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Estado de Minas COVID-19

Coronavírus: preços sobem até 91% nos supermercados da Grande BH

Aplicativo de monitoramento colaborativo reuniu preços encontrados por consumidores e comparou os custos com novembro de 2019. Os alimentos da cesta básica, como feijão e leite, foram os que mais encareceram, ao lado dos produtos de limpeza


postado em 13/04/2020 16:42 / atualizado em 13/04/2020 18:19

(foto: Tulio Santos/EM/D.A. Press)
(foto: Tulio Santos/EM/D.A. Press)
 Os preços nos supermercados da Região Metropolitana de Belo Horizonte aumentaram em até 91% em comparação com novembro do ano passado, por causa da pandemia de coronavírus. Os itens que mais encareceram foram os alimentos da cesta básica, com feijão e leite, além dos produtos de limpeza. Essa é a conclusão de um levantamento do aplicativo colaborativo de monitoramento de preços comOferta, feito entre 7 e 12 de abril. A plataforma reúne mais de 52 mil usuários e 1.676 estabelecimentos.

 

De acordo com a pesquisa, o produto que ficou mais caro em relação a novembro de 2019 foi o pacote de um quilo de feijão carioca, de uma das marcas líderes de mercado. O preço médio era de R$ 5,04 e subiu para R$ 9,64, uma alta de 91%. O preço médio do feijão de outra marca subiu em média 70%, saindo de R$ 5,51 para R$ 9,37. Outro item de alimentação básica que subiu de preço foi o leite. O preço médio da caixa de um litro de uma marca era de R$ 2,45 em novembro, e agora é de R$ 3,32: um aumento de 35,5%. O custo médio da caixa de mesmo tamanho de um competidor subiu 33%, passando de R$ 2,71para R$ 3,60.

 

O levantamento também aponta aumento de preços no óleo de cozinha. O frasco de 900 ml de uma marca específica ficou em média 27% mais caro. O preço médio era de R$ 3,51 em novembro e agora é de R$ 4,46. O pacote de cinco quilos de açúcar cristal também encareceu. Os consumidores cadastrados no aplicativo perceberam alta de 23,98% no preço médio do produto de um fabricante, que saiu de R$ 8,23 para R$ 10,20 no período.

 

Já o preço médio do pacote de cinco quilos de arroz de uma marca saltou de R$ 16,39 para R$ 18,44. Ou seja, uma alta de 12,53%. Outro alimento da cesta básica que aumentou de preço foi o macarrão. Segundo a pesquisa, o pacote de 500 gramas de uma marca líder de mercado subiu para R$ 3,50. Em novembro o mesmo produto custava R$ 3,14, o que dá um aumento de 11,55%. 

 

Por fim, a pesquisa também aponta encarecimento dos produtos de limpeza, que entram na categoria de itens essenciais. Os consumidores registraram alta de 28% no frasco de 500 ml de limpador multiuso de uma marca. Em novembro, o produto custava em média R$ 3,48. Hoje, o preço médio é de R$ 4,45. Já o pacote de 1,6 quilo de detergente em pó de uma marca ficou em média 17,5% mais caro. No período, o preço médio do produto passou de R$ 10,29 para R$ 12,09.

 

O idealizador do aplicativo comOferta, Feliciano Abreu, afirma que as altas nos preços verificadas na pesquisa não são normais. Para ele, os encarecimentos se explicam por um “efeito cascata” provocado pela pandemia de coronavírus. Na avaliação de Abreu, houve uma demanda muito forte nos primeiros momentos do isolamento social empregado para conter a propagação do vírus, especialmente para estocar produtos de necessidade básica. Quanto maior a demanda, com a oferta constante, mais os preços sobem. 

 

“Vai todo mundo correndo estocar arroz, feijão, óleo e leite. Porque não se sabe até onde isso vai. E o supermercado, que não é bobo, aumenta os preços”, argumenta. Para Feliciano Abreu, quem compra a mais do que precisa é, de certa forma, egoísta. “Infelizmente, o consumidor pensa só nele. Quando consome muito, gera inflação. Só que ele não pensa no que não tem dinheiro pra estocar e que agora vai pagar mais caro”, diz.

 

O coordenador do aplicativo também atribui a inflação nos supermercados a outros fatores. Em parte, as indústrias e fornecedores aumentaram os custos para os estabelecimentos comerciais, também para aproveitar a alta demanda. Por outro lado, Abreu aponta que o transporte pode ter ficado mais caro com a crise. Por fim, alguns produtos podem estar em período de entressafra. É o caso do feijão, que tem uma produção menor no momento. O coronavírus é apenas mais um fator para o aumento no preço do alimento.

Abreu acha difícil prever qual será o comportamento dos preços nos próximos meses. “São inúmeros fatores que podem influenciar. Ficou incerto para todo mundo. Para o consumidor e para o dono do supermercado”, diz. Porém, segundo ele, os estabelecimentos esperam uma redução na demanda, depois da “euforia inicial” para estocar. “A demanda tende a diminuir porque as pessoas vão ter que consumir os produtos que compraram”, explica.
 

Variação entre estabelecimentos 

Além de monitorar os aumentos nos custos, a pesquisa feita com a colaboração dos usuários do aplicativo também comparou os preços praticados entre os estabelecimentos. A maior variação encontrada foi no preço de um pacote de 500 gramas de macarrão: de 100%. Segundo a pesquisa, o mesmo pacote pode custar de R$ 2,49 até R$ 4,99.

 

Já um pacote de 1,6 quilo de detergente em pó custa tanto R$ 9,98 como R$ 15,69, uma variação de 57%. Outra diferença significativa de preço entre os supermercados foi encontrada no quilo do queijo mussarela. Os consumidores acharam o produto custando de R$ 15,98 a R$ 24,90, uma diferença de 56%. 

 

Para Feliciano Abreu, essas variações são “absurdas”. O criador do aplicativo comOferta pede que, como o isolamento muitas vezes impede o consumidor de pesquisar em mais de um local, as pessoas compartilhem informações sobre os preços. “Com o coronavírus precisamos expandir esse processo de trocas de informações”, afirma.

 

*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa


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