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Estado de Minas

Coronavírus: população de cidades mineiras lota supermercados

Em Divinópolis, onde foi registrado o primeiro caso do COVID-19, e Juiz de Fora, agora com dois casos, consumidores se abastecem com alimentos e produtos de higiene


postado em 17/03/2020 19:53 / atualizado em 17/03/2020 20:26

Daniel e Cláudia falam em passar um tempo no sítio da família pra proteger a filha(foto: Marcos Alfredo - Esp. para o EM)
Daniel e Cláudia falam em passar um tempo no sítio da família pra proteger a filha (foto: Marcos Alfredo - Esp. para o EM)
Ainda nas primeiras horas do dia, um cenário atípico em Divinópolis, Região Centro-Oeste de Minas, cidade onde foi registrado o primeiro caso de coronavírus no estado. Supermercados já registravam filas e algumas prateleiras vazias. A pandemia do COVID-19 e o decreto de emergência da saúde pública da prefeitura provocaram corre-corre para garantir o abastecimento. A situação se repete em Juiz de Fora, na Zona da Mata, onde dois casos foram registrados, sendo um deles com transmissão local. 

Na seção de limpeza de um supermercado de divinópolis, o item mais procurado era o papel higiênico e, consequentemente, a prateleira mais vazia. O aposentado Antônio José, de 72 anos, foi um dos que se levantaram cedo para fazer as compras. Integrante do grupo de risco para o coronavírus, ele disse que adota medidas de proteção, mas não quer ficar refém do medo. “Daqui a pouco a gente nem sai de casa”, afirmou, ignorando orientações de que o isolamento social é a maior prevenção.  

Sem demonstrar medo do vírus, Antônio José reforçou o estoque, segundo ele, com o básico(foto: Amanda Quintiliano - esp. para o EM)
Sem demonstrar medo do vírus, Antônio José reforçou o estoque, segundo ele, com o básico (foto: Amanda Quintiliano - esp. para o EM)
No carrinho, pacotes de papel higiênico, arroz, macarrão e produtos de limpeza. “Não quero estocar nada para não acabar e ficar ruim para todo mundo. Vim garantir o básico que já estava faltando lá em casa”, contou. A compra deve ser suficiente para um mês. Antônio mora com a esposa e dois filhos. Ele aguardava na fila da carne quando conversou com a reportagem. 

A auxiliar administrativa Denise Ferreira, de 53, também chegou cedo a um supermercado no Bairro Bom Pastor, região onde ela mora. Com máscara de proteção, afirmou que está tomando cuidados básicos para evitar a proliferação do vírus. “Não faço parte do grupo de risco, mas não podemos pensar apenas na gente. Os hospitais não têm condições de atender se a situação piorar”, opinou.

Com máscara de proteção, Denise chegou logo cedo ao supermercado para garantir, pelo menos, os produtos necessários(foto: Amanda Quintiliano - esp. para o EM)
Com máscara de proteção, Denise chegou logo cedo ao supermercado para garantir, pelo menos, os produtos necessários (foto: Amanda Quintiliano - esp. para o EM)
Denise optou por um carrinho menor do que a do aposentado. Disse que compraria apenas o necessário. “Se todo mundo resolver estocar, vamos ficar sem nada”, destacou.

Movimento triplica 

Em Juiz de Fora, a corrida aos supermercados foi intensificada após suspensão das aulas e eventos, por tempo indeterminado. 

Já na noite dessa segunda-feira, vários produtos já estavam escassos nas prateleiras, como feijão, cereais, sabonetes e álcool em gel. Além disso, a fila para os caixas estava bem longa e o movimento de clientes praticamente triplicou num dos maiores supermercados da cidade.

O casal Cláudia Teixeira, empresária de 42 anos, e Daniel Adário, educador físico, de 42, confirma que fez compras já pensando na situação de crise devido ao coronavírus. “Nunca vi fila no supermercado igual a esta, comprei bem a mais do costume para estoque. Estou levando mais arroz, queijo, água...”, explica Cláudia. Já Daniel acha que o vírus já está espalhado e que, se for preciso, vai para o sítio da família para proteger a filha - que já não vai à aula a partir desta terça-feira.

No carroceria da caminhonete de Maria Cristina, estoque de alimentos para mais de um mês(foto: Marcos Alfredo - esp. para o EM)
No carroceria da caminhonete de Maria Cristina, estoque de alimentos para mais de um mês (foto: Marcos Alfredo - esp. para o EM)
A comerciante Miriam Cristina, de 53, preferiu usar o carro utilitário para carregar toda a compra que corresponde ao consumo por, pelo menos, um mês, em casa. “Estou levando mais sacos de arroz, massa de tomate, macarrão e produtos de limpeza também, mas já está faltando papel higiênico na prateleira, estou levando de outra marca. Está todo mundo apavorado com esse coronavírus, assim, obriga a gente a fazer estoque e se prevenir. Eu estou com muito medo, nunca vi nada igual na minha vida”.

Sem risco de desabastecimento

O presidente do Sindicato dos Comércios Varejistas de Divinópolis, Gilson Amaral afirmou que o risco de desabastecimento nos supermercados da cidade é “quase zero”. “A cadeia produtiva e os fornecedores estão atendendo normalmente. Se houver desabastecimento, vai ser porque, talvez, as pessoas, antecipando essas compras, farão com que falte produtos”, alertou.

A suspensão de shows, eventos e a redução do movimento de bares e restaurantes, segundo o presidente da entidade, vai influenciar positivamente nos estoques das lojas. “Isso faz com que sobrem mais produtos que seriam entregues para esses locais e os fornecedores acabam direcionando para os supermercados”, explicou.

Amaral reforçou que o máximo que pode ocorrer é a ruptura do abastecimento de alguns produtos. “Quando aumenta essa média de compra, a reposição se torna mais lenta, porque dependemos de frete”. O único produto em falta, segundo ele, é o álcool em gel que antes tinha uma venda insignificante.

Casos confirmados

Juiz de Fora tem dois casos confirmados de coronavírus. Um homem de 65 anos, com histórico de viagem para os Estados Unidos, e outro, de 30 anos, com transmissão local. Em Divinópolis, uma mulher de 47 anos, com histórico de viagem para a Itália, foi infectada. 

*Amanda Quintiliano, especial para o EM


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