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Estado de Minas

Cautela é melhor receita para investidores durante as eleições

Pequeno investidor deve priorizar investimentos menos arriscados e que não são taxados ou enfrentam menor tributação, enquanto persiste o cenário de indefinições na política


postado em 14/10/2018 06:00 / atualizado em 14/10/2018 09:28

(foto: Lelis)
(foto: Lelis)

 

Ano eleitoral pressupõe certa insegurança no mercado financeiro. Quanto mais se aproxima a definição de qual modelo econômico conduzirá o país, as recomendações de cautela ao investidor, tanto nacional quanto estrangeiro, são mais incisivas. Fazem parte do jogo as previsíveis turbulências, e elas tendem a ser mais acirradas quando as propostas de governo que chegam à reta final parecem antagônicas. Contudo, também há quem faça previsões otimistas e de bonança depois da tempestuosa campanha do segundo turno das eleições presidenciais.


Para os investidores, pequenos ou grandes, o momento é de cautela e de estudar onde aplicar seu dinheiro, talvez priorizando os investimentos de renda fixa e evitando os de alto risco como as ações negociadas em bolsa ou dólar. O presidente eleito ainda deverá compor seu governo com diversas forças políticas, seguindo a interesses variados de grupos econômicos e políticos presentes no Congresso. Enquanto isso, ainda haverá oscilações na bolsa e em fundos cambiais atrelados à moeda norte-americana, por exemplo.


“É evidente que se deve investir com cuidado, em empresas positivas e vejo no setor de alimentação uma boa opção. Para os pequenos investidores, sempre gostei de indicar a poupança, rende pouco mas não paga imposto e tem garantia. Mas há outros investimentos também mais seguros como letras de créditos imobiliários ou agrícolas que não pagam Imposto de Renda, podendo-se fazer um mix e aplicar no Tesouro Nacional, em títulos indexados pela correção do IPCA (índice oficial da inflação)”, recomenda Miguel Daoud, analista econômico e financeiro da Global Financial Advisor.


O especialista alerta que é preciso de muito cuidado com investimento em fundos porque a comissão cobrada pelos bancos “está fora da realidade, vai a 2,5% e em algumas instituições, 1,5% ao ano. O investidor ganha 6% e paga um terço de comissão do banco. Ideal são títulos de maior rentabilidade”, diz.


Na perspectiva de aumento do consumo, o analista acredita que os melhores investimentos podem estar em setores de varejo e imobiliário. “O importante é entender que não é comprar uma ação ou investir em determinado segmento agora que vai significar que começará a ganhar dinheiro na semana seguinte. O avião está pousado, mas ainda enfrenta turbulência”, adverte.


No governo Dilma (PT), o mercado chegou ao fundo do poço, mas foi no de Michel Temer (MDB) que se descobriu que havia um “volume morto no subsolo do fundo do posso”, o que acabou deprimindo a economia “jogando o Brasil em um dos piores momentos de crescimento dos últimos cem anos”, opina Miguel Daoud. Ele acredita que, diante da renovação política mostrada nessas eleições, seja ela qual for o presidente, 2019 será o momento de retomar o crescimento, uma vez que as posições já estarão mais definidas.


“Qualquer uma das propostas deverá trazer expectativas positivas pois vai mexer com o consumo, pode começar por aumentar o emprego e tudo isso acaba afetando a economia. Meu otimismo é em relação ao nível muito baixo no qual se encontra atualmente economia. Teremos um cenário otimista”, diz Daoud.

Desconforto Pedro Galdi analista de investimento da Mirai Corretora, diz que houve um momento de transição de um governo (Dilma) que já não tinha força para implementar reformas necessárias para retomada da economia saindo da crise feroz de 2015 e 16 e o atual (Temer) que não encontrou apoio para além de uma tímida recuperação. “Esperamos que o novo governo possa fazer mais. O cenário está traçado e se não houver reforma o mercado estagna”.


Galdi vê o futuro com otimismo tanto do ponto de vista interno quanto externo. Para ele, enquanto permanecer o debate e até se chegar aos resultados no dia 28, os mercados ficam voláteis: bolsa, dólar, juros. Ele aponta também influências externas, “um período de furacões no hemisfério Norte, que afeta o mercado de petróleo. A guerra comercial com a China, ou seja, limitadores que impactam na economia como um todo provocando certo desconforto no investidor.


Para o professor de Economia Paulo Vieira, a economia é uma ciência humana sujeita a incertezas, medos, expectativas e, dessa forma, acompanha o desenrolar de cada candidatura e os prováveis antagonismos de suas propostas. De acordo com o professor, um candidato, representante do neoliberalismo, se apresenta um liberal em tese. “Ele é militar e militares, em tese, são nacionalistas e estatizantes”.


O economista escolhido por Bolsonaro (um neoliberal) pode ser fruto de uma composição de forma a atender a todos os segmentos, acredita. “Mas no final, quem mada é o presidente”. Vieira adverte que os discursos de campanha e de quando se chega ao poder nem sempre se complementam. “O máximo que o candidato pode fazer é propor, implementar é outra história, envolve entendimentos com forças políticas e econômicas as mais diversas”. O discurso de Bolsonaro agrada mais ao mercado que o do PT, que é estatizante. “O exemplo é que nas últimas pesquisas já amenizou o discurso sobre estatização e o mercado pôs um pé atrás”. Independente de quem sair vencedor ainda haverá um longo percurso de rearranjos políticos.

As recomendações


O que dizem os analistas de investimentos

» Estude onde aplicar o dinheiro, dando prioridade a investimentos de menor risco
» Opções para os pequenos investidores passam por aplicações que podem render pouco, mas não pagam imposto
» Alternativa de investimento que têm garantia, a poupança também pode ser o melhor
» Cuidado com investimentos em fundos, cujas comissões cobradas pelos bancos podem ser muito altas

 


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