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Estado de Minas MERCADO

Bolsonaro aposta que preço da carne vai cair

Para o presidente, alta do produto nesta época do ano é normal e se deve à entressafra. Ministra da Agricultura diz que arroba do boi já baixou para o produtor e agora precisa diminuir no varejo


postado em 10/12/2019 04:00 / atualizado em 09/12/2019 23:28

''É natural nesta época do ano a carne subir por volta de 10%. Subiu um pouco mais tendo em vista as exportações'' - Jair Bolsonaro, presidente
''É natural nesta época do ano a carne subir por volta de 10%. Subiu um pouco mais tendo em vista as exportações'' - Jair Bolsonaro, presidente

Brasília – O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que o preço da carne no mercado brasileiro deve cair. Bolsonaro justificou a alta pela entressafra. “É natural nesta época do ano a carne subir por volta de 10%. Subiu um pouco mais tendo em vista as exportações”, disse o presidente ao participar de uma transmissão em redes sociais com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina (DEM). A ministra disse que a alta é “temporária”. “O senhor pode garantir à população que nós temos o maior rebanho comercial do mundo. Isso foi um período, uma seca, a entressafra do boi, mas a arroba já baixou para o produtor e agora o preço precisa baixar na gôndola”, disse ela.

Bolsonaro disse que está levando “pancada” pelo preço da carne. “Muitos falam, nas redes sociais, que tem de ter tabelamento. Na Venezuela, está tudo tabelado: vai lá comprar carne”, disse Bolsonaro. O ministério informou na última sexta-feira que houve recuo de 9% nos preços da carne bovina no mercado doméstico na primeira semana de dezembro.

De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola de Agricultura da Universidade de São Paulo (USP), entre 31 de outubro e o final de novembro, o preço real da carne aumentou em 35,3% em São Paulo. Entre as razões, estão a recuperação da demanda interna, as secas prolongadas, o grande volume de exportações para a China e a alta do dólar, que tornou o produto brasileiro ainda mais competitivo no mercado internacional. “Não existe nenhum problema de abastecimento. Estamos vivendo um momento de transição de preço”, disse Cristina.

Ontem, o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), André Braz, avaliou que a inflação das carnes deverá seguir pressionando o orçamento das famílias até a virada de janeiro para fevereiro, mas o movimento é pontual e não muda o cenário mais geral da dinâmica de preços. A FGV informou ontem que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de novembro acelerou para 0,85% em novembro, ante alta de 0,55% registrada em outubro.

Em meio ao aumento das exportações para a China por causa do impacto da peste suína africana (PSA) naquele país, a inflação das carnes foi destaque na aceleração, tanto no atacado quanto no varejo. “As carnes poderão continuar subindo até lá pelo fim de janeiro, ou início de fevereiro, quando devem apresentar alguma desaceleração. Essas deficiências de mercado não se mantêm por muito tempo”, afirmou Braz, numa referência aos fatores que têm impulsionado a demanda da China pelas carnes brasileiras.

''Isso foi um período, uma seca, a entressafra do boi, mas a arroba já baixou para o produtor e agora o preço precisa baixar na gôndola''

Tereza Cristina (DEM), ministra da Agricultura


O destaque entre esses fatores é a PSA, que atingiu o rebanho chinês este ano, obrigando o gigante asiático a importar mais. A demanda por carne bovina e de frango vai a reboque, dado o tamanho do mercado da China, disse Braz. E o Brasil tem sido privilegiado como fornecedor não só por ser o maior produtor global, como pelo fato de as disputas comerciais atrapalharem as compras chinesas dos Estados Unidos e de uma seca ter afetado a produção na Austrália. Além disso, a desvalorização do real torna a carne brasileira mais competitiva.

Somado ao quadro favorável para as exportações para a China, o aumento sazonal da demanda, marcado pelas festas de fim de ano, formaram a tempestade perfeita sobre os preços das carnes. Braz identifica no fim desse crescimento sazonal da demanda, no início de 2020, o ponto de virada para a desaceleração da inflação das carnes – o que significa a manutenção dos preços no novo nível mais elevado. “Mesmo que as exportações se mantenham em alta, há um limite para esses aumentos de preços”, afirmou Braz, lembrando a demanda enfraquecida pelo baixo crescimento da atividade econômica como limitador de repasses. Segundo Braz, a desaceleração da inflação das carnes será rapidamente sentida pelos consumidores, porque a transmissão entre atacado e varejo é quase imediata – muito consumidas, as carnes costumam ter estoques pouco elevados, que giram rapidamente.
 

Crítica a lobbies e cartéis


Na mesma transmissão pelas redes sociais em que comentou o preço da carne, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu ontem que “lobbies” e “cartéis” contribuem para o aumento do preço dos combustíveis no país. “Questão dos combustíveis, o pessoal tem falado muito. Pedi ao ministro das Minas e Energia, por exemplo, pegar um estado, o Rio de Janeiro, o meu estado. Pega o preço da gasolina lá na refinaria e na bomba final e no meio do caminho quem está ganhando dinheiro. Tem lobbies, tem cartéis que não são fáceis. Muitas decisões passam pelas agências reguladoras”, disse Bolsonaro. “Pessoal estava criticando possível taxação do sol. Isso passa pela Aneel. Elas (as agências) têm autonomia. Ponto final”, declarou o presidente. Bolsonaro disse que, por não ter poder sobre as decisões das agências, o “governo não tem a força que o povo pensa que tem”.

O presidente ainda elogiou decisão da Anvisa de proibir plantio de Cannabis com fins medicinais e de pesquisa. “É a porta aberta. Tomou-se a melhor medida. Foi 3 a 1, um dos integrantes não votou. Mas poderia ser 3 a 1 pro outro lado.”

Clima Na mesma “live”, a diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, Mariane Crespolini Cargo, questionou as mudanças climáticas. “Tem muito pesquisador bom, de credibilidade, que mostra que não existe. Mas o barulho que a opinião pública e alguns jornalistas estão fazendo é quase um Rock in Rio. Aí eu coloquei uma reflexão: se elas existem ou não, presidente, nós temos resultados para quem acredita. Então, o Brasil tem a solução para isso. Absorção de gases de efeito estufa dessa tecnologia, presidente, é só o benefício. O objetivo do Ministério da Agricultura é produzir mais alimentos, mais baratos e com mais renda para o produtor”, disse a diretora do Departamento de Produção Sustentável.

Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre interesses estrangeiros em questões ligadas à Amazônia. “Por que essa bronca toda de fora contra a região amazônica? Outros interesses estão em jogo, com toda a certeza”, disse. O presidente também voltou a atacar a Noruega: “Pessoal dessa área, dessa região, gosta de matar baleia, não gosta não? Imagina se o Brasil matasse uma baleia. Não vamos liberar a caça da baleia no Brasil, não se preocupa, pessoal”, disse Bolsonaro.




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