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Estado de Minas MERCADO

Bolsa sente os efeitos da epidemia na Ásia

Mau humor do mercado financeiro é alimentado por relatos de que a doença que já matou centenas na China estaria afetando negócios de importadores e exportadores brasileiros


postado em 11/02/2020 04:00

Em dia marcado pelo medo dos efeitos do coronavírus para a economia, o dólar encerrou com leve alta ante o real(foto: Jan Vasek /Pixabay)
Em dia marcado pelo medo dos efeitos do coronavírus para a economia, o dólar encerrou com leve alta ante o real (foto: Jan Vasek /Pixabay)


São Paulo – A percepção de que a epidemia do coronavírus está longe de ser contida, com o aumento do número de mortes e casos suspeitos na China e em outros países, fez a Bolsa fechar em queda o primeiro pregão da semana. Os relatos de que a doença tem afetado os negócios de exportadores e importadores brasileiros alimentam o mau humor do mercado, enquanto cresce o número de casas que consideram viés de baixa para o PIB de 2020.

Assim, o Ibovespa, principal índice da B3, terminou a sessão de ontem em baixa de 1,05%, aos 112.570,30 pontos, na antevéspera de vencimento de opções sobre o índice, o que também gerou pressão de vendas nesta primeira sessão da semana. O nível de fechamento de ontem foi o menor para o Ibovespa desde 16 de dezembro, quando o índice encerrou aos 111.896,04 pontos – no dia seguinte, fechou a 112.615,66. Na mínima, o índice foi hoje aos 112.134,40 e na máxima aos 114.176,46 pontos. No ano, acumula agora perda de 2,66% e, no mês, de 1,05%. As fortes chuvas que atingiram São Paulo e causaram transtornos em vários pontos da cidade não chegaram, segundo operadores, a prejudicar os negócios da Bolsa, que teve giro de R$ 29,1 bilhões nesta sessão, em nível elevado.

No início da tarde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que, na China, já foram identificados 40.235 casos de coronavírus, com 909 mortes. No resto do mundo, 309 pacientes foram diagnosticados com a doença em 24 países, com uma morte nas Filipinas. "Cerca de 2% dos casos são fatais, o que ainda é muito", disse o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça.

A epidemia tem causado revisões para baixo no PIB da China, segunda maior economia do mundo e principal parceira comercial do Brasil. Na semana passada, por exemplo, o JPMorgan cortou estimativa para a expansão da economia chinesa, de 4,9% para 1% no primeiro trimestre e de 5,8% para 5,4% no ano.

No Brasil, o movimento de revisões é mais tímido, mas os sinais de alerta têm crescido. Em relatório divulgado ontem, o Commerzbank ressaltou que os dados de atividade econômica têm sido decepcionantes no Brasil, sem que ainda se saiba a extensão do impacto do coronavírus. O Itaú Unibanco e o Banco Fibra, por sua vez, admitiram, também em relatórios divulgados ontem, que consideram viés de baixa para suas projeções de PIB em 2020, atualmente em 2,2% e 2,6%, respectivamente. Ambos citam o coronavírus como fator de risco.

Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença, afirma que a falta de perspectivas positivas para a epidemia reforça o pessimismo. "Por enquanto, não estamos vendo nenhuma solução. Os casos de morte e os casos suspeitos estão aumentando, os exportadores e importadores estão tendo problemas e algumas casas têm reduzido suas estimativas para o PIB", diz. Na semana passada, por exemplo, a Itaú Asset diminuiu projeção para o crescimento da economia brasileira, de 2,7% para 2,3% em 2020.

As declarações dadas ontem pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também pesaram sobre os negócios. Maia disse que a privatização da Eletrobras "a cada dia que passa, fica mais difícil". Os papéis ON da estatal caíram 3,78% e ajudaram a derrubar o principal índice da B3.

Dólar 

Em uma sessão marcada pela baixa liquidez no Brasil, o dólar encerrou o dia em leve alta ante o real. O principal vetor para o mercado foi, novamente, as incertezas em relação ao crescimento global em função do surto de coronavírus na China. As chuvas que atingem São Paulo desde a noite de domingo reduziram as negociações nas mesas.

O dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,03%, aos R$ 4,3220. Já a moeda americana para março subiu 0,07%, aos R$ 4,3290. O volume de dólar futuro negociado ficou perto de US$ 13,3 bilhões – abaixo do que é visto em um dia normal de negócios. "Muita gente não chegou ao trabalho hoje (ontem) por conta das chuvas. E quem chegou às vezes tem problemas para processar a operação", comentou durante a tarde o profissional da mesa de câmbio de um grande banco. "Muito trader ficou em casa."

De acordo com o diretor da Fourtrade Corretora, Luiz Carlos Baldan, alguns bancos nem chegaram a abrir posições no mercado, porque tinham dificuldades no backoffice para atender os clientes. "O mercado nem pode oscilar tanto, porque não há nem muito parâmetro para oscilar. Parece que é um dia de não mercado", comentou.

Durante a sessão, o dólar à vista chegou a registrar a máxima de R$ 4,3292 (+0,19% em relação ao fechamento de sexta-feira), um recorde histórico em termos nominais. O viés de alta era puxado pelas incertezas em relação aos impactos da epidemia de coronavírus sobre o crescimento da China e, em consequência, do restante do mundo.

Juros 

Os juros futuros encerraram o dia de lado nos vencimentos de curto prazo e com leve queda nos trechos longo e intermediário. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular com taxa de 4,265% e a estendida a 4,255%, ante 4,275% no ajuste de sexta-feira. A do DI para janeiro de 2023 encerrou a regular em 5,52% e a estendida em 5,50%, de 5,56% na sexta-feira. A do DI para janeiro de 2025 passou de 6,202% para 6,15% (regular) e 6,13% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,48% (regular) e 6,46% (estendida), ante 6,55%.





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