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Estado de Minas ENTREVISTA/ FEDERICO VEGA

Uber dos caminhões faz rota dos unicórnios; vale quase US$ 1 bi

Fundada há três anos, empresa brasileira de tecnologia CargoX, especializada no serviço de fretes, está prestes a atingir a marca de US$ 1 bilhão em valor de mercado


postado em 27/03/2019 06:00 / atualizado em 27/03/2019 08:34

"O Brasil tem um dos maiores e mais complexos mercados rodoviários do mundo. Acreditamos que o mercado é suficientemente grande para criar empresas bilionárias" (foto: CargoX/Divulgação )

São Paulo – Fundador e presidente da empresa de tecnologia CargoX, mais conhecida no mercado brasileiro como a “Uber dos caminhões”, o argentino Federico Vega, de 37 anos, comanda uma gigante que está prestes a se tornar a próxima unicórnio brasileira (expressão utilizada para definir startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão).

A companhia chegou a ser citada em uma lista da consultoria especializada CB Insights, publicada no The New York Times, sobre potenciais unicórnios deste ano, e também foi apontada como uma das mais inovadoras do mundo na área de transportes.

“Estamos trabalhando com afinco para que tecnologias como machine learning, oferecidas pela CargoX, proporcionem benefícios aos caminhoneiros autônomos do Brasil”, disse Vega aos Diários Associados. Nascido na Patagônia, Vega sofreu para fazer a startup engrenar. Antes de emplacar o negócio, ouviu negativas de mais de 100 investidores.

Como bom empreendedor, porém, não deixou que as portas fechadas diminuíssem sua confiança no projeto. Em 2016, depois de uma carreira bem-sucedida no banco americano JP Morgan, montou a CargoX com a proposta de conectar empresas que precisassem de transporte de cargas a motoristas autônomos. Sua obstinação valeu a pena, como mostra a entrevista a seguir.

Como tem sido a aceitação das empresas pelo modelo de negócio da CargoX, que ficou conhecida como a Uber dos caminhões?
A aceitação do nosso modelo de negócio é muito boa por entregar uma solução que os embarcadores, as empresas que precisam transportar seus produtos, e caminhoneiros autônomos precisam. O negócio cresceu muito nos últimos dois anos em razão do potencial do mercado brasileiro. O embarcador reduz o custo de movimentar cargas e diminui a sua ociosidade. Ao mesmo tempo, conseguimos trazer tecnologias de primeira geração para eles. Fundamos a empresa em 2016 e, hoje, já temos mais de 350 mil caminhoneiros e 8 mil empresas embarcadoras de mercadorias em nossa plataforma.

Houve resistência, assim como há com a Uber, ainda contestada em alguns países?
Não, pois temos um modelo de negócio diferente da Uber e enfrentamos barreiras regulatórias diferentes. O sistema de negócio CargoX tem como objetivo agregar valor aos caminhoneiros autônomos, pequenos transportadores, chamados de ETCs, e clientes com necessidade de movimentação de cargas, os embarcadores. No entanto, existem desafios inerentes ao processo de digitalização de um meio tão off-line.

Quais são os obstáculos para a popularização desse modelo de negócios no Brasil?
Existem muitas empresas de transportes e caminhoneiros que ainda não usam tecnologia para encontrar ou distribuir cargas. No Brasil, a maioria das transações no mercado de logística acontecem off-line, enquanto em diferentes países como a China e os Estados Unidos o mercado já funciona on-line. Esse pode ser considerado o maior obstáculo em nosso país.  

"Utilizando diferentes tecnologias, conseguimos aproveitar a capacidade ociosa dos caminhoneiros autônomos e pequenos frotistas"



Para criar a empresa, foi necessário estudar o mercado, certo? Como se deu esse processo?
Fiz isso pessoalmente. Dormia nas paradas de caminhoneiros, no lugar mais seguro que encontrava para passar a noite. Comecei a conhecer um pouco de como funciona o mercado de transporte de cargas, com todas as suas complexidades e problemas, como a infraestrutura ruim e roubo de cargas. Ali eu vi que existia uma oportunidade no mercado brasileiro de transporte rodoviário de cargas, e era muito maior do que eu imaginava.

