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Estado de Minas AVIAÇÃO

Passaredo reage a investida da Azul sobre seus pilotos

Depois de anunciar a compra da MAP e aumentar sua presença no aeroporto de Congonhas, seus pilotos e copilotos teriam sido procurados pelo RH da concorrente. Caso chegou ao Cade


postado em 28/08/2019 06:00 / atualizado em 28/08/2019 08:57

O foco da Passaredo é oferecer voos em rotas no interior do país, e por isso quer aumentar sua frota (foto: Guilherme Dotto/@rao_spotter/Divulgação)
O foco da Passaredo é oferecer voos em rotas no interior do país, e por isso quer aumentar sua frota (foto: Guilherme Dotto/@rao_spotter/Divulgação)

São Paulo – “Boa noite. Aqui é XXX (trecho apagado), do RH da Azul, caso tenha interesse em fazer parte do processo de seleção de pilotos, por favor, informe seu e-mail. Grata”.

A mensagem acima começou a ser disparada nos últimos dias para a conta de WhatsApp de pilotos e copilotos da Passaredo, como afirma o presidente da empresa, José Luiz Felício Filho. Ele relata que foi informado sobre a ação da concorrente pelos próprios profissionais, com quem mantém grupos no mesmo aplicativo.
 
A reação de Felício, orientado pelo departamento jurídico da companhia aérea, foi protocolar na última segunda-feira uma ação contra a Azul junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O objetivo é barrar o movimento da concorrente em direção ao seu time de pilotos e copilotos.
 
"Comecei na Passaredo como aviador. Minha carreira foi com esses profissionais, é uma relação pessoal. Nos últimos dias, os funcionários começaram a entrar em contato comigo para falar sobre a postura da Azul, que vem oferecendo posições maiores para minar nosso projeto em Congonhas”, acusa o empresário.

Ética


O presidente da Passaredo acredita que o objetivo da Azul é comprometer sua operação. "Nunca tinha acontecido isso. Há um processo ético no setor. Mas agora, 80% do meu grupo foi contatado pelo RH da Azul. Não é algo normal. Contratações fazem parte do jogo, mas não para desmobilizar um concorrente. Se fosse para a expansão com ATRs até poderia acontecer, mas não é o caso. Estão convidando pilotos e copilotos para irem direto para os aviões da Embraer e da Airbus. É uma tentativa de sabotagem”.
 
A Azul nega que tenha assediado funcionários de outras empresas, mas deixa dúvidas se a aproximação de quadros da concorrência ocorre ou não. Por meio de nota, afirmou que por conta do seu crescimento tem ampliado o quadro de tripulantes “diariamente”.
 
Neste ano, informa a Azul, devem ser incluídos em sua frota cerca de 30 novos aviões. Com isso, 2 mil tripulantes devem fazer parte da companhia até dezembro. “O recrutamento de novas pessoas é feito com os recursos disponíveis no mercado brasileiro e, em alguns casos, os candidatos atuam em outras companhias do setor, como é comum em qualquer indústria”, declara a empresa. Hoje, completa a nota, há vagas abertas para pilotos.
 
"Com nossa expansão no Norte e em Congonhas, estamos contratando. Há excelentes profissionais da Avianca. Por que a Azul não quer absorver esse pessoal? Diante desse contexto, decidimos tomar essas medidas junto ao Cade”, explica o presidente da Passaredo.

CONGONHAS Para Felício, as mensagens enviadas aos tripulantes de suas aeronaves são uma forma de desestabilizar a empresa em um momento importante. Assim como a Azul, a Passaredo também ficou com parte dos slots – posições em aeroportos – que a Avianca tinha em Congonhas, em São Paulo.
 
Em meados de agosto, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou a distribuição dos slots em Congonhas: a Azul ficou com 15 slots, a Passaredo recebeu 14 e 12 foram destinados à MAP, além de 14 posições concedidas na pista auxiliar para a Two Flex. A Azul tentou ficar com todos os slots da Avianca, mas teve de se contentar com apenas uma parte. Como os planos não saíram como o desejado, a Azul realocou 19 voos de Porto Alegre e Curitiba e assim passará a operar a partir de amanhã com 24 slots.
 
Mas o jogo virou novamente depois que, na semana passada, a Passaredo anunciou a aquisição da MAP. O movimento do RH da Azul teria começado na sexta-feira, um dia após o negócio ser fechado. O valor não foi revelado por conta de uma cláusula de confidencialidade que faz parte do contrato. Segundo Felício, as duas operações seguirão de forma independente, mas o novo dono explica que vai buscar possíveis sinergias.

MAP E PASSAREDO O mercado da aviação estranhou a rapidez com que o negócio entre Passaredo e MAP foi sacramentado. Felício diz que as direções das duas empresas perceberam que precisariam correr atrás de ganhos de escala para reduzir os custos de operação em Congonhas.
 
