pandemia (foto: Mario Castello/Esp. EM/D.A Press - 24/10/11)
Em meio às medidas restritivas para o combate ao novo coronavírus, grandes empresas mineiras e as que atuam no estado em setores considerados essenciais ou que não podem ter suas atividades totalmente interrompidas se ajustaram para continuar operando mesmo no período de isolamento social.

Mas elas não estão a salvo dos impactos econômicos da pandemia de COVID-19 e em maior ou menor grau já sentem os efeitos da crise e agem para minimizar perdas.

Medidas como transferência dos funcionários da área administrativa e do grupo de risco para home office, reuniões internas com fornecedores e clientes feitas de forma remota, medição de temperatura e higienização na entrada de todas as unidades operacionais, distanciamento e escalonamento na chegada e saída de trabalhadores, assim como em áreas comuns e refeitórios, e proibição de viagens nacionais e internacionais foram as principais ações adotadas por empresas como Aperam, RHI Magnesita, VLI, Gerdau, Usiminas, Ambev e Pif Paf, entre várias outras em todo o estado.

Fornecedora do setor siderúrgico, a RHI Magnesita se ampara na experiência de unidades da empresa na China e na Europa (foto: RHI Magnesita/Divugação)
Fornecedora do setor siderúrgico, a RHI Magnesita se ampara na experiência de unidades da empresa na China e na Europa (foto: RHI Magnesita/Divugação)

O presidente da Aperam South America, Frederico Ayres, afirma que a meta hoje é garantir que os cerca de 2 mil trabalhadores da siderúrgica estejam com saúde para enfrentar a crise provocada pelo coronavírus.

“Hoje não temos nenhum funcionário contaminado e essa é a minha meta, e nosso principal objetivo é a saúde dos colaboradores”, informou Ayres.

A usina, em Timóteo, no Vale do Aço, continua operando parcialmente e nos escritórios em Belo Horizonte, São Paulo e Vale do Jequitinhonha o trabalho está sendo por home office. Segundo o executivo, cerca de 25% do efetivo – 500 empregados administrativos e do grupo de risco –, estão trabalhando em casa.

Em relação ao mercado e às vendas, Ayres avalia que “as incertezas hoje são gigantescas e a previsão é bem nebulosa”. Ele prefere não apostar em números num momento em que a direção da companhia está analisando a programação para os próximos meses.

“Não tem mágica, a cadeia de produção na frente, como a indústria automotiva, parou e isso tem um impacto grande na indústria de manufatura do aço”, disse o presidente da Aperam, ao lembrar que há uma outra série de setores complementares ao negócio da companhia que também estão parados.

O executivo afirma, ainda, que um dos equipamentos mantidos em operação na usina é o alto-forno, assim como outros de maior complexidade, “para viabilizar uma retomada rápida”. A siderúrgica tem capacidade para produzir 900 mil toneladas por ano de aços inoxidável, elétrico e ao carbono.


Corte nas fábricas


A paralisação das montadoras, que deram férias coletivas aos funcionários até o fim deste mês, afeta diretamente o setor siderúrgico, principalmente o mercado de aços planos.

A estimativa do Instituto Aço Brasil (IABr), que representa as siderúrgicas, é de que o consumo brasileiro de aço encolha 20% este ano. Diante desse quadro, a Usiminas anunciou no fim de março a paralisação temporária dos altos-fornos 1 e 2 e das atividades da aciaria 1 na usina de Ipatinga, no Vale do Aço.

A siderúrgica continuará operando o alto-forno 3, a aciaria 2 e as laminações e galvanizações, embora reduzindo sua capacidade de produção de aço.

Para ajustar o quadro de funcionários à redução, a empresa anunciou que utilizará banco de horas, a extensão do home office, readequação de efetivo de pessoal contratado por empresas terceirizadas, alteração nos turnos e concessão de férias a parte dos empregados.

Locomotivas da VLI são higienizadas a cada parada, e o embarque e o desembarque nos portos são feitos sem contato físico (foto: Gustavo Andrade/VLI/Divulgação - 29/5/14)
Locomotivas da VLI são higienizadas a cada parada, e o embarque e o desembarque nos portos são feitos sem contato físico (foto: Gustavo Andrade/VLI/Divulgação - 29/5/14)

Já na usina Cubatão, em São Paulo, a produção será suspensa por 30 dias. A empresa não detalhou os ajustes na produção, mas o corte será significativo. Em nota, disse apenas que “as ações permanecem tendo como foco prioritário a saúde dos colaboradores e familiares, clientes e parceiros da companhia”.

Segundo a Usiminas, as ações são temporárias e visam ajustar a operação ao mercado. As vendas foram duramente afetadas com a paralisação das montadoras de veículos do país. Os investimentos foram reduzidos de R$ 1 bilhão para R$ 600 milhões.

