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Estado de Minas MERCADO DE AÇÕES

Empresa quer popularizar investimentos na Bolsa

Criada por cinco graduandos do Ibmec de BH, corretora pretende simplificar aplicações em ações para milhões de brasileiros que não dispõem de muitos recursos para investir


postado em 25/10/2018 06:00 / atualizado em 25/10/2018 08:20

Gabriel Kallas, um dos sócios-fundadores da Toro: de olho em nsicho do mercado ainda pouco explorado e sem assessoria adequada(foto: Divulgação)
Gabriel Kallas, um dos sócios-fundadores da Toro: de olho em nsicho do mercado ainda pouco explorado e sem assessoria adequada (foto: Divulgação)

São Paulo – Uma nova corretora chegou ao mercado mirando um nicho que julga ainda pouco explorado por XP e similares: os milhões de brasileiros que não têm cacife para ser atendidos de forma personalizada por assessores de investimento.

Fundada por cinco graduandos do Ibmec de Belo Horizonte, a Toro Investimentos quer escalar um modelo de assessoria financeira baseado em vídeos educativos e numa tecnologia mais amigável para quem não tem um agente autônomo para chamar de seu (tipicamente, pessoas com menos de R$ 300 mil para investir.)

A proposta de monetização? “Win-win” (ou ganha-ganha, em bom português). Se seguir as recomendações da casa, o cliente só paga corretagem se tiver lucro. A Toro fica com 10% do ganho de cada operação.

“Os supermercados financeiros trouxeram uma liberdade de investimento que não existia nos bancos, mas com essa liberdade veio com muita complexidade”, diz Gabriel Kallas, um dos sócios-fundadores. “A XP tem um modelo simples e muito bem-sucedido, que é o modelo do assessor, que supera essa barreira da complexidade com educação, com a conversa cara a cara, por telefone, tomando cafezinho.”

O problema, diz ele, é que ainda há um exército de potenciais investidores que não contam com a ajuda do assessor. Levantamento feito pela Toro cruzando dados da Receita Federal com os da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capital) mostra que cerca de 70% da poupança brasileira está nas mãos de pessoas que têm menos de R$ 140 mil para investir.

Assim como a XP, a Toro também nasceu de uma iniciativa de educação financeira – neste caso, on-line. Desde 2010, o Toro Radar oferece cursos e relatórios sobre Bolsa, do básico a operações mais sofisticadas, cobrando uma mensalidade por isso. Ao todo, mais de um 1 milhão de pessoas já se cadastraram na plataforma.

Dois anos depois, o Toro Radar começou a oferecer corretagem, mas usando a plataforma tecnológica da XP, que se apropriava da maior parte dos ganhos das transações. Foi quando os sócios da Toro perceberam que estavam deixando dinheiro na mesa – e que muitos investidores menos sofisticados simplesmente não entendiam direito como mexer num homebroker.

Em vez de comprar uma corretora já existente, decidiram abrir uma do zero. Um aporte de R$ 66 milhões, liderado por três fundadores da Localiza – Eugênio Mattar e os irmãos Flávio e Antônio Cláudio Brandão Resende –, financiou a empreitada. Os investidores ficaram com um terço da companhia (a Araújo Fontes, que assessorou a Toro na captação, também entrou como sócia, assim como Fernando Sette, do Azevedo Sette, que assessorou os investidores).

A Toro Investimentos vem operando desde julho. Sua campanha na TV promete: “Mais rentável que os bancos, mais fácil que as corretoras”. O desafio é claro: num mercado em que todos querem ser XP, até que ponto a tecnologia, por mais intuitiva que seja, pode romper a barreira da educação financeira?

Na prática, o que a Toro faz é trazer várias pequenas inovações que facilitam a vida do usuário. No homebroker, em vez de garantias, alavancagem, objetivos e outros jargões familiares, apenas as mesas de operações, o site da Toro pergunta ao investidor apenas quanto ele quer ganhar e quanto aceita perder em cada transação. O sistema calcula todo o resto.

Na renda fixa, CDBs, LCIs, LCAs e outros títulos são disponibilizados numa ferramenta semelhante aos sites que buscam hotéis e passagens áreas, permitindo comparar taxas, tributações e rentabilidades para cada perfil de cliente, que são visualizados simultaneamente. Parte da receita vem do fee que a Toro ganha das instituições por oferecer seus produtos. Segundo Kallas, sem o agente autônomo no meio, a Toro consegue cobrar taxas menores.

A plataforma conta ainda com um marketplace inédito de títulos de renda fixa para quem precisa sair do papel antes do vencimento. Nas grandes corretoras, isso é feito contra a mesa de operação, usando o dinheiro da tesouraria. Na Toro, será uma transação peer-to-peer, ou seja, em que um cliente dá liquidez ao outro. A corretora fica com um fee por transação.

Do lado educacional, os clientes têm acesso a cerca de 150 vídeos, nos quais o próprio Kallas conduz a experiência. Um algoritmo indica os melhores produtos de acordo com o perfil. Por enquanto, a plataforma ainda não oferece fundos de investimento.

Em parte, a Toro se inspira no modelo da RobinHood, uma corretora americana fundada há apenas cinco anos e que já vale US$ 5,6 bilhões. A RobinHood viralizou ao oferecer negociação de ações em bolsa de graça, num aplicativo intuitivo que atraiu os investidores mais jovens e sensíveis a preço. Saiu de 2 milhões para 4 milhões de contas neste ano. No Brasil, a popularização da bolsa ainda tem chão. De acordo com dados da B3, hoje, apenas 740 mil CPFs estão cadastrados para investir em ações.


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