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Estado de Minas

Soja brasileira ganha fôlego com livre comércio entre Mercosul e União Europeia

Indústria de óleos vegetais revê projeção para exportações embalada pelo acordo do Mercosul com a União Europeia e a guerra comercial dos EUA e China


postado em 11/08/2019 04:00 / atualizado em 11/08/2019 07:45

Embarque em graneleiro no Porto de Paranaguá (PR): expectativa é de que volumes vendidos no exterior passem de 70 milhões de toneladas (foto: Arnaldo Alves/Gazeta do Povo - 30/4/04)
Embarque em graneleiro no Porto de Paranaguá (PR): expectativa é de que volumes vendidos no exterior passem de 70 milhões de toneladas (foto: Arnaldo Alves/Gazeta do Povo - 30/4/04)

As exportações de soja brasileira deverão se aproximar de 72 milhões de toneladas na safra de 2019. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), as projeções para embarque de soja em grão cresceram 4,2% em relação às previsões anteriores, devido ao agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, com impacto positivo na demanda pelo produto do Brasil. A demanda interna pelo grão para que seja processado é também aquecida e contribui para uma oferta cada vez mais ajustada.
O anúncio do acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia gerou entusiasmo no setor. A Abiove recebeu de forma positiva a notícia. André Nassar, presidente da entidade, ressalta que esse marco vai estimular a industrialização, fundamental para o desenvolvimento e competitividade do país.
 
“Com as tarifas zeradas sobre a importação de carnes por parte da UE, a maior demanda pelo produto refletirá positivamente na demanda doméstica por farelo de soja para produção de proteínas animais. Reduzir barreiras é crucial para estimular o mercado interno e agregar valor à nossa indústria”, destaca Nassar. As tarifas de importação sobre a soja e o farelo de soja já são nulas, mas o acordo favorecerá o agronegócio brasileiro pelo estímulo à agregação de valor nas exportações.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Mercosul e a UE representam, somados, PIB (Produto Interno Bruto, a soma da produção de bens e serviços) de cerca de US$ 20 trilhões, aproximadamente 25% da economia mundial, e mercado de aproximadamente 780 milhões de pessoas. O acordo constituirá uma das maiores áreas de livre comércio.

Oportunidade A União Europeia é o maior importador agrícola mundial. Em 2018, o bloco importou US$ 182 bilhões. O Brasil é hoje o segundo maior fornecedor de produtos agrícolas ao mercado europeu. A estimativa da produção de grãos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para a safra 2018/19, é de 240,7 milhões de toneladas. O crescimento deverá ser de 5,7% ou 13 milhões de toneladas acima da safra anterior.
 
A área plantada está prevista em 62,9 milhões de hectares. O crescimento calculado foi de 1,9%, comparando-se com a safra 2017/18. Os maiores aumentos de área são de milho segunda safra (819,2 mil hectares), soja (717,4 mil hectares) e algodão (425,5 mil hectares).
A soja apresentou crescimento de 2% na área de plantio e redução de 3,6% na produção, atingindo 115 milhões de toneladas. O Centro-Oeste e o Sul representam mais de 78% dessa produção. Segundo a Conab, houve aumento de área plantada em comparação a 2017/18, alcançando cerca de 35.866,6 mil hectares.
 
Esse incremento influenciou a estimativa de produção, sobretudo pela menor produtividade média alcançada em razão das adversidades climáticas registradas ao longo do ciclo e dos excepcionais rendimentos apresentados na safra passada, que acabam impactando a base de comparação dos dados. Ainda assim, as lavouras com espécies de ciclo médio e tardio foram menos afetadas pelas intempéries climáticas e isso suavizou a previsão inicial de diminuição da produtividade média.

Mineiro bom de produtividade

O produtor mineiro Matheus Grossi Terceiro, de Patrocínio, no Noroeste de Minas Gerais, foi o campeão da Região Sudeste na 11ª edição do Desafio CESB de Máxima Produtividade de Soja. Ele alcançou a média de 110,45 sacas de soja por hectare na safra 2018/2019, o que representa mais do que o dobro da média nacional, que é de 53,4 sc/ha na safra 2018/2019, ainda de acordo com a Conab.
 
Para chegar a esse patamar de produtividade, o produtor mineiro teve de enfrentar desafios como a instabilidade do clima, que foi o grande vilão da safra 2018/2019 da soja. “No começo do ciclo houve períodos com grandes volumes de água e vários dias nublados, com baixa luminosidade, prejudicando o crescimento vegetativo da planta. No período da colheita ocorreram chuvas, que prejudicaram a qualidade (peso e sanidade) dos grãos”, conta.
 
O título nacional foi concedido ao produtor de Cruz Alta (RS), Maurício de Bortoli. Ele colheu 123,88 sacas de soja por hectare. Foi o primeiro ano da história do concurso do Comitê que o grande campeão nacional veio de plantio em uma área irrigada. Para conseguir alta produtividade, Bortoli revela que investiu no manejo agronômico, com a escolha de uma cultivar com características genéticas e fisiológicas compatíveis com o solo e com o clima do local onde fez o plantio. “Como sou produtor de sementes, tive um cuidado e atenção no controle de pragas e doenças que pudessem impactar em redução da produtividade e da qualidade do produto final”, afirma.
 
Desde 2008 o CESB revela os resultados alcançados pelos sojicultores brasileiros, demonstrando que é possível aumentar a produtividade sem aumentar a área, seguindo os preceitos de sustentabilidade e rentabilidade. “Esse índice alcançado pelo campeão do Desafio é uma amostra do potencial que a produção brasileira de soja possui, o que vem fazendo com que o país cresça no setor e se firme como um dos principais fornecedores de soja do mundo”, avalia o presidente do CESB, Leonardo Sologuren.
 
Ele destaca o fato de a soja ser plantada em todas as regiões do Brasil, demonstrando a adaptabilidade do grão aos solos brasileiros. Isso ficou evidente nas inscrições do Desafio 2018/2019, em que o Comitê atingiu 11,5% das áreas plantadas de soja do Brasil – o que representa 4,14 milhões de hectares. O Brasil conta com cerca de 36 milhões de hectares cultivados com a oleaginosa. (EG)


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