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Estado de Minas

'Acordo de livre comércio com a China ameaça indústria brasileira', diz presidente da Fiemg

Segundo o empresário Flávio Roscoe, declaração do ministro da Economia Paulo Guedes sobre criação de área de livre comércio entre Brasil e China foi uma grande surpresa para o setor.


postado em 14/11/2019 17:27 / atualizado em 14/11/2019 17:46

(foto: Túlio Santos/EM DA Press)
(foto: Túlio Santos/EM DA Press)
A intenção do governo brasileiro de formar uma área de livre comércio com a China anunciada pelo ministro da Economia Paulo Guedes, acendeu o sinal amarelo para o setor industrial do país.

Segundo o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, uma competição com a indústria chinesa pode inviabilizar a produção local e gerar uma grave crise no país.

“Nenhum país de grande expressão jamais fez um acordo desse tipo e dessa complexidade com a China. Por que será?”, pergunta Roscoe.

Na quarta-feira (13) – enquanto o presidente Jair Bolsonaro se reunia com o presidente Xi Jinping – o ministro afirmou que o Brasil vai procurar se abrir economicamente de forma rápida a partir de agora.

“Estamos conversando com a China sobre a possibilidade de considerarmos uma área de livre comércio. Estamos buscando um alto nível de integração. É uma decisão. Queremos nos integrar às cadeias globais. Perdemos tempo demais, temos pressa”, disse Paulo Guedes durante seminário do banco dos Brics (Brasil, China, Índia, Rússia e Africa do Sul), em Brasília.

Acordo inviável 

Segundo o presidente da Fiemg, a construção de acordos econômicos entre Brasil e China podem ser positivos para as duas nações, desde que não envolvam aberturas complexas e de grande impacto na indústria brasileira.

“Entendemos que a China já é um grande parceiro comercial do Brasil e que acordos pontuais podem significar avanços. Mas um acordo amplo, como sugerido pelo ministro, é algo complexo e que pode ser muito maléfico para o povo brasileiro”, analisou Roscoe.

O empresário considera que, em um cenário de livre comércio, a China continuaria comprando do Brasil produtos primários, como minério de ferro e soja, e vendendo manufaturados a preço barato com subsídios de seu governo.

O presidente da Fiemg afirmou que a fala de Guedes foi recebida como surpresa pelos empresários e que espera conversar com o ministro e com a equipe econômica do Planalto nos próximos dias para apresentar suas preocupações sobre a relação com o país asiático.

“Esse acordo comercial seria inviável e pode ferir os interesses nacionais. A China cresceu aumentando sua participação na indústria mundial e se tornou o bicho papão de todo mundo. Com o Brasil acontece o inverso, continuamos exportando primários. Deveríamos estar copiando a China e não apenas vendendo produtos primários”, afirmou Flávio Roscoe.

Processo lento e complexo

Apesar da declaração contundente de Paulo Guedes, o secretário-especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, adotou um tom mais cauteloso ao comentar sobre as negociações com a China e considerou um acordo de livre comércio “bastante distante”.

Segundo ele, o processo seria longo e teria de passar pelo Mercosul (bloco que o Brasil forma com Argentina, Paraguai e Uruguai). Inicialmente, o governo espera apenas aumentar o número de produtos no comércio com o país asiático.

Desde 2009 a China se tornou o país que mais compra produtos do Brasil, ocupando o lugar que era dos Estados Unidos. Entre janeiro e outubro deste ano, as exportações brasileiras para o gigante asiático chegaram a US$ 51,5 bilhões, enquanto as importações daquele país atingiram US$ 30 bilhões. Ou seja, o saldo comercial foi positivo para o Brasil em mais de US$ 20 bilhões nos primeiros dez meses de 2019.

Na última década, os chineses também passaram a ocupar lugares de destaque entre as principais fontes de investimento estrangeiro no Brasil, com gastos principalmente no setor de geração e transmissão de energia e no setor de óleo e gás.


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