As duas companhias operam o mesmo tipo de aeronave e têm foco na oferta de voos para o interior do país. ”Começamos a trabalhar sobre o que poderia fazer em conjunto, por exemplo, quanto a equipe de aeroporto e o estoque de peças. Vimos que a sinergia é muito grande. As duas empresas têm um perfil muito parecido. A MAP conta com uma boa capilaridade no Norte e tem planos para Nordeste”, detalha o presidente da Passaredo.
 
"Chegamos em um ponto em que faltava definir quem compraria quem. A Passaredo tem um histórico de 25 anos, a MAP tem sete. São 10 aeronaves juntas e quatro chegando, um para a MAP e mais três para a Passaredo”, diz.
 
A previsão do presidente da Passaredo é que as duas companhias comecem a operar em Congonhas no fim de outubro. Para o controlador das empresas, a decisão de levar o caso das mensagens por WhatsApp para o Cade é uma forma de estancar o assédio da concorrente e evitar possíveis prejuízos, como o adiamento da operação no aeroporto paulista por conta da falta de profissionais.
"A gente sofreu muito para chegar até aqui. É o meu negócio. Quero ter independência para administrá-lo. Sei onde eu quero chegar. O interior está carente. Todo dia recebo ligações de prefeitos que querem ter voos em suas cidades”, diz Felício, que atua há 25 anos no setor.

TIME UNIDO Apesar de acusar a Azul de assediar seus funcionários, Felício conta que nenhum funcionário trocou a camisa da Passaredo pela da concorrente nos últimos dias. "O grupo está entendendo o momento da empresa, vê a possibilidade de crescimento e de serem promovidos a comandante. A diferença de salário não é tão grande assim. Vamos dobrar a empresa em 12 meses".
O presidente da companhia garante ainda que tanto a Gol quanto a Latam, que detém, respectivamente, 43,58% e 43,95% dos slots em Congonhas, não procuraram sua tripulação para fazer propostas de emprego desde que a Anac anunciou quem ficaria com as posições da Avianca. Ambas as companhias têm acordos operacionais com a Passaredo, que possibilitam a integração de voos e destinos.
 
Antes de tentar levar a tripulação da Passaredo, segundo Felício, a Azul já teria buscado formas de tirar os concorrentes do processo de redistribuição dos slots. O presidente da companhia conta que a Azul alegou que seus aviões não tinham performance para operar na pista principal de Congonhas e que sua capacidade era pequena.
 
"Existe espaço para todos. Havia uma reclamação quanto ao duopólio em Congonhas, mas agora foi dado o acesso ao aeroporto. Agora, fazem essa tentativa de desmobilizar a Passaredo”, afirma. Com a saída da Avianca do mercado, Felício acredita que a aviação brasileira começa um novo ciclo.
A operação da Passaredo e da MAP em Congonhas, com os novos slots, está programada para 27 de outubro. A Azul dará a largada antes, a partir de amanhã (29), com o primeiro voo na ponte aérea. John Rodgerson, presidente da companhia, estará no aeroporto paulista para dar boas-vindas aos passageiros do voo inaugural nesse trecho.
 
Já Felício não quer saber da ponte aérea Rio de Janeiro-São Paulo, o trecho mais desejado pelas concorrentes por conta da alta demanda e da rentabilidade. A empresa vai continuar seu projeto de interiorização, com oferta de voos para cidades do Paraná, interior de São Paulo, de Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais – por exemplo, oferecendo trechos como Ponta Grossa/Congonhas, Dourados/Congonhas, Ipatinga/Congonhas e Uberaba/Congonhas. A previsão é retomar a operação no Norte do país.

Latam prevê investimento DE US$ 500 milhões

O Grupo Latam Airlines anunciou que está investindo cerca de US$ 500 milhões na reformulação do interior de suas aeronaves e em melhorias de serviço. O primeiro avião, um Boeing 777, remodelado foi apresentado ontem, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP).
 
Outras 200 aeronaves, o que representa pouco mais da metade da frota da companhia, passarão pelo mesmo processo de remodelagem. A apresentação do 777 aconteceu no novo centro de manutenção de linha (CML), construído com o objetivo de aumentar os ganhos de eficiência nas operações em Cumbica, que representa hoje o maior centro de conexões da Latam no Brasil.
O CML ocupa 65 mil metros quadrados e conta com aproximadamente 400 funcionários. Sua capacidade possibilita o atendimento simultâneo de sete aeronaves de dois corredores, como os Boeing 777, 767 e 787 e o modelo Airbus A350. Ou até 19 aviões de um único corredor da família Airbus A320.


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