Qual é o potencial de expansão para os próximos anos, considerando que o Brasil continuará tendo o modal rodoviário como o principal na matriz logística ainda por muitas décadas?
O Brasil tem um dos maiores e mais complexos mercados rodoviários do mundo. Acreditamos que o mercado brasileiro é suficientemente grande para criar empresas bilionárias. No entanto, não descartamos uma estratégia de expansão internacional em nível mundial nos próximos anos. Estamos trabalhando com afinco para que tecnologias como machine learning, oferecidas pela CargoX, ofereçam benefícios aos caminhoneiros autônomos do Brasil. Expandir o negócio nos ajuda a fazer cada vez mais por esta parcela da população ainda pouco valorizada.

A CargoX é apontada como a próxima unicórnio brasileira. Quando e como isso irá ocorrer?
Se a empresa criar produtos, fornecer serviços que os clientes precisam e cobrar um preço razoável, é natural esperar um crescimento agressivo da receita. A CargoX, além de oferecer soluções que os clientes e transportadores precisam, opera num mercado gigantesco e com um modelo de alta escalabilidade. Isso explica o potencial de virar um unicórnio. O nosso grande propósito aqui é fazer a indústria de transportes de cargas mais eficiente no Brasil e na América Latina. Como empreendedor, o que me inspira são as pessoas que trabalham comigo. No futuro, quando a empresa for bem grande, meu sonho é vê-las com muito sucesso em suas carreiras.

Quanto foi investido até agora e quanto será nos próximos anos?
Até o momento foram 95 milhões de dólares. No entanto, se for preciso mais recursos financeiros, a empresa não descarta a hipótese de captar mais financiamento nos mercados internacionais.  

"Dormia nas paradas de caminhoneiros, no lugar mais seguro que encontrava para passar a noite. Comecei a conhecer um pouco de como funciona o mercado de transporte de cargas"



Das empresas que a CargoX hoje atende, como Votorantim, Ambev e Unilever, qual está demandando mais serviços?
A CargoX tem milhares de clientes corporativos, transportadores ETC, que são empresas transportadoras de cargas, e autônomos. Todos eles demandam diferentes serviços. A nossa vantagem é poder adequar e alocar esforços com uso de tecnologia para escalabilidade.

Existe algum setor da economia que está demandando mais serviços da CargoX?
A CargoX possui grande versatilidade nos produtos transportados, como, por exemplo, insumos do agronegócio, bebidas, embalagens, matérias-primas para a indústria e muito mais.

Quais são as tecnologias que a CargoX hoje utiliza de forma inédita em seu modelo de operação?
Hoje nosso maior foco é na tecnologia de inteligência artificial e machine learning para otimização de fretes e diminuição do tempo ocioso do transportador. 

"No Brasil, a maioria das transações no mercado de logística acontecem off-line, enquanto na China e nos Estados Unidos já funciona on-line. Esse pode ser considerado o maior obstáculo"



A CargoX se considera uma empresa de tecnologia voltada ao transporte ou uma plataforma de transporte que utiliza mais tecnologia em sua operação?
A CargoX é uma empresa de tecnologia que tem um ecossistema de transporte que fornece tecnologia para empresas de transporte ETCs (empresas transportadoras de cargas) e embarcadores. Utilizando diferentes tecnologias, conseguimos aproveitar a capacidade ociosa dos caminhoneiros autônomos e pequenos frotistas, fornecendo cargas em todo momento para aumentar suas receitas ao final do mês.
Há a expectativa de que, assim como a Uber, comece a surgir uma concorrência mais acirrada no segmento?
Sim. Isso é natural e não nos preocupa. Quando o negócio dá certo, é natural que outras empresas copiem o nosso modelo. 

Existem empecilhos legais e burocráticos para a popularização do serviço?
O mercado logístico é muito complexo, mas não existem burocracias que não possam ser resolvidas. A complexidade do Brasil e a indústria são nossos aliados, quando conseguimos navegar bem entre estas dificuldades.


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