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Estado de Minas

Brasil é campeão mundial da sucata

Empresas, associações e especialistas reivindicam leis e incentivos para estimular a reutilização de materiais abandonados em pátios e ferros-velhos. Brasil recicla apenas 1,5% de carros velhos e batidos


postado em 09/04/2019 06:00 / atualizado em 09/04/2019 08:28

Eduardo Santos, consultor e coordenador técnico da Ilha de Reciclagem Automotiva, diz que veículos sem condição de uso deveriam ser enviados corretamente para o desmonte(foto: Arquivo pessoal )
Eduardo Santos, consultor e coordenador técnico da Ilha de Reciclagem Automotiva, diz que veículos sem condição de uso deveriam ser enviados corretamente para o desmonte (foto: Arquivo pessoal )

São Paulo – A reciclagem automotiva tem avançado no Brasil, mas está longe do ideal. Embora o país tenha dobrado o volume de reciclagem de carros velhos e batidos na última década, hoje reaproveita apenas 1,5% das carcaças apodrecidas e das peças enferrujadas abandonadas em pátios e ferros-velhos em todo o país, de acordo com as projeções do Sindicato das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Sindinesfa).

É um percentual irrisório, e o mais baixo do mundo entre as economias mais desenvolvidas, dentro de um mercado com 35 milhões de carros em circulação – dos quais mais da metade se aproxima da aposentadoria, com mais de 15 anos de uso.

Na Argentina, no Japão e nos Estados Unidos, por exempolo, o índice de reciclagem varia de 80% a 95%. Na Dinamarca, Suécia e Noruega, é de 100%.

“O Brasil precisa criar um modelo viável para retirar de circulação os veículos sem condições de rodar em centros urbanos e nas estradas”, afirma Eduardo Santos, consultor e coordenador técnico da Ilha de Reciclagem Automotiva, empresa especializada no setor.

“Para que isso ocorra, o governo deveria criar um sistema inteligente de incentivos, de modo que um veículo sem condições de circular com segurança seja retirado das ruas e destinado corretamente para a reciclagem.”

A regulamentação para desmontagem e utilização das peças de reúso de origem lícita seria um motor para a economia nacional, segundo a Associação Nacional dos Remanufaturados de Auto Peças (Anrap).

Discretamente, algumas iniciativas já começam a surgir nesse sentido. O mercado de seguros, por exemplo, já oferece apólices mais baratas, desde que autorizado o uso de peças procedentes de empresas registradas no Detran.

Além do incentivo financeiro, é uma oportunidade para inclusão securitária. Apenas 30% da frota brasileira é segurada. “Estamos numa época em que se fala muito em reaproveitar, reduzir e reciclar, mas a indústria sabe onde ela tem poder para fazer a diferença, diante a um mercado cada vez mais consumidor e preocupado com a poluição, resíduos, reciclagem e tudo que possa melhorar a qualidade de vida e gerar renda”, acrescenta Santos.

A Renova Ecopeças, vinculada ao Grupo Porto Seguro, executa o desmonte dos veículos irrecuperáveis que aparecem na seguradora. O procedimento – feito em sete fases – dura três horas, em média.

Os trabalhos vão da análise completa da documentação do veículo até a descontaminação, destinação ambiental responsável dos resíduos potencialmente lesivos à natureza, separação das peças e aplicação do rastreamento indispensável à revenda.

São detalhes que mostram a procedência dos itens a serem resgatados na operação de reciclagem. O preço de repasse atinge a um quinto do valor de uma peça nova. Plásticos, vidros, pneus e metais, que correspondem a 10% de um veículo, também podem ser reciclados, o que reduz a emissão de gases de efeito estufa e o consumo de recursos naturais para fabricação de outros bens.

DEBATE Precisamos unir as forças desses setores para um debate conciso e relevante junto aos políticos, para estimular essa prática cada vez mais, pois é benefício para todos – geração de impostos (com incentivos fiscais), sustentabilidade, redução de custos e opção por peça mais acessível.

O setor de remanufaturados vem, por meio da Anrap, batalhando há anos junto aos governos em busca de incentivos fiscais para o desenvolvimento do setor.

O gradativo aumento da velha frota nacional recomenda urgentes medidas quanto à destinação correta, racional e aproveitável dos estragos provocados.

A chamada sucata automotiva não sugere unicamente benefícios financeiros, mas, reciclada, proporciona proteção ambiental. Os estudos comprovam que um carro devidamente reciclado corresponde a 3,7 quilos a menos de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera.

É que, durante o desmonte, fluídos e outros itens danificados obtêm destinação ambientalmente correta. O processo diminui os riscos de contaminação do solo e da água. Além disso, elimina o problema do abandono, que representa ameaça à saúde pública, pela proliferação de algumas doenças, como a dengue. Carros degradados ou expostos ao tempo podem virar criadouros de mosquitos até mortais.


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