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Estado de Minas CRISE

Mineração força queda de 5,6% da produção mineira

Foi o segundo pior resultado, no país, em 2019, depois do mau desempenho da indústria capixaba. Demanda menor da América Latina pelas exportações contribuiu para o tombo


postado em 12/02/2020 04:00 / atualizado em 12/02/2020 08:41

Atividades em diversas minas da Vale no estado foram paralisadas com o rompimento de barragem em Brumadinho (foto: Agência Vale/Divulgação 4/2/14)
Atividades em diversas minas da Vale no estado foram paralisadas com o rompimento de barragem em Brumadinho (foto: Agência Vale/Divulgação 4/2/14)

A produção da indústria de Minas Gerais caiu 5,6% em 2019, na comparação com 2018, segunda maior retração observada no país no período, atrás apenas da retração de 15,7% no Espírito Santo. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal Regional, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em janeiro do ano passado, resultou em forte recuo da atividade extrativa tanto em Minas quanto no Espírito Santo, tendo puxado a média da produção industrial dos estados.
 
Em 2019, a produção do setor extrativo em Minas caiu 25,3%. O economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) Marcos Marçal lembrou que, com o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, a Vale paralisou ou reduziu significativamente as atividades de muitas reservas no estado. Como a economia mineira é muito dependente da mineração, sobretudo de ferro, o impacto foi forte. Porém, Marçal aponta que o crescimento abaixo do esperado no setor de transformação, de 0,9%, também contribuiu para diminuir o desempenho das fábricas do estado no ano passado. Segundo o economista, a Fiemg calculava expansão de 1,5% no segmento. “A crise na Argentina e na América Latina demandou menos das exportações mineiras nessa área”, explica.
 
No entanto, Marcos Marçal projeta que a indústria de Minas não só vai se recuperar, mas voltar a crescer em 2020. A Fiemg espera expansão na indústria de 3,2% este ano, sendo que o setor extrativo deve acumular alta de 6,9% no cenário traçado pela entidade dos empresários. Ainda de acordo com os cálculos da federação, a indústria de transformação deve crescer 2%. “Esperamos que seja uma recuperação gradual. Que a indústria recupere pouco no primeiro semestre, mas volte a crescer no segundo”, afirma Marçal.
 
O impacto do rompimento da barragem da Vale também foi sentido no setor extrativo do Espírito Santo. O segmento acumulou queda de 21,1% no estado no ano passado. Marcos Marçal analisa que o Espírito Santo deixou de produzir itens que dependem do minério de Minas. Mas, também foi verificada redução na extração de petróleo e gás no estado capixaba, que contribuiu para a queda na média do setor.
 
O IBGE registrou queda de produção da indústria em outros cinco locais, dos 15 pesquisados: Região Nordeste (-3,1%), Bahia      (-2,9%), Mato Grosso (-2,6%), Pernambuco (-2,2%) e Pará (-1,3%). Marcos Marçal afirma que não é possível apontar um único fator que explique essas reduções no ritmo das fábricas. “Alguns estados têm características concentradas em algumas atividades. Quando esses setores variam, afetam a indústria como um todo”. É o caso da indústria na Bahia, que foi afetada por uma redução da atividade automobilística, forte no estado. Impactada pelo encolhimento da extração em Minas e no Espírito Santo, a indústria geral brasileira também registrou queda, de 1,1%.

Perdas sazonais


Por outro lado, o IBGE identificou elevação da atividade industrial em oito localidades. Os estados que registraram as maiores altas foram Paraná (5,7%), Amazonas (4%) e Goiás (2,9%). Já a indústria em São Paulo, a maior do país, ficou praticamente estável, por trás crescimento de 0,2%. Para Marcos Marçal, esse quadro não deve ser sinal de alerta. “Não dá para afirmar nenhuma tendência. Nenhum setor sofreu variação substancial. É mais um resultado da média”, analisa.
 
Na comparação de dezembro de 2019 com o mesmo mês de 2018, a queda na produção industrial de Minas foi ainda mais intensa: de 13,6%. Ainda assim, a redução foi novamente menor do que a do Espírito Santo, de 24,8% no mesmo período. Marcos Marçal avalia que a redução também foi causada pela perda na mineração. Mas perdas sazonais, como no setor de celulose, também afetaram o cálculo.
 
A pesquisa registrou quedas em outros cinco locais, como Bahia (-4,7%), Goiás (-2,6%) e São Paulo (-1,6%). Já as altas foram apuradas em sete localidades, a exemplo de Amazonas (12,2%), Rio de Janeiro (4,5%) e Ceará (4,5%). Ainda segundo a pesquisa do IBGE, o ritmo de produção das fábricas mineiras também caiu entre dezembro e novembro de 2019. No período, houve recuo de 4,1% na indústria estadual. Nesse recorte, a queda foi menos acentuada apenas do que as apuradas no Mato Grosso (-4,7%) e no Rio de Janeiro (-4,3%). No período, a atividade de 12 das 15 localidades sofreram queda. As únicas regiões que apresentaram expansão da indústria entre novembro e dezembro do ano passado foram: Paraná (4,8%), Pará (2,9%) e Nordeste (0,3%).

* Estagiário sob a supervisão da subeditora Marta Vieira

ENFILEIRADOS


Destaques do recuo da produção industrial no Brasil em 2019

Nordeste -3,1%
Bahia -2,9%
Mato Grosso -2,6%
Pernambuco -2,2%
Pará -1,3%
Fonte: IBGE


Dramática falta de qualificação


A despeito da taxa de desemprego de 11% no último trimestre de 2019, cinco em cada 10 indústrias brasileiras enfrentam a falta de trabalhadores qualificados.  Em 2013, quando o desemprego era de 7%, o número de empresas que tinha dificuldades para encontrar mão de obra qualificada era de 66%, mesmo percentual registrado em 2011, período em que o país estava próximo do pleno emprego. As informações estão na Sondagem Especial – Falta de Trabalhador Qualificado, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
 
De acordo com a CNI, a falta de trabalhadores qualificados deve se agravar à medida que aumentar o ritmo de expansão da economia e se tornará um dos principais obstáculos ao crescimento da produtividade e da competitividade do país. A solução do problema, para a entidade, depende de ações no curto e no médio prazo. “De imediato, é necessário um esforço de qualificação e de requalificação da força de trabalho. No longo prazo, é preciso intensificar os esforços para melhorar a qualidade da educação básica no Brasil, priorizando a educação profissional”, diz o relatório da pesquisa, feita com 1.946 indústrias de todo o país.
 
No setor de transformação, o segmento de biocombustíveis é o que mais enfrenta dificuldades com a falta de mão de obra qualificada. Nesse segmento 70% das empresas dizem que têm problemas com a qualificação dos trabalhadores. Em seguida, se destaca o setor de móveis, no qual 64% dos empresários reclamam da falta de profissionais qualificados e, em terceiro lugar, empatados, aparecem as fábricas de roupas e de produtos de borracha. Em cada um desses setores, 62% dos industriais relatam a mesma dificuldade. Na indústria têxtil e de máquinas e equipamentos, o percentual é de 60%.

Operadores e técnicos A escassez de trabalhadores qualificados atinge todas as áreas das empresas. Mas, é maior na área de produção. Entre as empresas que relatam o problema, 96% afirmam que têm dificuldades para contratar operadores. Ainda na área de produção, 90% das empresas dizem que enfrentam dificuldades para encontrar trabalhadores de nível técnico. Também há falta de profissionais qualificados para as áreas de vendas e marketing (82%), administrativa (81%), engenharia (77%), gerencial (75%) e pesquisa e desenvolvimento (74%).



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