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Estado de Minas

Empresas não veem perspectiva de melhora

Falta de confiança dos empresários do setor e alta no custo da construção (CUB/m²) em Minas são intensificadas em junho


postado em 15/07/2018 06:00 / atualizado em 15/07/2018 09:23

Aumento expressivo no custo com materiais, pode refletir no preço dos imóveis. Em BH e Nova Lima, o estoque disponível para venda em abril atingiu um dos menores patamares (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)
Aumento expressivo no custo com materiais, pode refletir no preço dos imóveis. Em BH e Nova Lima, o estoque disponível para venda em abril atingiu um dos menores patamares (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press)

O mercado imobiliário vivencia e ainda deve sentir por algum tempo resquícios da crise econômica pela qual o país está passando. Estudos recentes elaborados pela Gerência de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), revelam queda da confiança dos empresários e aumento do custo de construção no setor no mês de junho.

O Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m² – projeto-padrão R8-N) aumentou 0,49% em junho, a segunda maior alta do ano, ficando atrás somente da elevação observada em abril/18 (1,45%). “O CUB/m² é um importante indicador de custos do setor e acompanha a evolução do preço de material de construção, mão de obra, despesa administrativa e aluguel de equipamento. O resultado de junho é justificado pela alta de 1,22% no custo com materiais de construção. A alta observada no custo com materiais de construção foi a maior desde outubro/2008”, explica o economista.

Na composição do CUB/m² (projeto-padrão R8-N) a mão de obra representou, em junho, 55,92% do custo, os materiais de construção responderam por 39,82% e as despesas administrativas/aluguel de equipamentos foram responsáveis por 4,26%. O custo do metro quadrado de construção em Belo Horizonte, para o projeto-padrão R8-N (residência multifamiliar, padrão normal, com garagem, pilotis, oito pavimentos-tipo e três quartos), que em maio/18 era R$1.360,82, passou para R$1.367,48 em junho/18.

Para o coordenador sindical do Sinduscon-MG, o aumento expressivo que está sendo observado no custo com materiais de construção pode refletir no preço dos imóveis. “Com o baixo patamar de estoque de novas unidades disponíveis para comercialização, a pressão exercida nos custos tende a influenciar diretamente o preço dos imóveis. Conforme a pesquisa realizada pela Brain Consultoria para o Sinduscon-MG, em Belo Horizonte e Nova Lima, o estoque disponível para venda em abril/18 era de 3.912 unidades residenciais novas, um dos menores patamares da série histórica da pesquisa, iniciada em 2015”, destaca o coordenador.

O Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção de Minas Gerais (Iceicon-MG) caiu pelo quarto mês consecutivo, saindo de 46 pontos em maio para 43,1 em junho, marcando o pior nível dos últimos 11 meses. Pela terceira vez seguida, o Iceicon-MG manteve-se abaixo da linha de 50 pontos, indicando falta de confiança dos empresários da construção mineira. “Se, no início do ano, as expectativas eram de um cenário tímido, houve uma mudança significativa do cenário e isso refletiu no índice de confiança”, pontua o economista.

retração O indicador de nível de atividade em relação ao usual registrou, mais uma vez, retração, e marcou o menor valor desde março de 2017. Todos os índices de expectativa pioraram em relação ao mês anterior e ficaram abaixo de 50 pontos, o que sinaliza perspectiva de retração da atividade, da compra de insumos e matérias-primas, dos novos empreendimentos e serviços e do número de empregados
O indicador foi 3,2 pontos inferior ao apurado em junho de 2017 e acumulou queda de 8,2 pontos no primeiro semestre de 2018. O Iceicon nacional também recuou em junho (48,2 pontos), frente a maio (53,8), e voltou a apontar falta de confiança dos empresários do setor no Brasil. “O indicador de expectativas sinaliza as perspectivas dos empresários para os próximos seis meses. O mercado imobiliário está em um ano, literalmente, decisivo com as eleições e os investidores esperam as novas diretrizes para saber o futuro de seus negócios. O setor está em um clima de desconfiança e incertezas do rumo que o novo governo seguirá, por isso o baixo ritmo”, configura Daniel Furletti

O índice de condições atuais, que mede a percepção dos empresários com relação à situação atual dos negócios, recuou 4,9 pontos na passagem de maio (41,9) para junho (37). “Vale ressaltar que essa foi a maior queda mensal do indicador em quase quatro anos. O resultado foi 3,1 pontos inferior ao registrado em junho do ano passado, e o pior desde janeiro de 2017 (35,3 pontos). O índice encontra-se abaixo de 50 pontos desde novembro de 2012”, conta Furletti.

MOTIVAÇÕES De acordo com o economista e coordenador sindical do Sinduscon-MG Daniel Furletti, as pesquisas são um reflexo das apreensões com o futuro da economia nacional. “A incerteza eleitoral, a mudança do cenário externo, o baixo ritmo de recuperação da atividade econômica, a greve dos caminhoneiros e as suas consequências e a queda da confiança, além de gerar incertezas nas projeções de novos investimentos, provoca dúvida sobre o fortalecimento do desenvolvimento do país, reduzindo cada vez mais as chances de crescimento do setor. Após quatro anos consecutivos de queda, o crescimento projetado para o setor, em 2018, é de apenas 0,5%”, ressalta.

De um modo geral todas essas situações refletem em todas as expectativas do mercado. Houve uma leve recuperação e uma animação entre os empresários, mas não se consolidou. “Hoje em dia, os empreendedores falam que há um desconforto com o presente e desconfiança com o futuro”, finaliza.

* Estagiário sob a supervisão da editora Teresa Caram


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