
O investimento para a compra de 4% da empresa ficou em torno de US$ 360 milhões, sendo que a companhia indiana foi avaliada em US$ 10 bilhões. A notícia foi dada em primeira mão pelo jornal indiano Economic Times, que destacou com orgulho o fato de uma empresa local atrair um investidor do porte de Buffett. Ele, afinal, não costuma errar em seu faro para bons negócios. Ao fazer um aporte desse tipo, o americano dá uma espécie de chancela para que outros investidores também possam apostar na empresa. Depois da publicação no jornal, a Berkshire confirmou a operação, mas não os valores envolvidos.
Fundada em 2010 pelo bilionário Vijay Shekhar Sharma, considerado um gênio da tecnologia digital e famoso por algumas excentricidades (como acordar às 3h para trabalhar), a Paytm já tem investidores de peso como o japonês SoftBank – que investiu US$ 1,4 bilhão na holding ano passado – e a chinesa Alibaba, a maior empresa de e-commerce do mundo. O que torna a indiana Paytm atraente é o fato de a empresa oferecer um sistema de pagamentos para o e-commerce e uma carteira digital para transações no mundo físico – modelo bastante parecido com o do Alibaba e do Alipay, dois casos irrefutáveis de sucesso.
Ao que parece, a Paytm seguirá pelo mesmo caminho. Desde a sua fundação, o crescimento da empresa foi estrondoso: são 250 milhões de usuários registrados e 7 milhões de transações processadas por dia. Desde 2016, a empresa vê o número de usuários avançar a uma taxa média de 20% ao ano, o que faz supor que em breve ela vai ultrapassar a marca de 300 milhões de clientes ativos.
A Paytm também está investindo para aprofundar seu ecossistema de negócios: no ano passado, lançou um marketplace (o Paytm Mall) para competir com a Amazon e com a conterrânea Flipkart (comprada pelo Walmart no início deste ano), além de um banco digital, o Paytm Payments Bank. Em abril, o Alibaba e o Softbank injetaram US$ 445 milhões no Paytm Mall, dando ao marketplace um valuation de quase US$ 2 bilhões.
Nos negócios, uma boa dose de sorte também costuma fazer a diferença. Foi o que aconteceu com a Paytm. Em novembro de 2016, o governo da Índia decidiu recolher as notas de 500 e mil rúpias, cortando 86% de todo o meio circulante. A ideia era combater a corrupção e o mercado negro, que tinham boa parte de seu movimento sustentada por essas cédulas.
A inesperada iniciativa do governo indiano criou um terreno fértil para o crescimento de alternativas digitais de pagamento, como as oferecidas pela Paytm. A empresa aliou a competência ao senso de oportunidade e nadou de braçada diante do novo mundo que se abria. Com uma ampla campanha publicitária, focada principalmente nas regiões rurais do país – sempre esquecidas pelas instituições tradicionais –, a empresa conseguiu dobrar suas transações diárias em poucos dias. “Do dia para a noite, passamos de algo novo para uma necessidade para a sociedade”, disse Vijay Sharma, o fundador da companhia, em rara entrevista concedida à Bloomberg.
As perspectivas para a empresa são animadoras. Segundo o Credit Suisse, a indústria indiana de pagamentos digitais deve quintuplicar seu faturamento até 2023, quando poderá atingir a marca de US$ 1 trilhão por ano em negócios realizados. Se isso de fato acontecer – e é bem provável que acontecerá – Buffett terá mais uma vez acertado em cheio.
O que é a Paytm
Ramo: maior plataforma de pagamentos digitais da Índia
Valor de mercado: US$ 10 bilhões
Número de usuários: 250 milhões
Número de transações por dia: 7 milhões
Fundador: Vijay Shekhar Sharma, dono de fortuna estimada em
US$ 1,3 bilhão, o que faz dele o mais jovem bilionário da Índia
Quanto Buffett investiu no negócio: US$ 360 milhões
