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Estado de Minas GRANDES EMPRESAS

Ensaio de gigantes: fusões e aquisições ficam para 2019

À espera de maior previsibilidade, empresas adiam planos para crescer com associações ou compra de ativos. Houve poucas transações e de grandes empresas, com retração de 34%


postado em 05/10/2018 06:00 / atualizado em 05/10/2018 08:34

Lavoura de eucalipto da Fibria, que protagonizou operação de destaque ao adquirir a Suzano Celulose, formando empresa de R$ 84 bilhões(foto: Fibria/Divulgação 2/2/18)
Lavoura de eucalipto da Fibria, que protagonizou operação de destaque ao adquirir a Suzano Celulose, formando empresa de R$ 84 bilhões (foto: Fibria/Divulgação 2/2/18)

São Paulo – Havia tudo para ser um ano de intensa movimentação no mercado de fusões e aquisições. A compra da Fibria pela Suzano Papel e Celulose, que formou uma gigante de R$ 84 bilhões em valor de mercado, a incorporação da Somos Educação pela Kroton, por R$ 4,5 bilhões, e venda da Eletropaulo para a Enel, por R$ 5,5 bilhões, criaram falsa sensação de que 2018 seria o ano das grandes consolidações. Não foi.

De acordo com um estudo realizado pela consultoria Thomson Reuters Deals Intelligence, as fusões e aquisições internas – feitas entre empresas brasileiras – acumulam forte queda, com retração de 34% para 2018, somando 142 transações e US$ 18,4 bilhões movimentados. Trata-se do menor patamar em fusões e aquisições internas desde 2006. No geral, considerando-se negócios entre empresas locais e estrangeiras, a queda atingiu 27% quando comparada aos oito primeiros meses de 2017, no período de janeiro a agosto.

“A crise avançou sobre a economia e fez com que as aquisições de grande porte se retraíssem”, diz o economista José Leonelio, gerente de soluções de risco da Thomson Reuters. “Nem mesmo a forte valorização do dólar frente ao real neste ano, que fez com que as empresas brasileiras ficassem mais baratas, mudou esse cenário.”

Parte dessa retração se explica pelas incertezas geradas pelas eleições na economia brasileira, mas também reflete um movimento quase generalizado no mundo. No terceiro trimestre, houve queda de 38% das fusões e adquisições na região Ásia-Pacífico e de 14% na Europa. “O mercado asiático, principalmente, tem sido muito afetado pela guerra comercial travada entre Estados Unidos e China”, diz o economista e professor de relações internacional da Fesp-SP, Ivan Campos.
No caso do Brasil, sob qualquer base de comparação, o resultado é negativo. No acumulado do ano até o fim de agosto, as operações de fusões e aquisições de empresas brasileiras por estrangeiras registraram recuo de 11%, totalizando 121 transações, que movimentaram US$ 12,6 bilhões.

Já as operações em que companhias nacionais compraram ou se fundiram a empresas estrangeiras registraram queda de 62% se comparadas aos dois primeiros quadrimestres de 2017, atingindo o menor volume em 15 anos. “Embora a queda tenha sido acentuada na comparação ano a ano, o Brasil acumula US$ 31 bilhões em operações de fusão e aquisição nos primeiros oito meses deste ano, uma cifra acima da média para o período nos últimos cinco anos, que é de US$ 28 bilhões”, afirmou Leonelio. A média dos últimos 10 anos, no entanto, é de US$ 36,9 bilhões por ano entre janeiro e agosto, indicando enfraquecimento desse processo.

Os cálculos realizados pela Thomson Reuters retratam a relação entre os volumes de fusões e aquisições e os mandatos presidenciais de cada período desde 1995. O momento de maior movimentação ocorreu no último mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De 2008 a 2010, foram contabilizados mais de US$ 300 bilhões em fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras.

A partir do início do primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, os gráficos apontam quedas constantes, partindo de um volume de mais de US$ 70 bilhões em 2011 para menos de US$ 40 bilhões em 2015. Nos dois primeiros anos de gestão do presidente Michel Temer, registrou-se crescimento e, agora, há um novo movimento de queda. “Os gráficos sugerem que esse mercado, assim como tantos outros, reage aos momentos de estabilidade política no país e também aos momentos de maior incerteza”, disse Leonelio.

Na contramão

Em sentido contrário, o volume movimentado por aquisições de empresas brasileiras por companhias dos Estados Unidos e da Itália cresceu. Liderado pela negociação entre Boeing e Embraer, o volume movimentado em negociações de companhias americanas adquirindo empresas do Brasil cresceu de US$ 1,29 bilhão, nos primeiros oito meses do ano passado, para US$ 4,24 bilhões no mesmo período deste ano, avanço de 229%.

A aquisição de 70% da Eletropaulo pela italiana Enel também foi fator fundamental para puxar para cima as cifras envolvendo aquisições de empresas brasileiras. O volume total de transações entre companhias italianas e brasileiras passou de US$ 184 milhões, no período de janeiro e agosto de 2017, para US$ 3,27 bilhões neste ano, expansão de 1.680%.


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