Outras duas siderúrgicas com usina em Minas anunciaram redução de produção para se ajustar à pandemia da COVID-19. A Gerdau promoveu o desligamento do alto-forno 2 (com capacidade para 1,5 milhão de toneladas) da sua usina em Ouro Branco este mês, como uma das medidas de corte de produção em suas operações nas Américas.

O alto-forno 1, de 3 milhões de toneladas/ano, continua operando. “Essas iniciativas se devem à redução da demanda, principalmente nos setores da indústria e da construção civil”, informou a Gerdau em fato relevante ao mercado

A empresa informou que os trabalhadores da usina têm a temperatura medida diariamente e respondem a um questionário para verificação de saúde, enquanto os do setor administrativo estão em regime de home office.

“Em todas as nossas unidades, quando necessário, estamos optando por férias coletivas aos nossos colaboradores e mantendo o abastecimento de produtos para nossos clientes conforme necessidades específicas, dentro das condições de segurança recomendadas pelas autoridades sanitárias”, afirmou a Gerdau.

A siderúrgica também ampliou a desinfecção das áreas na usina, assim como aumentou o espaçamento nas áreas comuns e também está medindo a temperatura dos caminhoneiros que acessam as instalações em Ouro Branco. As mesmas medidas foram adotadas na Aperam.

“Colocamos medidores térmicos nas portarias e todos que entram nas unidades têm a temperatura medida; se tiver alteração a pessoa é encaminhada ao posto médico”, informa o presidente da companhia, Frederico Ayres.

O mesmo é feito com os caminhoneiros que acessam a usina, que têm a temperatura aferida. Já as cabines de operação da usina têm demarcações com distanciamento, número limitado de operadores e são higienizadas a cada troca de turno.

Já a ArcelorMittal decidiu manter operando normalmente a usina siderúrgica de João Monlevade, a Mina do Andrade e algumas unidades florestais em Minas, que “permanecerão produzindo em ritmo normal”, enquanto outras unidades de aços longos terão suas atividades reduzidas temporariamente este mês como medida de ajuste à pandemia do coronavírus.

Nos aços planos, a ArcelorMittal vai paralisar o alto-forno 3 da usina em Tubarão (ES) por 45 dias. A empresa também adotou o home office para os funcionários administrativos, suspendeu eventos internos e externos, adotou distanciamento nas unidades e reforçou as medidas de higienização.

Normalidade


Fornecedora do setor siderúrgico e de outros segmentos que usam processos industriais de alta temperatura, a RHI Magnesita, com unidade em Contagem, na Grande Belo Horizonte, e mineração em Brumado, na Bahia, encerrou março operando em condições normais mesmo com as medidas restritivas desde o início da segunda quinzena do mês passado em Minas Gerais.

“Em fevereiro e março nós não tivemos impacto, felizmente”, afirma o presidente da RHI Magnesita para a América do Sul, Francisco Carrara. Segundo ele, a empresa adotou medidas para continuar operando e se baseia na experiência das unidades na China e na Europa para encarar a crise.

“Aqui a gente não sabe ainda o impacto que vai ter e o que nós temos feito é nos preparar”, diz Carrara ao revelar que cerca de 500 funcionários dos 3 mil que a empresa tem no estado estão em home office.

Foram adotadas medidas, como fechamento de áreas de convivência e espaçamento no refeitório, reforço na higienização e limpeza, fornecimento de álcool em gel e liberação do ponto para 95% dos funcionários.

“Nós estamos trabalhando para proteger e manter nosso quadro de funcionários e se tivermos impacto na produção e à medida que precisar podemos conceder férias e, posteriormente, se necessário, negociar uma layoff (suspensão de contrato)”, afirma Carrara.

De acordo com o presidente da RHI Magnesita, a empresa vai manter os investimentos de R$ 257 milhões previstos na modernização da unidade industrial em Contagem.

“São investimentos que vão ter impacto no aumento da produtividade e vão permitir, numa segunda etapa, ganho de 14% em volume de produção”, informa Carrara.

Para ele, o fato de a RHI Magnesita fazer parte de um grupo com 35 operações em todo o mundo que capturou as sinergias nos últimos dois anos fortalece a operação no Brasil. “Nós queremos acreditar que dentro e fora é preciso estar preparado para a retomada”, diz Carrara.


Menos efeito nos setores essenciais


Considerados essenciais no período de pandemia e isolamento social enfrentado pelo país, setores como transporte e alimentação continuam operando dentro da normalidade passados mais de 20 dias da adoção de medidas restritivas no estado.

A VLI Logística informa que os trens de carga seguem operando normalmente, sem registro de redução no fluxo de composições e nos volumes transportados até o início deste mês.

A empresa, que opera cinco corredores logísticos e que transporta grãos (milho, soja e farelo de soja), açúcar, fertilizantes, combustíveis e produtos siderúrgicos, adotou uma série de medidas e se comprometeu a não demitir funcionários do quadro de 7.500 pessoas em todo o país por causa da pandemia da COVID-19 como forma de garantir suas operações durante a crise do novo coronavírus.

