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Estado de Minas

Reforma na aposentadoria vai exigir mais recurso de poupador

Com as prováveis mudanças nas aposentadorias, investimentos em planos complementares disparam. Fundos terão desafio adicional de buscar rentabilidade em cenário de juros baixos


postado em 05/08/2019 06:00 / atualizado em 05/08/2019 07:56

(foto: Lucas Pacífico/CB/D.A Press)
(foto: Lucas Pacífico/CB/D.A Press)
Brasília – Com a expectativa cada vez maior de aprovação da reforma da Previdência, a procura por fundos de previdência complementares cresce significativamente. Pesquisa da Economática mostra que o patrimônio líquido de 33 gestoras que oferecem planos privados aumentou em R$ 363 bilhões entre 2016 e junho de 2019. Nos últimos 12 anos, a adesão foi igualmente crescente. Desde 2007, o valor investido em fundos de previdência privada passou de R$ 94 bilhões para R$ 852 bilhões, alta de mais de 800%.
 
“As pessoas começaram a entender a grande pirâmide que é a previdência e passaram a se preocupar. Houve uma conscientização de que a Previdência Social é deficitária, sem sustentabilidade, e isso abriu os olhos para planos complementares”, diz o consultor da Rio Claro Investimentos, Victor Gonzales. O sistema privado é um benefício opcional que fornece renda extra durante a aposentadoria, proporcional à sua contribuição. Nos fundos privados, é possível escolher o valor da contribuição e a periodicidade dos pagamentos, e o valor investido pode ser resgatado a qualquer momento.
 
Há dois tipos: o Plano Gerador de Benefício Definido (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). O primeiro é recomendado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda (IR), pois permite deduzir as aplicações. Já o VGBL é melhor para quem faz a declaração simples do IR, e permite contribuições em valores acima de 12% da renda bruta (veja no quadro ao lado).
 
A servidora pública Julia Almeida, 29 anos, começou a investir em fundo privado de previdência recentemente. “Pesquisei sobre a previdência privada e optei por contratar um plano simples, oferecido pelo meu banco. Os servidores costumam receber um valor maior, mas, com a reforma, os benefícios ficarão no teto do INSS. Preocupei em manter, na aposentadoria, o padrão de vida que tenho”, conta.
 
A contribuição que Julia faz é menor do que a da Previdência Social, fica em torno de R$ 250 por mês. “Na Social, falta clareza para o servidor sobre as regras e como a sua contribuição vai retornar no futuro. Na privada, a gente tem mais facilidade de encontrar informações”, explica a servidora.
 
Para Renato Follador, economista especialista em Previdência, todos que estarão recebendo acima de R$ 3 mil no fim da carreira devem procurar um fundo privado de aposentadoria. “A grande diferença da Previdência Social para a privada está nos juros. Se você fizer as contas, depois de 35 anos de investimentos em um fundo complementar, 5% da sua poupança previdenciária na hora da aposentadoria será incentivo tributário do governo, 26% será o dinheiro que saiu do seu bolso para contribuição, e 69%, juros do mercado financeiro”, afirma o especialista. “Essa é a grande vantagem.”
 
Porém, o economista explica que é importante se preocupar com a solidez da instituição que oferece o plano e com a taxa de administração financeira. “Se você faz um plano para se aposentar em 35 anos, a instituição contratada tem que existir até lá. Além disso, quanto menor a taxa de administração financeira da instituição, maior será a sua aposentadoria”, sustenta.
 
Lyndon Johnson Vieira, 51, é funcionário da Caixa e tem plano complementar do próprio banco desde 1990. “É vantajoso porque eu posso me aposentar com uma renda superior à do meu cargo atual, desde que contribuia para isso”, explica. “O fundo privado também me dá o benefício de resgatar empréstimos com juros mais baixos e prazos maiores.”
 
No entanto, há quem não recomende a previdência privada. Para o educador e terapeuta financeiro Jônatas Bueno, os sistemas disponíveis ultrapassados. “Só funcionam se tiver expectativa de vida e acumular durante todo esse período, além de ter penalidades para retirar antes. É mais vantajoso para o sistema financeiro”, diz. Bueno sustenta que uma cartela de investimentos diversificada é o melhor caminho para quem pensa a longo prazo. “Para ter uma velhice tranquila, o ideal é acumular patrimônio. Ao investir de maneira diversificada em vários ativos, diminui o risco e a rentabilidade pode ser bem maior do que o da previdência privada”, avalia.
 
Na última quarta-feira, o Banco Central reduziu a taxa de juros básica (Selic) para 6% ao ano, a menor desde início do regime de metas de inflação. A medida, segundo o economista Ricardo Follador, deve prejudicar os fundos da Previdência de servidores públicos, além de colocar a gestão dos privados em risco. “Todos terão o desafio de buscar rentabilidade em um cenário de juros muito baixos”, justifica.

*Estagiárias sob a supervisão da subeditora Rozane Oliveira


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