“Na área operacional, a VLI é considerada serviço essencial pelo transporte de alimentos, grãos, açúcar, combustíveis, celulose e, dessa forma, é preciso garantir abastecimento e todo o trabalho está sendo feito com todo o cuidado, de forma a garantir a continuidade dos negócios”, afirma Rute Melo Araújo, diretora de Gente e Serviços da VLI.

Segundo ela, a empresa vem se ajustando com medidas de segurança para os trabalhadores desde o início da crise da COVID-19 e no fim de março, como parte dessas medidas, anunciou a doação de equipamentos de proteção, de kits alimentação e cestas básicas para caminhoneiros e a manutenção do quadro de funcionários.

Responsável por operar mais de 8 mil quilômetros de ferrovias, dois portos, três operações portuárias e oito terminais de carga em cinco corredores logísticos, a VLI transportou 57 milhões de toneladas de produtos em suas linhas e 42 milhões de toneladas nos terminais portuários no ano passado e se movimentou no início da crise para assegurar a continuidade dessas operações ao longo deste ano.

Do quadro de pessoal, 1.200 foram colocados em home office. Além disso, as locomotivas são higienizadas a cada parada, e nos portos, o embarque e desembarque de produtos é feito sendo contato físico com os tripulantes dos navios.

As exigências de assepsia impostas pela pandemia do novo coronavírus a um grande número de empresas não é novidade para a indústria alimentícia, especialmente para as que trabalham com produto in natura.

“A indústria de alimentos, principalmente a de abate, nos frigoríficos, antes de qualquer medida já vem preparada para operar em condições nas quais não ocorram contaminações. Em alguns setores não pode haver contato”, observa o gerente-geral de Relações Institucionais da Pif Paf, Cláudio Almeida Faria.

O executivo lembra que, desde a aprovação do projeto pelo Ministério da Agricultura de uma nova planta industrial são feitas exigências como os funcionários não entrarem pela mesma porta que saem e todas as vezes que se retiram do local de trabalho passam por um processo de lavagem que é repetido quando voltam para o posto de trabalho.

“Em todo o setor, nós temos barreiras sanitárias para desinfecção e a fábrica, três vezes ao dia, é lavada com produtos aprovados pela Anvisa, ministérios da Saúde e da Agricultura, como amônia quaternária, ácido peracético e cloroexidina” reforça o gerente da Pif Paf Alimentos.

Cláudio Faria informa que a empresa trabalha com um mercado muito capilarizado. O fechamento de bares e restaurantes pode afetar as vendas. “Nos supermercados pode haver um acréscimo”, destaca o executivo. (MM)

Troca de lâmpadas mantida


Com a meta de efetuar a troca de lâmpadas convencionais por lâmpadas de LED nos 180 mil pontos de iluminação pública de Belo Horizonte até outubro, a BHIP, empresa responsável pela manutenção da iluminação pública na capital, não interrompeu suas atividades por causa da pandemia do novo coronavírus.

“A primeira coisa que fizemos foi afastar os empregados do grupo de risco”, afirma o presidente da empresa, Marcelo Bruzzi. De acordo com ele, dos 200 trabalhadores diretos e 100 indiretos da companhia, 28 foram afastados ou trabalham em home office. São, hoje, 60 funcionários em regime de home office.

Segundo Bruzzi, cerca de 150 mil pontos de iluminação da capital já tiveram suas lâmpadas trocadas pelas de led, o que equivale a 81% do total.

A empresa está investindo R$ 400 milhões na substituição das fontes de luz em ruas e praças da cidade e o menor consumo das luminárias de LED vai representar economia da ordem de R$ 30 milhões ao ano para a Prefeitura de Belo Horizonte.

“Estamos substituindo uma tecnologia antiga, de lâmpada de vapor metálico, por outra que gera redução de consumo de energia e menor emissão de resíduos”, afirma Marcelo Bruzzi, ao lembrar que as novas luminárias têm durabilidade quatro vezes maior do que as anteriores com uma taxa de falha muito mais baixa.

Como a iluminação pública é essencial, pois está relacionada com a segurança, a companhia adquiriu bombonas de água sanitária para colocar nos caminhões da empresa e os funcionários têm álcool em gel e trabalham de máscara e com luvas.

Tributos adiados

A União e alguns estados adiaram os prazos de pagamento de tributos. Para as empresas, os pagamentos de abril da contribuição patronal ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Cofins e Pasep serão quitados em agosto e aqueles relativos a maio foram adiados para outubro.

A entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) do 15º dia útil de abril, maio e junho será recebida no 15º dia útil de julho. No caso das microempresas, os pagamentos de abril, maio e junho da parte federal do Simples Nacional foram adiados para outubro, novembro e dezembro.
 


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